Voyage bolinha: o sedan derivado do Gol G2 rejeitado pela VW

Designer revela proposta apresentada à matriz na Alemanha, construída sobre a base AB9 do Gol de segunda geração e com jeito de “mini-Logus”
LF
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25.07.2022 às 09:33
Designer revela proposta apresentada à matriz na Alemanha, construída sobre a base AB9 do Gol de segunda geração e com jeito de “mini-Logus”

O designer Luiz Alberto Veiga, que durante 40 anos trabalhou na Volkswagen do Brasil, continua a presentear os seguidores de sua conta no Instagram com muitas pérolas e segredos que a fabricante alemã guardou por décadas.

Após apresentar o projeto de um facelift que daria cara de Porsche (ou de Kia Besta...) para a Kombi, e de uma picape do Santana com caçamba de Toyota Hilux, o profissional hoje aposentado revelou no último domingo (24) o nunca lançado Voyage “bolinha”, derivado do conhecido Gol G2.

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Quem conhece um pouco a história da família de carros mais popular da indústria automobilística brasileira sabe que apenas a picapinha Saveiro e a perua parati acompanharam o hatch Gol na virada para a segunda geração, atualizando a plataforma BX (que passaria a se chamar AB9). 

Por razões pouco compreensíveis à época, a fabricante alemã simplesmente desistiu do sedan. Porém, em sua publicação, Veiga afirma que a filial brasileira tentou desenvolver um Voyage de segunda geração e chegou a apresentar à matriz, em Wolfsburg (Alemanha).

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Voyage AB9 nacional vs Polo Classic argentino

Designer revela proposta apresentada à matriz na Alemanha, construída sobre a base AB9 do Gol de segunda geração e com jeito de “mini-Logus”
O argentino Polo Classic

A apresentação ocorreu no mesmo evento de revelação interna do novo Gol, “um Voyage teórico de duas portas, só como modelo de proporção”, em algum momento da primeira metade da década de 1990.

“Mais tarde fizemos outra tentativa de emplacar um Voyage, mas, depois de muita luta e decepções, por ciúmes e demonstrações políticas, o board [conselho administrativo] acabou aprovando o Polo Classic, ainda por cima montado na Argentina”, contou o projetista.

Ou seja, Veiga dá a entender que a decisão da empresa se deu mais por questões políticas do que financeiras. Afinal, ela acabara de lançar na Europa outro sedan compacto, o Polo Classic, derivado do Seat Córdoba.

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Por que o Voyage G2 foi preterido

Designer revela proposta apresentada à matriz na Alemanha, construída sobre a base AB9 do Gol de segunda geração e com jeito de “mini-Logus”
O mocape em tamanho real do Voyage bolinha

Esse produto fez parte de um ciclo de investimentos voltado à Argentina, passando a ser produzido no país vizinho em 1996. O fim da Autolatina significaria a morte dos irmãos Pointer e Logus, montados com plataforma Ford, mas projeto exclusivo VW. O Logus era produzido pela própria Ford no ABC Paulista, mas o Pointer era feito na Argentina.

Com o encerramento da parceria, a marca precisaria de um produto substituto para montar em Córdoba (Argentina). O Polo Classic foi o escolhido, pois considerado que poderia substituir Logus Pointer e até o Voyage de primeira geração em uma tacada só.

Assim, investimentos em um Voyage bolinha foram descartados e a VW decidiu apostar todas as fichas no Polo Classic, lançado no fim e 1996. O modelo não fez o sucesso esperado e foi mantido em linha por apenas seis anos, saindo de cena em 2002. 

A marca passaria, então, alguns anos sem um sedan compacto, visto que o próprio Voyage só voltou à vida em 2008, junto com o lançamento da terceira geração do Gol, construída a partir da plataforma PQ24, a primeira com motores transversais. É o mesmo modelo vendido até hoje (e que deve sair de linha no fim deste ano). 

Naquele momento, a família seria renovada com o retorno do Voyage, mas o abandono da Parati, enquanto Gol e Saveiro seguiriam firmes e fortes.

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Como seria o Voyage bolinha

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A segunda geração do Gol, apresentada à matriz no mesmo momento

Veiga deu poucos detalhes do projeto, mas, pelo que disse, o Voyage G2 não chegou a passar da fase de esquetes. O mocape revelado na imagem, apenas lateralmente, tinha só duas portas e exibia uma silhueta similar à do Logus, com um vidro traseiro convexo e um terceiro volume retilíneo e com linhas de ombro relativamente baixas.

Tanto que alguns comentários da publicação apelidaram o carro de “mini-Logus”. Toda a dianteira, as portas laterais – a proposta tinha apenas duas portas – e os vidros laterais do mocape sugeriam um alto índice de compartilhamento de peças com o próprio Gol.

Imagens: Reprodução/@veigaluizalberto e Domínio Público/Wikimedia

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