Volkswagen ID.4: um carrão elétrico que deve custar mais de R$ 320.000
O Volkswagen ID.4 tem os predicados necessários para um SUV 100% elétrico que desperta o desejo de consumo do público. Mas o preço é o que vai determinar a sua glória ou fracasso no segmento de elétricos no Brasil.
Quando olhamos para os modelos 100% elétricos no nosso mercado abaixo dos R$ 300.000, temos modelos de marcas populares, na maioria hatches, com no máximo 200 cv, como, por exemplo, o Chevrolet Bolt.
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Entre os R$ 300.000 e R$ 400.000 vemos o BMW i3 e o Volvo XC40 Recharge - que em breve terá o valor reajustado. Acima disso ficam os desejados modelos de marcas de luxo como Jaguar I-Pace, Audi E-Tron e Porsche Taycan.
O preço é um dos principais fatores que não permitem os carros elétricos decolarem no Brasil. O público já mostrou interesse, mas só compra quem realmente está com dinheiro sobrando. Isso explica por que os modelos de luxo da Volvo, Audi e Porsche são os mais vendidos entre os elétricos.
Mas, na faixa dos R$ 300 mil, existe um consumidor disposto a ter um carro elétrico mais bem acabado e tecnológico, que não chegar a ser de marca premium, mas é mais sofisticado que os carros de entrada do segmento, que são geralmente hatches populares com trem de força elétrico e etiqueta alta. É aí que o ID4 pode se encaixar.
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Ele é um carro que cumpre todos os requisitos acima e que se acertar no preço, vai transformar o segmento.
Mas tem que haver cuidado para a régua do preço não subir demais, e o ID4 invadir o espaço do Volvo XC40 Recharge. Aí, fica difícil de competir.
Como a Volkswagen não confirmou que trará ID.3 e ID.4 para o Brasil e que eles estão aqui para estudar o mercado, e jornalistas e especialistas conhecerem o modelo, nós vamos fazendo especulações sobre o produto.
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Agora vamos dar uma pausa nesse tema, e retomamos lá no final com nossas apostas. Afinal, para você fazer essa conta de preço conosco, você precisa conhecer o produto:
O VW ID.4 descrito abaixo se trata da versão Fisrt Edition Max Yellow.
Espaço, conforto e design interno
Robusto e imponente, o VW ID.4 é agradável aos olhos. O design tem toques futuristas e minimalistas, mas sem se perder no exótico. A dianteira por exemplo, diferente de muito elétricos, tem uma grande de entrada que além de cumprir uma estética serve para resfriar todo o conjunto mecânico.
Os faróis são ligados um ao outro uma faixa de LED, uma alternativa mais moderna e sofisticada que o velho cromado. O mesmo acontece na traseira, que vale citar o belo caimento do teto. As rodas são em liga aro 21 e tem um desenho que conversa muito bem com toda proposta do carro.
Em relação ao espaço, o VW ID.4 é o meio termo entre os irmãos Taos e Tiguan Allspace. Vamos colocar de uma forma mais pratica: o Taos tem 2.680 mm de entre-eixos e 498 litros de porta-malas, o ID.4 tem 2.771 mm e 543 litros e o Tiguan 2.790 mm e 686 litros.
No entre eixos, o SUV elétrico está mais para o Tiguan, no porta-malas está mais para o Taos. O que na prática significa que o ID.4 é muito espaçoso e acomoda confortavelmente cinco pessoas.
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Os bancos são macios e bem acertados. Mas os dianteiros são os que merecem mais destaque: são largos e altos, têm extensor de assento e até massageador. O modelo também vem com dois apoios de braço, um para o motorista e outro para o passageiro dianteiro.
Os bancos mesclam tecido e couro. São esteticamente agradáveis. Porém, arriscamos dizer que quem investiria em um carro como esse, preferiria que fosse completamente em couro.
Dimensões: 4.584 mm de comprimento, 2.771 mm de entre-eixos, 1.852 mm de largura, 1.640 mm de altura e 543 litros de porta-malas / peso: 2.049 kg
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Cluster flutuante e câmbio atrás do volante
No console tem espaço de sobra, pois não é usada a manopla de câmbio convencional, mas uma espécie de alavanca acoplada ao cluster flutuante. Sim, são muitas informações, talvez uma olhada na imagem abaixo ajude a entender. A Mercedes-Benz é uma marca que transformou o câmbio em uma aleta atrás do volante, claro que com outra proposta.
Mas diferente da Mercedes-Benz, a Volkswagen não colocou um câmbio fake no console, e preferiu usar o espaço para porta-objetos. Dá até para mudar as divisórias, jogar o porta-copos para frente, deixar o espaço para miudezas para trás ou simplesmente tirar as divisas para colocar um objeto maior.
Nas portas, mais porta trecos. Sem dúvidas é um carro para a família e ótimo para quem faz do carro uma segunda casa.
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Visual minimalista e multimídia à la Tesla
Carros elétricos, em sua maioria optam por um design futurístico e minimalista e o com o VW ID.4 não foi diferente. O painel é limpo. Uma pequena tela para o cluster e uma enorme tela de 12 polegadas para a central multimídia flutuante - parece um tablet na horizontal, não tem como não lembrar da Tesla.
A multimídia do ID.4 parece muito intuitiva. Não podemos afirmar, pois manusear a tela com o carro parado é diferente de fazer isso no trânsito. Mas ali estacionado, pareceu convincente, há alguns botões físicos que servem de atalho para regular o ar-condicionado ou acionar o ACC, por exemplo.
