Avaliação: Mercedes E 300 é o Mercedes mais Mercedes que você já viu

Sedan executivo está na 10ª geração e meia e custa R$ 561.000, mas é a redenção de consumidores que se recusam a aderir à onda dos SUVs
RM
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05.04.2022 às 17:20
Sedan executivo está na 10ª geração e meia e custa R$ 561.000, mas é a redenção de consumidores que se recusam a aderir à onda dos SUVs

O Mercedes-Benz E 300 Exclusive é o Mercedes mais Mercedes dentre todos os Mercedes feitos pela Mercedes. É Mercedes demais nessa abertura, não? Mas você verá que não é nenhum exagero.

Sabe quando você pensa em Volkswagen? Dependendo de sua faixa etária, o primeiro carro que vem à cabeça é o Fusca. Ou o Gol. E quando você mentaliza a Fiat? Uno, claro. Chevrolet? Dá pra pensar em Opala ou Monza. Ou até o Onix. Todos são muito simbólicos na história da marca. 

Sim-bó-li-co. Esse é o termo. O Mercedes-Benz Classe E é o modelo mais simbólico (e vendido) da história da montadora que inventou o automóvel. Desde 1947, a família já emplacou mais de 14 milhões de unidades e está em sua décima geração (e meia). Mas isso eu já explico.

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Sedan executivo está na 10ª geração e meia e custa R$ 561.000, mas é a redenção de consumidores que se recusam a aderir à onda dos SUVs

A marca tem um enorme orgulho em anunciar que 80% dos proprietários do Classe E são fiéis ao modelo quando trocam seu carro... E o fazem, naturalmente, por outro Classe E. É quase como donos de Toyota Corolla, só que com mais luxo envolvido.

A tradição é tão contundente no Mercedes Classe E que, repare, ele ainda exibe aquela anacrônica estrela aplicada como um troféu sobre o capô. Todos os outros modelos da marca transferiram o logotipo de três pontas para o centro da grade do radiador. Até o próprio Classe E. Só a versão E 300 Exclusive a mantém na posição “histórica”.

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E por que décima geração e meia? Em um modelo tão tradicional, as mudanças de carroceria são igualmente previsíveis. Costumam durar entre oito e nove anos, com uma leve reestilização no meio desse período. Como foi lançada em 2016, o facelift chegou no ano passado e deve durar até 2024 ou 2025. 

Foi esse modelo que a Mobiauto avaliou pelas ruas paulistanas e por algumas rodovias no entorno da capital, pois, aqui, ninguém é de ferro.

Mercedes-Benz E 300 Exclusive 2022 – Preço: R$ 561.900

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Reaprenda o conceito de um carro “gostoso de dirigir”

Sedan executivo está na 10ª geração e meia e custa R$ 561.000, mas é a redenção de consumidores que se recusam a aderir à onda dos SUVs

Ah, mas não é mesmo. Neste mundo habitado ostensivamente por SUVs, nada é mais prazeroso do que pilotar um legítimo sedan em uma estrada. E estamos falando DO sedan. 

Com quase 5 metros de comprimento, o Classe E é dotado de um motor 2.0 turbo a gasolina com quatro cilindros turbo, que desenvolve 258 cv e 37,7 kgfm – estáveis entre 1.800 e 4.000 rpm – e câmbio automático de nove marchas. Não falta desempenho, óbvio. 

Pode até frustrar parte daqueles 80% de compradores fiéis que atravessaram as últimas décadas a bordo de exemplares equipados com unidades de seis ou oito cilindros. Mas, na prática, você se acostuma logo. 

Quer ver? Lembra daquele nostálgico Classe E de faróis redondos, o primeiro lançado aqui no Brasil, em 1995? Pois o E 320 daquela geração era um seis-cilindros em linha, 3.2, de 220 cv e 32 kgfm. São 38 cv e 5,7 kgfm a menos do que o atual. Se naquela época já empolgava, imagine agora...

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O tempero desse carro aparece justamente no visual conservador com a adição de um comportamento para lá de esportivo. Ele acelera de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos. Mas, rodando a 120 km/h numa rodovia, o conta-giros acusa menos de 2.000 rpm. Isto é: o silêncio ao rodar é absoluto.

A suspensão possibilita um equilíbrio invejável entre conforto e estabilidade em curvas, embora a proposta do carro indique a maciez como virtude prioritária. 

É curioso vivenciar essa sensação de “sala de estar” em um carro com pneus de perfil tão baixo, o que suscitaria o efeito contrário. O E300 Exclusive vem com pneus 245/40 R19 na dianteira e 275/35 R19 na traseira, mas, nem assim, você se incomoda com as imperfeições do piso. 

No centro do painel, você escolhe o modo que quer ajustar a suspensão (e outros parâmetros de funcionamento do carro): Eco, Comfort, Sport, Sport+ e Individual. Quer charme maior do que esse modo Individual? Você consegue ajustar a receita desejada!

