Avaliação: Honda Civic está ameaçado no Brasil, mas ainda é um carrão
O Honda Civic foi o segundo sedan médio mais vendido em 2020, ficando atrás apenas do Toyota Corolla, e o sétimo sedan mais vendido no ranking geral da categoria no período.
O três-volumes japonês chegou importado ao Brasil em 1992, mas começou a ser produzido no país em 1997. Em 2022, exatamente 30 anos depois de sua chegada, o modelo deixará de ser produzido nacionalmente e tem chance de ver sua 11ª geração, já apresentada nos EUA, não ser mais comercializada em nosso mercado.
Anuncie seu carro sem pagar na Mobiauto
Antes do possível adeus ser confirmado, passamos alguns dias rodando com o Honda Civic Touring de décima geração, ofertado por R$ 160.800, para ter mais um registro de como anda esse sedan, equipado exclusivamente nesta versão com motor 1.5 turbo a gasolina.
Avaliamos design, desempenho, consumo e itens de série do modelo, para te ajudar a decidir se, mesmo ameaçado de morte, o Civic ainda vale a pena.
Design
“Estética de carrão”, pode soar popularesco e até uma forma pouco ortodoxa de descrever o design do Honda Civic Touring. Mas é exatamente esse pensamento que muitos têm quando miram o sedan de origem japonesa.
As linhas do capô e o perfil largo e baixo deixam o modelo mais musculoso e antecipam a cavalaria generosa que se encontra por baixo do capô.
Ao analisar seu visual pela lateral, os traços são sofisticados e modernos, em especial o caimento da linha do teto, que traz um ar marcante de cupê. Mas são as lanternas traseiras as principais responsáveis pelo ar despojado e jovial do Honda Civic 10.
O design exterior é muito bem acertado, mesmo com a boa dose de arrojo trazida pela Honda. Tudo casa muito bem e passa um ar agradável de modernidade, apesar de a décima geração ter sido lançada no Brasil cinco anos atrás e passado apenas por um facelift muito sutil desde então.
Particularmente falando, o ápice do Civic está em seu interior. Ao se acomodar no banco do motorista, parece que o carro ganha ainda mais imponência. E o acabamento se mostra igualmente moderno e sofisticado, mais até que o da atual geração do Corolla, que chegou ao mercado três anos depois.
Os ajustes do banco dianteiro permitem ao motorista uma visão privilegiada do capô e nos deixam até com uma certa ansiedade para colocar à prova o que o Civic Touring entrega quando se pisa fundo no acelerador. Mas vamos falar disso daqui a pouco.
De volta ao habitáculo, já ouviu falar que os bancos dos carros da Honda são muito bem acertados e promovem um conforto que os diferencia da concorrência? Pois é, e são mesmo.
O painel também é muito característico da marca. Não é tão futurista quanto o exterior nem esbanja tecnologia, mas tem o que você precisa de uma forma prática e agradável aos olhos. Adjetivando novamente e pela última vez antes de encerrar este tópico, o Civic é sofisticado e sem frescura.
Desempenho
Não espere um sedan médio te fazer grudar as costas no banco ao pisar no acelerador, a não ser os de marca de luxo nas versões mais esportivas. Isso não quer dizer que a direção do Honda Civic não seja empolgante, pelo contrário.
O motor 1.5 turbo a gasolina de 173 cv e 22,4 kgfm de torque proporciona emoção suficiente, mas se mostra dócil controlar. Você sente o carro na mão, como um cavalo de corrida muito bem adestrado.
Mas existem alguns pontos altos no desempenho do Civic Touring, a começar pelas arrancadas. Como ele entrega o torque total em uma rotação muito baixa - 1.700 rpm -, de cara você sente que o carro tem força. Mesmo que a aceleração fique mais gradual depois, ele não perde o fôlego em nenhum momento.
Leia também: O que os carros mais tecnológicos do mundo já são capazes de oferecer
Enquanto você pisar no acelerador, ele responde. O 0 a 100 km/h em 8,9 segundos comprova o quão instantâneas e espertas são as respostas do carro aos comandos do seu condutor. Aqui surpreende a calibração do câmbio CVT, muito bem ajustado e com os giros do motor contidos à medida certa conforme se ganha velocidade.
Outro ponto de destaque é a estabilidade do carro. A carroceria ser mantém excepcionalmente firme e assentada em curvas. E ao passar por uma irregularidade, o impacto para quem está no habitáculo é muito reduzido. Ponto para as suspensões independentes nos dois eixos.
