Avaliação: novo Honda City consegue consolar os órfãos do Civic?

Renovado e encorpado, três-volumes chega a uma nova geração querendo se posicionar no lugar do irmão maior. Será que consegue?
Renan Bandeira
Por
15.12.2021 às 12:00
Renovado e encorpado, três-volumes chega a uma nova geração querendo se posicionar no lugar do irmão maior. Será que consegue?

A Honda apresentou o novo City no último mês. O sedan compacto está totalmente renovado e quer bater de frente com as versões de topo de Chevrolet Onix Plus, Volkswagen Virtus, Hyundai HB20S, Toyota Yaris e Nissan Versa - sendo os dois últimos, seus principais concorrentes no mercado por causa do motor aspirado.

Para tentar se fazer mais presente no segmento, a montadora japonesa aplicou a nova filosofia de design da marca no veículo, que está com linhas próximas às da 11ª geração do Civic. Este não será mais fabricado no Brasil, e virá como importado em cifras bem mais elevadas do que as que vemos atualmente.

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Com o Civic importado e mais caro, será que o novo City é o carro certo para consolar os órfãos do irmão maior? A Mobiauto avaliou a versão mais completa do novato, Touring, que pede R$ 123.100 para ir para a sua garagem, e conta todos os detalhes sobre ele. Confira no vídeo e veja mais detalhes na avaliação abaixo:

Honda City Touring 2022 - Preço: R$ 123.100. 

Pintura metálica: R$ 1.700 . Total: R$ 124.800. 

Pintura perolizada: R$ 2.000. Total: R$ 125.100

Visual e acabamento interno

Renovado e encorpado, três-volumes chega a uma nova geração querendo se posicionar no lugar do irmão maior. Será que consegue?

Como comentamos no início deste artigo, o visual do novo City é inspirado no irmão maior Civic. Na dianteira, vemos esses traços na peça cromada horizontal posicionada acima da grade - que mantém os faróis conectados - e no desenho dos faróis e do pára-choque.

O conjunto óptico é full-LED na versão mais completa, com diodos nos faróis e nas luzes de condução diurna. Para complementar, os faróis de neblina também têm esse tipo de iluminação.

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Na lateral, as rodas de liga leve de 16 polegadas com acabamento diamantado e em preto brilhante são discretas, como já eram no antigo. Os conjuntos pneu-roda possuem as mesmas especificações do City anterior, mas com o crescimento da carroceria, parecem ter ficado pequenos e amuados dentro das respectivas caixas.

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Enquanto isso, a traseira parece a de um Civic em escala reduzida, com lanternas escurecidas e em LED. Talvez seja a parte mais bonita e harmoniosa do modelo.

Por dentro, a versão Touring tenta repetir o acabamento sofisticado que vemos na carroceria. Os bancos têm acabamento em couro claro e costuras brancas, e o mesmo material é aplicado no painel das portas e em uma faixa macia ao toque no envolvente do painel de instrumentos.

No entanto, a parte superior desse envolvente deixa (e muito) a desejar. O plástico rígido preto destoa de todo o restante do interior, e ainda afunda quando é pressionado. O Civic não teria uma peça simplória assim...

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Dimensões e espaço interno

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A nova geração do City cresceu em comprimento e largura, mas ficou mais baixa. Em relação ao modelo atual, temos 94 mm a mais de comprimento, 53 mm a mais de largura e 8 mm a menos de altura. 

Dimensões que o posicionam no degrau entre o seu antecessor e o atual Civic. Apenas o entre-eixos seguiu o mesmo da geração anterior, com 2.600 mm.

As novas medidas não deixaram o sedan mais espaçoso, mas ele pegou uma boa herança da geração anterior, com espaço generoso para joelhos e ombros na segunda fileira de bancos. Apenas a cabeça fica apertada para pessoas mais altas, por causa do caimento do teto.

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Na ala da frente, motorista e passageiro também vão confortáveis. Além do bom espaço, os bancos são bem espumados e as abas laterais mais altas ajudam a manter o corpo encaixado. O três-volumes ficou devendo apenas um ajuste elétrico, pelo menos para o motorista. Afinal, são mais de R$ 120.000.

