Renault 4 E-Tech custa um Jeep Compass e alcança até 400 km

Novo ‘e-SUV’, que parte de o equivalente a R$ 194,5 mil, tem consumo de eletricidade equivalente a até 71 km/l
HG
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11.05.2025 às 04:15
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Novo ‘e-SUV’, que parte de o equivalente a R$ 194,5 mil, tem consumo de eletricidade equivalente a até 71 km/l

O novíssimo Renault 4 E-Tech ‘Electric’ foi lançado oficialmente hoje, em Lisboa (Portugal). O modelo, que remete ao clássico ‘Quatrelle’ de 1961, chega à Europa sonhando em repetir o sucesso do compacto original, do qual foram produzidas oito milhões de unidades até 1992.

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Lá, o lançamento estará nos concessionários já no mês que vem, em três versões: Urban Range, com preço inicial de 29.900 euros (o equivalente a R$ 194,5 mil); Comfort Range, a partir de 32.900 (R$ 214,1 mil), e Iconic, de 36.900 euros (R$ 240 mil).

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A primeiras é equipada com motor elétrico de 120 cv (90 kW), enquanto a intermediária e a topo de linha desenvolvem 150 cv (110 kW) – o alinhamento dos catálogos pode sofrer pequenas alterações, dependendo de cada mercado da União Europeia, mas, basicamente, isso vale para quase todos os países.

Há dois pacotes de baterias, com 40 kWh e 52 kWh, que garantem alcances de 308 e 408 quilômetros, respectivamente – aqui, atenção para autonomias abaixo das declaradas pelos fabricantes chineses para seus mais recentes lançamentos, nesta mesma classe.

“Estamos investindo em veículos com emissão zero e focando no que há de novo, porque os EVs são o caminho para uma mobilidade limpa e eficiente”, destacou o presidente-executivo (CEO) da marca francesa, Luca de Meo.  

O novo Renault 4 E-Tech usa a mesma plataforma (AmpR Small) do modelo 5 E-Tech, que é o EV mais vendido do mercado francês, e tem 4,14 metros de comprimento (é 23 cm menor que o Duster brasileiro), 1,81 m de largura (2 cm mais estreito) e 1,55 m de altura (14 cm mais baixo), com uma distância entreeixos de 2,62 m (5 cm inferior à do SUV nacional).

Em termos de performance, as versões mais potentes (150 cv) aceleram de 0 a 100 km/h em 8,2 s (9,2 s, no Duster Iconic Plus 1.3, que é turboalimentado) e atingem a velocidade máxima de 150 km/h (contra 190 km/h, respectivamente). A grande vantagem do Renault 4 E-Tech, no entanto, surge no campo da eficiência.

Seu consumo de eletricidade, frise-se, equivale a médias entre 52,6 km/l e 71,4 km/l, com uso exclusivo de gasolina. Na ponta do lápis e tomando por base o preço médio nacional de R$ 6,30 para o litro do combustível, informado pela Petrobras a partir de dados da ANP e CEPEA/USP, o custo do quilômetro rodado com o Duster 1.3 nunca será inferior a R$ 0,54 – a própria Renault declara média rodoviária de 11,5 km/l para o modelo com uso exclusivo de gasolina. Já com o novo 4 E-Tech, ela variaria de R$ 0,08 a R$ 0,11. Ou seja, o lançamento europeu é cinco vezes mais econômico para o bolso do usuário.

De qualquer forma, é importante destacar que, enquanto o Duster roda até 520 km na estrada, com um único tanque, o novo Renault 4 E-Tech precisaria de uma parada de 15 minutinhos e uma recarga rápida, para concluir uma viagem relativamente curta, de “apenas” 326 km. Infelizmente, seu desembarque no Brasil, pelo menos por enquanto, está fora dos planos da marca.