Porém, em obstáculos sobressalentes ou tartarugas mais elevadas, o conjunto apresenta respostas mais secas que as de um Toyota Corolla. É uma característica típica e histórica do Civic, mas que não chega a comprometer tanto assim o conforto.
Leia também: Toyota Corolla Cross vs sedan: vale pagar R$ 20.000 a mais pelo SUV?
Segurança é um outro quesito bom para o Civic. Ok, falta o pacote Honda Sensing, com itens ativos de segurança semiautônoma, mas ao menos ele conta com alto índice de rigidez e estabilidade da carroceria, seis airbags, assistente de redução de ponto cego (através de uma câmera no retrovisor externo direito) e freio de estacionamento eletrônico com função Brake Hold (segura o freio sozinho em paradas de semáforo).
Resumo da corrida: seja na cidade ou na estrada, o Civic Touring dá conta do recado. Seja o pai/mãe de família, alguém solteiro ou o filho/filha que sempre adorou andar com o carro dos pais, o Civic tem a fórmula para entregar a dose de esportividade que se deseja. E ainda com um ótimo isolamento acústico, o que torna a direção ainda mais prazerosa.
Motorização e desempenho: motor 1.5, turbo, quatro cilindros, 16V, gasolina, DOHC, 173 cv a 5.500 rpm, 22,4 kgfm de torque a 1.700 rpm / 0 a 100 km/h em 8,6 km/h / velocidade máxima: 208 km/h / câmbio CVT, simulação de sete marchas / tração 4x4 dianteira
Dados técnicos: direção elétrica / suspensão dianteira McPherson e traseira MultiLink / freios dianteiros a discos ventilados e traseiros a discos sólidos / diâmetro de giro: 11,2 m / carga útil: 406 kg / pneus dianteiros e traseiros: 215/50 R17
Consumo
A autonomia do Honda Civic é surpreendente para a categoria, especialmente pela potência do motor. A versão Touring faz 11,8 km/litro na cidade e 14,4 km/litro na estrada com gasolina, segundo o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro.
Se compararmos com o seu principal rival, os números ficam ainda mais vantajosos. O Toyota Corolla nas configurações 2.0 flex tem 4 cv a menos com gasolina. E, segundo o Inmetro, faz 11,6 km/litro na cidade e 13,9 km/litro na estrada com o combustível derivado do petróleo. Sua única vantagem nesse sentido é ter a versatilidade de ser flex.
Leia também: Toyota Corolla Cross: os itens que o SUV terá e o sedan não
Outra excelente notícia é que, na estrada, o Civic Touring é pouca coisa menos econômico do que o Corolla Hybrid (16,3 km/litro), só que com 75 cv a mais. Discorrendo um pouco mais sobre a concorrência, o sedan turbinado da Honda também é mais econômico que qualquer versão do VW Jetta.
Itens de série
A generosa lista de itens de série do Honda Civic Touring é um dos fatores que justificam o valor alto cobrado por ele. De equipamentos de conforto a conveniência, o modelo marca ponto. Confira a lista completa abaixo.
