Avaliação: Toyota Corolla Cross 2024 Hybrid em busca de 15 km/l com etanol

Híbrido mais vendido no Brasil consegue ser ainda mais econômico do que o Inmetro promete, mesmo com o combutível mais “gastão”?
LF
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29.06.2023 às 07:34
Híbrido mais vendido no Brasil consegue ser ainda mais econômico do que o Inmetro promete, mesmo com o combutível mais “gastão”?

O Toyota Corolla Cross não demorou muito para chegar ao Brasil, em 2021, e se tornar o modelo híbrido mais vendido de nosso mercado. A motorização híbrida flex, por enquanto única no país, e a boa reputação da marca japonesa ajudaram a construir esse paradigma. Na linha 2024, nada mudou na receita no SUV, mas por que mexer em time que está ganhando?

Sim, o Corolla Cross possui limitações. Várias delas. Falaremos sobre algumas no decorrer deste artigo. Outros atributos compensam esses vacilos, como a confiabilidade mecânica do modelo, a solidez do projeto e a eficiência em consumo de combustível, sui generis em seu segmento.

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Afinal, que outro SUV compacto-médio brasileiro se aproxima de 18 km/l na cidade com gasolina no Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro? Pois é. Com etanol, o número oficial do Corolla Cross em ciclo urbano é 11,8 km/l, mas a Mobiauto tentou ir além neste teste. Nosso desafio era buscar os 15 km/l com o combustível vegetal. Veja o resultado:

Em busca dos 15 km/l com etanol na cidade

Pegamos o Corolla Cross 2024 com apenas 240 km marcados no odômetro, o que significa que o motor sequer estava maciado a contento. O tanque foi abastecido 100% com etanol, pois estava praticamente vazio antes. Se havia resquício de gasolina, era muito pouco para macular nosso desafio.

A rodagem foi sempre urbana. Pegamos alguns cerca de 20 km de via expressa nas marginais de São Paulo (SP), mas o restante do uso foi por ruas comuns da Zona Norte da capital paulista. Quem conhece sabe que a região se notabiliza por vias com asfalto em péssimo estado e muitas ladeiras, o que geralmente atrapalha o consumo de qualquer automóvel.

No Corolla Cross, com seu conjunto híbrido pleno – que já explicamos em detalhes neste artigo –, isso se torna mais uma oportunidade do que um problema. Afinal, as desacelerações e frenagens constantes permitem uma regeneração melhor da energia armazenada na pequena bateria de 1,3 kWh.

Assim, quase todas as retomadas e acelerações (e são muitas) são feitas pelo motor elétrico e não o a combustão. Basta dosar o acelerador quando o 1.8 aspirado de ciclo Atkinson desperta, em momentos de velocidade de cruzeiro, e pronto: após 140 km rodados, tínhamos usado apenas 25% ou pouco mais de 9 dos meros 36 litros do tanque – que possui pouca capacidade para ceder espaço à bateria, logo abaixo do banco traseiro. No cálculo, foram 15,33 km/l.

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Toyota Corolla Cross 2024 - Outros atributos (bons ou ruins)

  • Desempenho: o Corolla Cross híbrido é o mais lento de todos os SUVs compactos-médios e médios oferecidos hoje no Brasil. Para uso citadino, não chega a incomodar, mas falta elasticidade em ambiente rodoviário. Só que a gente acaba “perdoando” essa falta de fôlego, porque o consumo é muito superior ao dos rivais.

  • Revisões: o programa de revisões com preço fixo da Toyota é o mais barato da categoria nas cinco visitas obrigatórias até os 50.000 km ou cinco anos de uso. São só R$ 4.237, bem abaixo dos rivais Jeep Compass e Volkswagen Taos. E há oito anos de garantia para o conjunto elétrico, formado por motor, PCU (central eletrônica) e bateria.

  • Abertura do capô: a Toyota aplica uma manta acústica por dentro do capô do Corolla Cross Hybrid, diferente do que faz nas versões 2.0 flex. Talvez seja para que não se escute o esforço do motor 1.8, muito maior que o do Dynamic Force. Ótimo. O ruim é tentar achar o buraco onde se prende o ferro que mantém o cofre do motor aberto. De cima para baixo, ele precisa ser fixado em um discreto vão logo atrás do farol direito, sinalizado por uma flechinha que ninguém consegue enxergar.