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Em contrapartida, o porta-malas diminuiu de 536 para 519 litros, muito porque a linha de ombros ficou mais baixa. Ainda assim, segue como um dos maiores do segmento, bem perto dos 521 litros do VW Virtus e dos 525 litros do Fiat Cronos. Inclusive, sua nova litragem é a mesma do compartimento do Civic atual.

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No bagageiro ficam os gatilhos para rebater o banco traseiro, que se divide em 60/40 e tombam para ajudar a levar mais bagagens. Curioso é que o local inusitado da alavanca facilita esse ajuste.

É no porta-malas que vemos outros vacilos de acabamento do novo City: parafusos e pontos de solda aparentes nas bordas, além de fixação da tampa por pescoço de ganso, sem nenhum tipo de amortecimento. De novo, o Civic não teria uma solução tão simplória assim.

Dimensões: 4.549 mm de comprimento, 2.600 mm de entre-eixos, 1.748 mm de largura, 1.477 mm de altura, 519 litros de porta-malas, 44 litros do tanque de combustível, 1.170 kg de peso.

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Motor, desempenho, conforto e consumo

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De acordo com a Honda, o motor 1.5 aspirado é todo novo e vem de uma família diferente do 1.5 atual. O propulsor rende 126 cv (seja com gasolina ou etanol) e 15,5/15,8 kgfm (gasolina/etanol), sendo o mais potente entre os concorrentes quando abastecido com gasolina.

Motorização e desempenho: 1.5 aspirado i-VTEC flex com injeção direta e duplo comando de válvulas variável. O propulsor entrega 126 cv (a 6.200 rpm) e 15,5/15,8 kgfm (gasolina / etanol) (a 4.600 rpm). 0 a 100 km/h não divulgado. velocidade máxima não divulgada.

No entanto, seu desempenho não é dos melhores. Durante a avaliação, o City sedan demorou para desenvolver nas retomadas de velocidade e nas acelerações, com o motor berrando para responder nas pisadas mais fortes de pedal. Faz falta um turbo com entrega de pico de torque a rotações mais baixas.

Além do torque pouco expressivo e que tem sua totalidade entregue apenas a 4.600 rpm, o câmbio CVT não é tão ágil e deixa o carro um pouco amarrado. Talvez por isso a Honda não tenha querido divulgar o seu 0 a 100 neste primeiro momento.

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Por outro lado, o novo City promete boa eficiência em consumo para o dia a dia. Como ficamos com o sedan por apenas algumas horas, não pudemos tirar nossas médias, mas, de acordo com o Inmetro, ele faz 9,2 km/l e 13,1 km/l (etanol / gasolina) na cidade, sendo 10,5 km/l e 15,2 km/l, respectivamente, em rodovias.

Para atingir esses números, a aceleração tem de ser gradativa e respeitando os limites do veículo. Afinal, o trem de força já mostrou que pisar fundo não vai resolver os problemas de resposta, e ainda prejudicará seus números de consumo.

Consumo: 9,2 e 13,1 km/l (etanol/gasolina) na cidade e 10,5 e 15,2 km/l (etanol/gasolina) na rodovia.

Sem a elasticidade dos concorrentes turbinados, o City Sedan se torna uma boa opção para rodar principalmente dentro da cidade. Além do consumo ser bom, a assistência da direção elétrica é rápida e precisa, e a suspensão mais rígida não deixa a carroceria rolar nas curvas.

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Entretanto, tanto as suspensões quanto os pneus com ombros estreitos deixam o sedan um pouco duro ao passar em valetas e algumas imperfeições da via. É uma característica que já acompanha os velhos irmãos City e Fit há tempos, e que pelo visto não foi totalmente resolvida nesta nova geração.

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Os bancos espumados amenizam o problema, mas ainda não o suficiente. A boa notícia é que o padrão de acabamento dos bancos se repete para todos os ocupantes, e os passageiros de trás não sofrem tão mais que os ocupantes da frente.

Outro ponto positivo é que o motor trabalha em rotações próximas de 1.000 rpm na marcha lenta, o que deixa o ruído quase inexistente dentro da cabine - além de ajudar na economia de combustível. Além disso, a vedação interna é boa e não há barulhos exagerados da rolagem dos pneus e do trânsito.

Segundo a Honda, o City 2022 recebeu um tratamento especial no monobloco com spray de poliuretano, além de um isolador de ruído na base do motor, a fim de reduzir o barulho interno. Neste primeiro contato, a impressão é de que as soluções deram certo.