“Direção precisa”

“Internamente, o Renault 4 E-Tech usa e abusa do plástico duro, que é texturizado, e oferece várias opções para o revestimento de algumas áreas dos consoles e painéis. A sensação é de um resultado prático, porém nada luxuoso. O seletor da transmissão não tem posição “P” e o comando que ativa o freio de estacionamento não é ergonômico, mas, há ‘paddle shifters’ atrás do volante para quatro níveis de frenagem regenerativa, uma novidade em relação ao modelo 5. Dependendo do catálogo, duas telas, de 7 e 10 polegadas são combinadas. O porta-malas, de 420 l, tem o assoalho mais alto da categoria, a quase 61 cm do piso, o que é um conforto”, pontua o jornalista espanhol Enrique Espinós, do portal “Hibridos y Electricos”, que acompanhou o lançamento ‘in loco’.

Usando corrente alternada de 11 kW (no Brasil, ela pode variar de 3,7 a 22 kW), a recarga completa das baterias, partindo de um nível de 10%, vai levar 3,5 e 4,5 horas, respectivamente para cada pacote. A Renault garante que, usando corrente contínua, o tempo de recuperação de 15% a 80% da capacidade leva menos de 30 minutos – eu, pessoalmente, não sou tão otimista.

“É um modelo de direção precisa, ajudado pela suspensão traseira multilink, uma qualidade incomum nesta categoria. Os freios ‘por fio’, sem conexão mecânica entre pedal e pinças, como no irmão menor, o Renault 5, é uma solução de que gostamos muito. Mas o que mais gostamos foi o avanço no isolamento acústico, que melhorou devido ao uso de uma nova camada entre a bateria e o habitáculo, bem como de um novo para-brisa. Já sobre os preços, dos valores praticados no mercado espanhol é possível deduzir até 7.000 euros (R$ 45,5 mil) do Plano MOVES III, 3.000 euros (R$ 19,5 mil) de IRS – imposto de renda – para a compra de um EV e 800 euros (R$ 5.200) no certificado energético CAE fornecido pela Renault”, detalha Espinós.

Urgência e competitividade

No Brasil, a Renault oferta dois modelos 100% elétricos: o Megane e-Tech (a partir de R$ 280 mil) e o ultrapassado Kwid E-Tech (a partir de R$ 140 mil), que já foi sucedido pelo Spring Electric nos mercados mais qualificados. Tanto lá como cá, um breve comparativo de preços feito pelo leitor vai revelar que a marca francesa não tem produtos capazes de competir, de igual para igual, com a nova concorrência chinesa.

“Pela primeira vez, o mercado chinês ultrapassou a Europa e os Estados Unidos em vendas combinadas. Investiremos onde houver mercado, mas esses dados destacam a urgência de nos adaptarmos a um novo ambiente, se quisermos manter nosso negócio”, alerta o CEO da companhia, Luca de Meo. “Hoje, funcionários de nossas marcas não conseguem comprar um zero-quilômetro, nem mesmo um Dacia”, reconhece.

De Meo se refere à deterioração do poder de compra da classe média, da qual a indústria automotiva tradicionalmente depende, seja na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia ou no Brasil. Ele também alertou para o envelhecimento da frota europeia, cuja idade média aumentou de 7 para 12 anos em menos de duas décadas, retardando a redução das emissões globais – já que modelos mais antigos emitem mais poluentes.

“As marcas europeias estão perdendo para as chinesas, em termos de inovação. A China acelerou sua produtividade significativamente, nos últimos dez anos, estamos investindo em inovação e, agora, cumprindo a promessa de outubro de 2024, lançando o Renault 4 por menos de 30 mil euros”, destaca.

Há exatamente cinco anos, a Renault registrou sua menor capitalização de mercado, quando a empresa chegou a valer US$ 5,2 bilhões. Hoje, parcialmente recuperada, ela atingiu uma valorização de US$ 15,5 bilhões, apenas uma fração dos quase US$ 48 bilhões que chegou a atingir, no final de 2007, mas recuperou duas posições do ranking global das montadoras e, agora, aparece na 26ª posição.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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