  • Silêncio a bordo: é honesto o padrão de isolamento acústico do Corolla Cross a velocidades mais baixas, em vias bem pavimentadas. Naquelas com buracos, a suspensão e o banco traseiro fazem barulho. A velocidades mais altas, o ruído de vento se faz mais presente.

  • Modo EV: apesar de existir, funciona por poucos metros, pois a capacidade reduzida da bateria não permite uma autonomia efetiva do Corolla Cross Hybrid com propulsão apenas elétrica. Válido só para não gastar uma gota de gasolina ou etanol em manobras curtas.

  • Suspensão: é muito mole, fazendo a carroceria inclinar nas curvas sem muita cerimônia, mas mostra competência ao transpor obstáculos. Porém, a arquitetura traseira por eixo de torção é limitada para um modelo desse porte e, além disso, sente-se o fim de curso do jogo de molas e amortecedores com certa facilidade.

  • Marcha à ré em ladeiras: já havia passado por isso com o Prius, que tem o mesmo trem de força do Corolla Cross, movido apenas a gasolina. Ao ligar o carro e dar marcha à ré em uma descida, o motor elétrico não dá conta de tracionar o veículo. É preciso ter paciência e não se apavorar para esperar o motor 1.8 entrar em ação e evitar problemas.

  • Acabamento: a boa notícia é que o padrão é o mesmo nas guarnições de todas as portas, sem simplificações na parte traseira. Os encaixes são honestos e há a tentativa de refinamento através do couro e de faixas dos painéis em tom claro, mas há deslizes que incomodam muito, como o plástico liso atrás da central multimídia e o pequeno pedaço de carpete posicionado na base do porta-objetos central. Este tem recortes desalinhados e sai fácil na mão, deixando expostos os parafusos.

  • Espaço interno: similar ao do Taos e superior ao do Compass. Quem viaja atrás tem bons vãos para pernas, ombros e cabeça. O encosto lombar traseiro possui dois níveis de angulação, algo que a Toyota pouco divulga. Eu prefiro até o que deixa as costas mais eretas, elevando um pouco o bom volume de 440 litros do porta-malas. Que, por sinal, possui só o centro forrado, deixando as caixas de roda revestidas por plástico rígido. O bagagito é do tipo persiana, fácil de ser escamoteado ou retirado.

  • Quadro de instrumentos: a tela digital de 7 polegadas é exclusiva da versão XRX e tem até bons gráficos, mas é limitada em informações e configurações. Além disso, a própria iluminação do conjunto, além dos dados de viagem, precisam ser feitos por um antiquado pino integrado ao cluster. O velocímetro é analógico e o conta-giros dá lugar a um marcador de nível de consumo ou regeneração da energia elétrica.

  • Central multimídia: conservador, preserva botões físicos, mas tem funcionamento honesto e projeção de celulares sem fio. À frente, apenas uma tomada USB do tipo A permite o pareamento de Android Auto ou Apple CarPlay por cabo. Atrás, logo abaixo dos difusores de ar, há mais duas entradas do tipo C, mais modernas.

  • Abertura das portas laterais traseiras: o ângulo é surpreendentemente estreito, o que pode atrapalhar quem tem famílias maiores ou precisará transportar uma pessoa com deficiência.

  • Freio de estacionamento: sim, é o mesmo de sempre, pelo polêmico pedal. Curiosamente, o irmão menor Yaris Cross, que começará a ser produzido no Brasil no fim do ano que vem, trará o item já eletrônico, por tecla.
  • Abafador do escapamento: a Toyota segue sem ter melhorado a exposição da peça e pintando a sua ponta com spray preto. A tinta sai fácil e já virou motivo de reclamação entre usuários do SUV.

  • Itens exclusivos: além do cluster digital de 7 polegadas (nas versões mais básicas, a tela tem 4,2”), o acabamento interno na cor bege, o banco do motorista com regulagem elétrica, o ar-condicionado digital de duas zonas, as rodas com acabamento escurecido e o teto solar são equipamentos exclusivos da versão XRX do Corolla Cross.

Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 2024 - Vale a pena comprar?

O Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 2024 não é o SUV mais equipado ou o mais bem acabado ou o mais confortável e luxuoso do segmento. Mas, para quem quer rodar suave na cidade e economizar combustível, certamente vale a compra. Ainda mais que dificilmente haverá dor de cabeça no pós-venda ou em termos mecânicos. Nesse sentido, Toyota continua a ser Toyota.

Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 2024 - Ficha técnica

Motor a combustão
1.8, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, aspirado, flex, injeção multiponto, duplo comando de válvulas com variação em admissão
Potência
98/101 cv (G/E) a 5.200 rpm
Torque
14,5 kgfm (G/E) a 3.600 rpm
Taxa de compressão
13:1
Motor elétrico
Dual motor, síncrono de ímãs permanentes, dianteiro, transversal
Potência motor elétrico
72 cv
Torque motor elétrico
16,6 kgfm
Potência combinada
122 cv
Torque combinado
não divulgado
Peso/potência
14,36 kg/cv
Peso/torque 100 kg/kgfm
Câmbio
automático transeixo e-CVT
0 a 100 km/h
13 s
Velocidade máxima
170 km/h
Bateria elétrica
1,3 kWh
Consumo Inmetro
11,8 km/l com etanol e 17,8 km/l com gasolina na cidade
9,7 km/l com etanol e 14,7 km/l com gasolina na estrada
Consumo Mobiauto
15,33 km/l com etanol em ciclo 100% urbano
Dimensões e capacidades
4.460 mm de comprimento, 2.640 mm de entre-eixos, 1.825 mm de largura, 1.620 mm de altura, 440 litros de porta-malas, 450 kg de carga útil, 36 litros de tanque de combustível, 1.450 kg de peso em ordem de marcha
Dados técnicosDireção elétrica; suspensão McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira); diâmetro de giro, 11 m; coeficiente aerodinâmico não divulgado; vão livre do solo, 16,2 cm; ângulo de ataque, 21°; ângulo de saída, 36°; ângulo de transposição de rampas não divulgado; pneus, 225/50 R18; estepe temporário 155/70 R17.

Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 2024 – Itens de série

  • Sete airbags
  • Alarme
  • Controle de estabilidade e tração com assistente de subida em rampas
  • Chave presencial com destravamento automático das portas
  • Partida do motor por botão
  • Controle de cruzeiro adaptativo
  • Assistente de permanência em faixa
  • Assistente pré-colisão frontal com frenagem autônoma emergencial
  • Alerta de tráfego cruzado traseiro
  • Alerta de ponto cego
  • Alerta de não uso do cinto nos bancos dianteiros e traseiro
  • Cintos dianteiros com regulagem de altura, pré-tensionador e limitador de força
  • Alerta de oscilação da carroceria
  • Faróis de LED com projetor, base azulada, luzes diurnas integradas, acendimento e farol alto automáticos
  • Faróis de neblina de LED
  • Lanternas traseiras com de LED
  • Grade com parte superior em cinza escuro e moldura prata
  • Janelas laterais com acabamento cromado
  • Antena tubarão
  • Rodas de liga leve aro 18
  • Spoiler traseiro
  • Direção elétrica progressiva
  • Volante multifuncional revestido em couro com ajuste de altura e profundidade mais borboletas para troca sequencial de marchas
  • Limpador de para-brisa com acionamento automático
  • Acabamento interno com faixas de painel, portas e bancos na cor bege
  • Bancos revestidos em couro nas faixas externas e couro sintético nas internas
  • Banco do motorista com regulagem elétrica de altura e do passageiro dianteiro com ajuste manual
  • Banco traseiro bipartido em 60:40 com duas angulações de encosto lombar, descansa-braço e porta-copos na posição central
  • Vidros elétricos com um-toque e antiesmagamento
  • Quadro de instrumentos com computador de bordo digital de 7 polegadas
  • Ar-condicionado automático digital de duas zonas com saída traseira
  • Retrovisores externos elétricos com rebatimento automático, luzes de seta integradas e função tilt down no direito
  • Retrovisor interno antiofuscante
  • Freio de estacionamento por pedal
  • Central multimídia de 8 polegadas com Android Auto e AppleCarPlay sem fio
  • Tomada USB no painel
  • Duas tomadas USB para a fileira traseira
  • Iluminação interna ambiente
  • Quatro alto-falantes e dois tweeters
  • Câmera de ré com gráficos dinâmicos de distância
  • Sensores traseiros e dianteiros de estacionamento
  • Porta-revista atrás do banco do passageiro dianteiro
  • Teto solar


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