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Ponto negativo fica para os ângulos de ataque e saída. Os dados não foram divulgados pela fabricante, mas é uma questão de lógica: se o entre-eixos não mudou e o comprimento aumentou, significa que os balanços estão maiores.

Na prática, é perceptível como o balanço dianteiro, em especial, é proeminente e compromete o ângulo de entrada, característica semelhante à que vemos no Chevrolet Onix Plus. Raspar a base do para-choque em valetas será mais do que difícil de evitar: será praticamente inevitável.

Dados técnicos: direção elétrica, suspensões independente do tipo McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira), freios a disco ventilados (dianteira) e tambor (traseira) 10,6 m diâmetro de giro. A marca não divulgou vão livre do solo, ângulo de ataque, ângulo central e ângulo de saída

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Tecnologias e itens de segurança

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O cluster do novo City é parcialmente digital: metade analógico, metade em tela de TFT colorida de 7 polegadas com computador de bordo multifuncional integrado. Entretanto, o principal destaque do interior vai para a central multimídia de 8 polegadas, compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

Além disso, a versão Touring carrega de série o pacote Honda Sensing, com ajuste automático de faróis, alerta de troca de faixa com assistente de permanência, controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência que inclui visualização de pedestres e ciclistas.

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Entre todos eles, o alerta de troca de faixa e o assistente de permanência se destacam. Embora pareçam iguais, suas atuações são diferentes. 

Enquanto o primeiro emite avisos (visual e sonoro) de que o carro está trocando de faixa involuntariamente, o segundo corrige a trajetória do volante de acordo com a leitura das faixas de rolagem (desde que estejam bem pintadas), através de sensores no para-brisa.

Ambos ajudam bastante dentro da cidade e proporcionam uma correção da direção sutil, sem assustar o motorista ou fazer o carro ziguezaguear. Talvez seja o melhor sistema do tipo em um modelo do segmento compacto.

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Além disso, a versão Touring vem equipada com uma câmera de auxílio ao ponto cego nas conversões à direita, o já conhecido Honda Lane Keep Assisting (LKAS). A imagem é projetada na tela multimídia quando o motorista aciona a seta para a direita, reduzindo o ponto cego.

Esse auxílio dá segurança ao trocar de faixa, mas incomoda quando queremos fazer uma conversão e estamos de olho na navegação GPS para entender em qual rua exatamente entrar, porque a imagem da câmera se sobrepõe à do mapa.

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Novo Honda City Touring 2022 - itens de série

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Visual: rodas diamantadas de liga leve com 16 polegadas e acabamento diamantado e preto brilhante; faróis de LED, lanternas de LED, luz de condução diurna de LED, faróis de neblina de LED, antena do tipo barbatana e revestimento dos bancos em couro.

Conforto: espelhos com rebatimento elétrico, ar-condicionado automático e digital, banco bi-partido e volante multifuncional.

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Tecnologia: sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, vidros elétricos em todas as portas com acionamento “um toque”, chave presencial e partida por botão, central multimídia de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, painel parcialmente digital com tela digital de 7 polegadas.

Segurança: estrutura de deformação progressiva, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, seis airbags, alerta de não afivelamento do cinto de segurança, alerta de pressão dos pneus, assistente para redução de pontos cegos, frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo, sistema de permanência em faixa, alerta de troca de faixa e ajuste automático do farol. 

Conclusão

Renovado e encorpado, três-volumes chega a uma nova geração querendo se posicionar no lugar do irmão maior. Será que consegue?

Se o novo City tem os requisitos para consolar os órfãos do Civic? Ainda não. Embora tenha crescido, não chegou às dimensões nem ao nível de refinamento do sedan médio. Existe, ainda, um belo déficit de desempenho entre os dois veículos.

Ainda assim, o City chega como uma boa opção para quem busca um sedan espaçoso e relativamente econômico e confortável para o dia a dia. Além disso, tem um motor eficiente e um câmbio contínuo, sem solavancos nas trocas, que dão mais prazer ao dirigir.

E é um Honda: as chances de dor de cabeça são mínimas e as de conseguir um bom valor de revenda são máximas. Nada que um Civic não ofereceria, só que em escala menor de diversão, espaço, conforto e refinamento.

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