Honda Fit, o rei da modularidade, dará mesmo adeus ao Brasil após 18 anos

Monovolume virou referência de carro com boas sacadas e ótimo aproveitamento de espaço, mas se despede para dar lugar ao City hatch
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16.11.2021 às 21:24 • Atualizado em 29.05.2024
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Monovolume virou referência de carro com boas sacadas e ótimo aproveitamento de espaço, mas se despede para dar lugar ao City hatch

Faz quase um ano que a Mobiauto cravou, em primeira mão, que o inédito Honda City hatch, variante hatchback da nova geração do Honda City sedan, estava a caminho não para conviver, mas sim para substituir o Fit em nosso mercado.

Na semana passada, durante uma prévia com alguns jornalistas do setor para o lançamento da nova família City, que acontecerá no próximo dia 23, a fabricante confirmou que a produção do monovolume será mesmo encerrada no país até dezembro deste ano, junto com a do Civic.

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Porém, o Civic terá sobrevida em sua 11ª geração, voltando ao Brasil no segundo semestre de 2022 como importado e, provavelmente, híbrido – outra informação que a Mobiauto antecipou em primeira mão. Segundo a Quatro Rodas, ele usará o  mesmo propulsor 2.0 de ciclo Atkinson alternado com outro elétrico do Accord, em um sistema conhecido como e:HEV.

Já o Fit terá como destino a morte. Para homenagear um modelo responsável por mais de 700.000 unidades produzidas no país e 600.000 unidades comercializadas ao longo de 18 anos e três gerações de história – números menores apenas do que os do Civic –, preparamos um resumo de sua trajetória em nosso país.

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Alinhamento global e primeira geração

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Uma das características mais positivas do Fit nacional foi o fato de sempre estar alinhado a outros mercados globais, pelo menos do ponto de vista de plataforma e carroceria. Havia, claro, “tropicalizações”, como a adoção de motorizações, tecnologias e ajustes de suspensão específicos para nosso mercado, mas nada que desabonasse o projeto.

O Fit foi lançado aqui em abril de 2003, como o segundo produto fabricado pela Honda em Sumaré (SP), ao lado do Civic. Trazia motor 1.4 i-DSI 8V a gasolina de 80 cv e já contava com um pacote de equipamentos de respeito para a época: airbags frontais, ar-condicionado, trio elétrico, volante e banco do motorista com ajuste de altura constavam na lista.

Desde o princípio, o modelo se notabilizou pelo apelo familiar, com grande aproveitamento de espaço, apesar do porte compacto. Os bancos modulares eram a cereja do bolo de um carro que também foi o primeiro nacional a ter câmbio CVT nas versões de topo.

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Faltou apenas a simulação de marchas, que já existia em outros mercados, mas seria ilusão acreditar que teríamos um carro tão completo quanto em outros países.

Dois anos mais tarde, com o primeiro facelift, o Fit ganhou uma nova versão de topo empurrada pelo motor 1.5 16V a gasolina, de 105 cv, dotado de comando variável inteligente de válvulas na admissão, o popular sistema VTEC. Ficou conhecido mais por sua boa eficiência em consumo do que pelo desempenho.

Passadas outras duas primaveras, o 1.4 8V passaria a ser flex, com a sacada de ter um bocal independente para preencher o reservatório de gasolina para partida a frio sem precisar abrir o capô. Só nesta primeira geração, o Fit foi responsável por mais de 200 mil unidades comercializadas no Brasil em cinco anos.

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New Fit - Uma geração cheia de boas sacadas

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Em 2008, mais uma vez seguindo o alinhamento global, a Honda apresentou a segunda geração do Fit nacional. Entre outras várias novidades, o monovolume incorporou uma configuração flex do motor 1.5 16V, rendendo 116 cv com gasolina e 115 cv com etanol, e trocou a caixa CVT pela automática com conversor de torque e cinco marchas.

Ainda, apresentou um painel com porta-luvas duplo e um porta-copos logo abaixo da saída de ar esquerda, o que, segundo a marca, ajudaria a manter a bebida refrigerada. Os bancos mantiveram o caráter modular de antes, porém com ajustes aprimorados. 

Com o crescimento das dimensões – 7 cm no comprimento e 5 cm no entre-eixos – mais a adoção de um tanque de combustível centralizado sob o banco traseiro, o espaço interno ficou ainda melhor, e o volume do porta-malas cresceu em 30 litros. O posicionamento inteligente do tanque, em específico, virou tendência até entre em marcas concorrentes.

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Outra sacada foi a inclusão de um bocal no para-lama dianteiro direito para abastecimento do reservatório de gasolina para partida a frio dos motores flex. A Honda ainda aproveitou o ensejo para, sobre a plataforma do Fit, lançar em 2009 o City, sedan que herdava do monovolume toda sua mecânica, embora com uma carroceria exclusiva. 

Porém, mesmo com a manutenção do sucesso – a fabricante vivia sua fase de ouro no Brasil, alavancada, pouco antes do novo Fit e do City, pelo icônico New Civic –, nem tudo foram flores para a segunda geração do monovolume. 

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A versão aventureira Twist, por exemplo, foi lançada em 2013, já após a reestilização de meia-vida aplicada um ano antes, mas não teve a aderência que a Honda esperava e sequer chegou a durar dois anos no catálogo.

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Terceira geração – pegada mais conservadora

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A terceira e última geração do Fit nacional foi lançada em 2014, mantendo o caráter de monovolume, porém com visual mais vincado e poluído. E sendo mais comedida nas inovações. O propulsor 1.5 16V i-VTEC seguiu em linha, porém agora dotado do sistema FlexOne de pré-aquecimento do combustível, que dispensa o tanquinho de partida a frio.

Já o câmbio CVT regressou à baila no lugar do pouco eficiente automático de cinco marchas, com direito até a simulação de sete marchas, a depender da versão. Com mais 3 cm de entre-eixos, o espaço interno ficou ainda mais generoso e o volume do bagageiro alcançou impressionantes 363 litros.

Monovolume virou referência de carro com boas sacadas e ótimo aproveitamento de espaço, mas se despede para dar lugar ao City hatch

A modularidade dos chamados “bancos mágicos” foi incrementada com a possibilidade de rebater totalmente os bancos dianteiros para trás, criando duas “camas” que se conectavam ao banco traseiro. Já o porta-copos do painel passou a ter diâmetro regulável, servindo também como porta-celular. 

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A última atualização do Fit nacional ocorreu em 2017, com inclusão de controle eletrônico de estabilidade, retoques visuais e adoção de para-choques mais proeminentes, o que aumentou seu comprimento em quase 10 cm. Com isso, a famosa e criticada exposição da tampa do porta-malas a “encostões” e amassados virou coisa do passado.

Pouco antes disso, a fabricante japonesa já havia lançado o WR-V, que aproveita boa parte da carroceria e toda a mecânica do Fit, porém com uma dianteira exclusiva, retoques na traseira e suspensões mais robustas e elevadas, para ser vendido (mais caro) como um SUV. 

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A receita foi muito criticada na época, mas foi seguida quase à risca pela Caoa Chery com o Tiggo 2 primeiro e, agora, o Tiggo 3X (ambos crias do Celer), pela Volkswagen com o Nivus (estrutura do Polo) e, mais recentemente, pela Fiat com o Pulse (que usa quase toda a “casca” do Argo).

Ironicamente, será o contestado WR-V o responsável por carregar o DNA e o legado do conceituado Fit por mais alguns anos em nosso mercado.

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