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Sedan executivo está na 10ª geração e meia e custa R$ 561.000, mas é a redenção de consumidores que se recusam a aderir à onda dos SUVs

Motor: 2.0, dianteiro, longitudinal, gasolina quatro cilindros em linha, 16V, turbo, duplo comando variável de válvulas, injeção direta de combustível
Taxa de compressão: 9,8:1
Potência: 258 cv (5.800 a 6.100 rpm)
Torque: 37,7 kgfm (1.800 a 4.000 rpm)
Peso/potência: 6,7 kg/cv
Peso/torque: 45,9 kg/kgfm
Câmbio: automático, 9 marchas
Tração: traseira
0 a 100 km/h: 6,2 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h (limitados eletronicamente)

Dimensões: 4.935 mm de comprimento, 2.939 mm de entre-eixos, 2.065 mm de largura, 1.460 mm de altura, 540 litros de porta-malas, 73 litros do tanque de combustível, 1.730 kg de peso em ordem de marcha.

Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensão duplo-A com molas helicoidais (dianteira) e multilink com molas helicoidais (traseira); freios a disco ventilados (dianteiros e traseiros), 11 m de diâmetro de giro, 131 mm de vão livre do solo, ângulo de ataque, central e de saída não divulgados.

Consumo Inmetro: 7,9 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada.

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O melhor ou nada

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Alguns anos atrás, a Mercedes-Benz havia adotado esse ousado slogan de marca: “o melhor ou nada”. Embora arrogante, a marca confiava em seu próprio taco. 

Dá para afirmar que, neste Classe E, ela tinha absoluta razão. O sedan executivo é incrivelmente recheado de detalhes que ultrapassam a obrigação de “ser um automóvel de luxo equipado”. Ele garante entretenimento puro a quem gosta do tema. 

E nem estamos falando do pacote de equipamentos, que falarei a seguir. Mas, sim, das funções da central multimídia, com 12,3 polegadas, comandadas por tela de toque ou pelo mousepad no centro do console. E essa é apenas uma das telas. 

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Batizado de MBUX, o sistema inclui uma segunda (na verdade, o quadro de instrumentos) que tem igualmente as mesmas 12,3”. Uma dessas funções permite que você, por exemplo, informe sua estatura. Você vai lá e registra: 1,80 metro. E dá Ok. 

Adivinhe? O carro regulará automaticamente o volante (altura e profundidade), a altura e a distância do assento do motorista, reclinará o encosto e posicionará o banco na posição ideal para aquele condutor. Essa é só uma entre dezenas de atrações. 

Com interior que mescla couro e preto piano, o E 300 Exclusive traz outro charme: um filete luminoso aplicado por toda a extensão do painel que... muda de cor. Claro: isso também é regulado pelo multimídia. São 64 cores. Tá bom para você?

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Outro ponto interessante é o retrato instantâneo de potência e torque que estão sendo empregados pelo motor do carro. Pode até ser uma especificidade que só atraia apaixonados por automóvel. “Legal saber que, a 100 km/h, eu estou usando somente 80 cv de potência...” Mas quem gosta vai concordar.

Outra funcionalidade do sistema MBUX reside nos comandos por voz. Você solta um “Olá, Mercedes” e o aparato de inteligência artificial atende aos comandos disponíveis, como abrir o teto solar e alterar a velocidade do ar-condicionado. Verdadeira sinfonia a bordo, com seus 10 alto-falantes, o sistema de som é Surround Burmester.

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Com tanto prazer ao dirigir, para que tanta assistência?

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Juro que eu me fiz essa pergunta ao provar as funcionalidades do pacote de assistência de condução. Em nome do aprimoramento do conjunto, o volante é novo, capaz agora de “perceber” as mãos do motorista para tomar “providências”. 

Por exemplo: se o sistema emite um alerta a quem dirige sobre uma mudança ocasional de faixa, prevenindo o motorista de que ele pode estar com sono, e não houver reação imediata, o carro começará a frear. Sozinho! No meio de qualquer rua ou estrada! Isso porque entenderá que o sujeito realmente cochilou. 

Ainda sobre esse assistente de faixas: se você está numa rodovia bem sinalizada, pode relaxar: bastará segurar o volante. O resto, ele faz sozinho. Mudança de faixa? Sim, ele faz. Você liga a seta e faz um leve movimento ao volante: o sistema irá “ler” se não vem ninguém atrás e, pimba, vai mudar sozinho de faixa.

Já o piloto automático adaptativo (ACC), que atua em conjunto com o assistente de faixas e a frenagem autônoma emergencial, sendo controlado por botões capacitivos no volante, enxerga as curvas e pode mapear outros carros (até parados) ou pedestres. 

Quanto ao Parking System (assistente autônomo de estacionamento), parece piada. Sabe outros carros com esse recurso, nos quais você se alinha à vaga “desejada”, aguarda a leitura do veículo para detectá-la, engrena a ré e aciona o sistema? 