A central multimídia sensível ao toque também faz leitura de gestos. Então, se você tiver acabado de comer um fast food e não quiser engordurar a tela, pode fazer movimento para direita e esquerda e depois só clicar no ícone desejado. Fora isso, não é uma função muito útil, apesar de interessante e tecnológica.
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Ao usar o GPS do carro, o mapa é exibido na tela da central e as direções também são indicadas no para-brisa com holográficos, que vão aumentando conforme o condutor se aproxima da via que deve entrar
Por fim, os assistentes de condução e ar-condicionado também merecem ser citados. Fá para configurar o alerta de mudança de faixa, assistente frontal e o controle de cruzeiro adaptativo para usar o botão de atalho, e aparecerá uma imagem correspondente a cada uma dessas funções.
O ar-condicionado além de ter o atalho, não tem apenas aqueles símbolos que indicam resfriar os pés ou o carro todo. Mas tem as funcionalidades descritas: “aquecer mão”, “resfriamento rápido do carro”, “aquecer os pés”. É solução que todo mundo que já ficou confuso com as figurinhas sempre desejou.
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Futurístico e sofisticado, mas ainda tem plástico duro
Não há frisos ou cromados no painel, mas luzes de LED se estendem de uma ponta a outra e também aparecem nas portas. O usuário pode escolher qual tonalidade lhe agrada mais: vermelho, azul, verde, amarelo... São muitas cores e ainda dá para brincar criando combinações, com uma cor para a porta e outra para o painel, por exemplo.
É quase tudo muito bem-acabado e com um ar sofisticado. Porém, a VW cometeu um erro característico: deixar muito plástico duro em evidência.
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Quando comentei com o especialista que me apresentava o carro, ele não acreditou que em meio a tantas coisas eu reparei em algo que tinha passado despercebido até então. E até tentou chamar atenção para o acabamento emborrachado soft touch da parte superior.
Acontece que nós perdoamos o plástico duro no Polo e até no Nivus, mas em um carro da categoria do ID.4 foi uma falha tremenda. Pode parecer um pequeno detalhe, mas ele quebra a proposta de um carro premium e te lembra que você está a bordo de um SUV de marca de entrada.
Desempenho e autonomia VW ID.4
O motor elétrico entrega 204 cv e 31,6 kgfm de torque e fica alocado na traseira do SUV. Casado com uma transmissão automática de uma marcha, a combinação câmbio motor parece oferecer um bom desempenho ao carro.
São 18 cv e 4 kgfm de torque a menos que o Volkswagen Tiguan R-Line com motor 2.0 Turbo, que inclusive já saiu de linha e só volta ano que vem com motor híbrido.
Parece, porque não tivemos a oportunidade de rodar com o SUV. Mas analisando a ficha técnica o 0 a 100 km/h em 8,5 segundos parece interessante para um carro dessas proporções. Já a velocidade máxima é limitada a 160 km/h.
Ainda falando da parte técnica, a suspensão dianteira é independente McPherson com barra estabilizadora e a traseira é independente Multilink com barra estabilizadora. Os freios dianteiros são a disco ventilados e os traseiros a tambor. Mesma combinação usada no Tiguan.
Embaixo do assoalho fica o conjunto de baterias de 78KW que pesa quase 500 kg. Um dos pontos mais impressionantes do ID.4 são os incríveis 522 km de autonomia. Se de fato o modelo for comercializado no Brasil, será uma das maiores autonomias do mercado.
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Chevrolet Bolt e BMW i3 sequer chegam a 400 km de autonomia. Volvo XC40 e Audi E-Tron rodam menos 450 km com a bateria totalmente carregada.
O tempo de carregamento é outro ponto que merece destaque. Segundo a Volkswagen, 30 minutos conectado a um ponto de recarga rápida é o suficiente para garantir 80% da bateria recarregada, ou seja, 417 km. Já em um carregador doméstico de 11 KW, são necessárias 7h30 para a recarga total das baterias.
Quanto o VW ID.4 irá custar se vier para o Brasil?
A Volkswagen não exibe pretensões de colocar o ID.4 para competir com um modelo como o Volvo XC40 Recharge, um dos carros 100% elétricos do segmento de luxo com valor mais “acessível”, R$ 390.000. No entanto, esse valor é válido apenas para pré-venda e deve aumentar posteriormente.
Mesmo que o ID.4 não venha para brigar com modelos de marcas premium, ele provavelmente será tão caro quanto um.
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Nos EUA, por exemplo, a versão que conta com a bateria de 77 KW, é a Pro S comercializada por $ 44.495, o que seria equivalente a quase R$ 250.000 em uma conversão direta. Na Alemanha, a versão Pro é vendida por cerca de 45.000 euros, o que daria quase R$ 295.000 na conversão.
Claro, que muitas outras taxas seriam adicionadas a este valor se o modelo vier para o Brasil. Também precisamos lembrar que a VW pesa a mão em modelos importados, como no Golf GTE, que chegou por salgados R$ 200.000 em 2019.
Considerando que o ID.4 é um carro que ficará posicionado acima dos elétricos "populares" do Brasil, com melhor acabamento e mais tecnologias, nossa aposta é que ele não desembarca por aqui por menos de R$ 320.000, sendo muito otimistas.
Se chegar por esse valor, tem tudo para ser o carro elétrico mais vendido do Brasil, tecnicamente falando. Mas isso, quem decide mesmo são os donos do dinheiro.
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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.