● Freio de estacionamento eletrônico (EPB - Electronic Parking Brake) com função Brake Hold
● Botão de travamento das portas (motorista e passageiro) com travamento automático de velocidade
● Vidros elétricos com a função de subida automática dos vidros com "um toque" em todas as portas
● Comando elétrico de abertura interna do porta-malas (botão na porta do motorista)
● Chave de seta com One-Touch (pisca três vezes com um toque)
● Coluna de direção com ajuste de altura e profundidade
● Luz em LED no console central do deck inferior (conexões)
● Desligamento automático dos faróis após 15 segundos
● Luz em LED no indicador da posição da alavanca
● Tomada 12 Volts dianteira
● Jogo de tapetes com trava antiescorregamento (carpete)
● Porta-Luvas com amortecedor e iluminação
● Espelhos de vaidade com iluminação
● Ar-condicionado Digital com a função de ajuste automático de temperatura + Dual Zone e saída para os bancos traseiros
● Para-brisa com tratamento acústico para conforto sonoro
● Espelho retrovisor eletrocrômico
● Botão de partida do motor (START/STOP)
● Botão ECON
● Partida do motor à distância
● Banco traseiro Bipartido 60/40
● Painel de instrumentos com acabamento softtouch (macio ao toque)
● Volante e alavanca do câmbio revestidos em couro*
● Revestimento dos bancos em couro*
● Console central elevado com apoio de braços e porta-copos (Floating Deck)
● Banco do motorista com ajuste elétrico e regulagem lombar
● MP3 / Windows Media Audio (WMA)
● Bluetooth para ligações (HFT - Hands-Free Telephone) e reprodução de músicas (BTA - Bluetooth Audio) com ajuste no volante
● Carregador por indução (wireless) para celular
● AM / FM Tuning com Radio Data System (RDS)
● Controle de volume pela velocidade - Speed-Sensitive Volume Control (SVC)
● Interface para smartphones Apple CarPlay e Android Auto™ com Tag Voice
● Duas entradas USB
● Conexão HDMI
● Banco traseiro com apoio de braço central e porta-copos
● Porta-revistas nos bancos do motorista e do passageiro
● Áudio premium com 10 alto-falantes, incluindo subwoofer - 452W
● Estrutura de deformação progressiva ACE (Advanced Compatibility Engineering)
● Alarme de segurança com imobilizador ECU
● Freios com sistemas ABS e EBD (Anti-Lock Braking System / Electronic Brake Distribution)
● EBA (Emergency Brake Assist)
● Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com aviso sonoro e luminoso
● Sistema VSA (Vehicle Stability Assist - Assistente de tração e estabilidade)
● Sistema HSA (Hill Start Assist - Assistente de partidas em aclive)
● Sistema AHA (Agile Handling Assist - Assistente de dirigibilidade ágil)
● ESS (Emergency Stop Signal - Sistema de luzes de emergência)
● Airbags frontais, laterais e de cortina (6 airbags)
● Piloto automático (Cruise Control)
● Cinto de segurança de 3 pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes
● Cinto de segurança dianteiro com sistema de tensionamento e regulagem de altura
● Lembrete de afivelamento dos cintos dianteiros
● Trava infantil nas portas traseiras
● Sistema ISOFIX de fixação para cadeirinhas infantis
● Câmera de ré multivisão (três vistas) com linhas dinâmicas
● Sistema Honda LaneWatch - Assistente para redução de ponto cego
● TPMS (alerta de pressão do pneu)
● Display multimídia com tela de 7” multi-touchscreen com navegador GPS com condições de trânsito (RDS), Wi-Fi e função Turn-by-turn (navegação assistida por voz)
● Controle de áudio no volante
● Painel digital TFT 7" de alta resolução (Thin-Film Transistor)
● Lanternas traseiras em LED
● Luz de placa em LED
● Antena traseira integrada
● Abertura bocal de combustível por toque
● Limpador de para-brisa com função intermitente e sensor de chuva
● Acabamento da grade dianteira cromada
● Espelhos retrovisores na cor do veículo com indicadores em LED e rebatimento elétrico
● Maçanetas na cor do veículo
● Conjunto óptico com DRL em LED (Daytime Running Lights)
● Faróis Full LED com acendimento automático (sensor crepuscular)
● Faróis de neblina com lâmpada de LED
● Teto solar com função One-Touch
Honda Civic Touring vale a pena?
Como o próprio título antecipa, o Honda Civic vai mudar em breve, mas não deixa de ser um carrão. E o fato de estar ameaçado de morte em 2022 pode ser seu argumento para negociar um bom desconto com o vendedor. Além disso, o modelo ostenta a fama de ser um dos carros usados que menos desvalorizam no Brasil.
Já no que se diz respeito ao carro, em nossa avaliação o Civic atendeu as expectativas em todos os quesitos: é esteticamente agradável, tem motor esperto, bom consumo e uma boa lista de itens de série.
Leia também: 13 sedans e hatches que serão lançados no Brasil em 2021
Só o valor é alto para a maioria dos brasileiros. Quando se pensa em comprar ou não um Honda Civic Touring, a preocupação maior talvez não deva ser em relação ao carro, pois ele continua sendo um carrão, mas sim a melhor forma de pagar por um sedan tão caro.
Talvez você também se interesse:
13 sedans e hatches que serão lançados no Brasil em 2021
Os sedans 0 km com maiores porta-malas no Brasil
Comparativo: vale gastar o dobro de um Toyota Corolla em um Camry?
Toyota Corolla Cross híbrido visitará o posto mais do que você imagina
0
A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.