Ele vira o volante, vai entrando na vaga e você freia. Se precisar de ajustes, você mesmo engata o Drive, ele vai para frente, aí você aperta freia de novo, volta para a ré e... Esqueça tudo isso. O novo Classe E assume até as frenagens e a operação do câmbio. Você só tem o trabalho de achar a vaga e acionar o sistema. Ele fará todo o resto sozinho.

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Mudanças sutis na “geração e meia”

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Lançado ano passado no Brasil em versão única, o E 300 Exclusive recebeu novos faróis com sistema de LEDs multifeixe, nova grade dianteira, para-choques reestilizados e lanternas traseiras agora mais estreitas. 

Os principais itens de série incluem ar-condicionado de quatro zonas, teto solar panorâmico, persiana elétrica do vidro traseiro, persianas manuais das janelas traseiras e escape esportivo, além de seis airbags.

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Achei alguns pênaltis...

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· O sistema MBUX é compatível com Apple CarPlay e Android Auto, porém só oferece conectividade por cabo. Para um carro desse preço, não é legal.

· As saídas de ar para o banco traseiro são posicionadas na coluna B (a que divide as portas). Isso significa que fica a um palmo e meio da sua cabeça. Quando está muito calor e você ajusta a velocidade do ar-condicionado numa velocidade mais alta, aquela janelinha assoprará ar frio pertinho do seu ouvido. Não é frescura. Em um carro tão silencioso, isso chega a incomodar.

· Por mais “tradicional” que seja um cliente de Mercedes Classe E, a falta de um recurso de propulsão híbrida (a marca dispõe da versão E 350, por exemplo, na Europa) pode frustrar. Um carrão de 4,93 metros de comprimento e 1,7 tonelada de peso que faça 13 ou 14 km/l na estrada é ótimo. Mas o híbrido seria melhor ainda. E nem me refiro pelo propósito de buscar economia de combustível num carro desse porte e preço, mas sim pela tecnologia. Merecia, sim.

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Mercedes-Benz E 300 Exclusive 2022 – Itens de série

Sedan executivo está na 10ª geração e meia e custa R$ 561.000, mas é a redenção de consumidores que se recusam a aderir à onda dos SUVs

Além dos obrigatórios airbags frontais, freios dianteiros com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem), cintos de segurança de três pontos em todas as posições, encostos de cabeça em todas as posições e ganchos Isofix para cadeirinhas infantis, o Volvo C40 Recharge vem de série com:

Visual e exterior: faróis full-LED multifeixe com assistente adaptativo de luz alta; soleira das portas iluminada com logomarca; chave em preto brilhante com sensor presencial; abertura das portas dianteiras com iluminação e projeção de logotipo; pneus runflat; rodas de liga leve aro 19”; escape esportivo; protetor de cárter; retrovisores externos rebatíveis eletricamente.

Segurança: alarme; sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista); controle eletrônico de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas; auto-hold; controle de cruzeiro adaptativo; frenagem autônoma emergência com detecção de pedestres; assistente de permanência em faixa; assistente de estacionamento autônomo; câmera de ré; monitoramento de pressão dos pneus (TPMS).

Tecnologia: quadro de instrumentos 100% digital de 12,3”; central multimídia MBUX de 12,3” com touchpad, Android Auto e Apple CarPlay (via cabo), navegador GPS, Bluetooth, entrada USB e auxiliar; som de motor esportivo na cabine; duas portas USB na fileira traseira; Sistema de Som Surround Burmester; sensor de preseça interior.

Conforto e acabamento: volante multifuncional em couro Napa com borboletas para mudança de marchas; bancos dianteiros com ajustes elétricos, sendo o do motorista com função memória; relógio analógico; tapetes de veludo; retrovisor interno eletrocrômico; banco traseiro bipartido rebatível; teto solar panorâmico; revestimento do teto em tom preto; cortina elétrica traseira; ar-condicionado Thermotronic; console central em preto brilhante; cabine com acabamento em madeira preta fosca; iluminação interna com 64 cores; fechamento elétrico do porta-malas.

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Conclusão

Sedan executivo está na 10ª geração e meia e custa R$ 561.000, mas é a redenção de consumidores que se recusam a aderir à onda dos SUVs

Os dados de mercado não mentem: a grande maioria dos consumidores brasileiros com mais de meio milhão de reais na conta para comprar um automóvel zero-km escolherá um SUV. Zero novidade. 

Mas sabe aquelas honrosas exceções, que preferem um “carro carro”, isto é, apreciam o verdadeiro prazer ao dirigir de um sedan requintado, refinado tecnologicamente, com altíssima performance e segurança?

Serão esses (poucos) consumidores que se unirão àquela conta de 14 milhões de clientes do Classe E. Nenhuma dúvida disso.

Imagens: Rodrigo Miele/Mobiauto e Divulgação/Mercedes-Benz

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