Tecnologia chinesa inédita permite baterias de elétricos com 1.500 km de alcance

Tecnologias apresentadas pela CATL vão acelerar aposentadoria dos motores a combustão; ânodo “autoformável” aumenta a densidades volumétrica, em até 60%, e gravimétrica, em até 50%
HG
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09.05.2025 às 19:48
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 Tecnologias apresentadas pela CATL vão acelerar aposentadoria dos motores a combustão; ânodo “autoformável” aumenta a densidades volumétrica, em até 60%, e gravimétrica, em até 50%

No Brasil, a linha de um determinado modelo ainda é escalonada pelas motorizações, já que a oferta de conteúdo também cresce nas versões mais potentes. Com a virada da eletromobilidade, a potência não perde seu poder de sedução, porém, numa realidade em que a eficiência toma o lugar da performance, o alcance é o novo fiel da balança. De modo que a versão mais cara de um EV não é, necessariamente, a que tem melhor desempenho, mas aquela que possui maior autonomia.

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No Brasil, onde, de acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, 8% das pessoas acredita que a Terra é plana, talvez seja difícil para muita gente entender esta lógica, que coloca as baterias no ponto central da indústria automotiva. Mesmo assim, enquanto nos agarramos ao passado, o futuro se avizinha do outro lado do mundo e a Contemporary Amperex Technology (CATL), maior fabricante global de baterias automotivas, com quase 40% de participação – contra 17% da BYD – como fornecedor, promete ainda para este ano três novidades que devem acelerar a aposentadoria dos propulsores a combustão interna.

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A mais impressionante delas é a bateria Freevoy Dual-Power de núcleo duplo – óxido de lítio, níquel, manganês e cobalto (NMC) e fosfato de ferro-lítio (LFP) – que promete alcance de até 1.500 quilômetros, sem necessidade de recarga. O conjunto inaugura a tecnologia de ânodo “autoformável”, dispõem de duas zonas independentes de energia, uma principal e outra para extensão de alcance, usa materiais dedicados, sistemas de alta e baixa tensão, além de um gerenciamento térmico capaz de evitar fuga de corrente e proporcionar maior segurança.

“Hoje, quase 30 modelos híbridos de longo alcance (EREVs) são equipados com a primeira geração desta bateria, que garante mais de 400 km de alcance – só no modo elétrico”, detalha o diretor de tecnologia veicular da CATL, Gao Huan. “Esta configuração ofertará mais de 180 kWh em um sedã executivo, mas suas aplicações incluirão veículos pesados, como caminhões e ônibus, os setores náutico e aeronáutico, bem como uso no comércio e indústria”, acrescenta.

A nova tecnologia, que traz um avanço sem precedentes no nível atômico, aumentando a densidade volumétrica em até 60% e a densidade gravimétrica em até 50%, também mira os veículos autônomos (AVs) de Níveis 3 e 4, que demandam e demandarão fontes cada vez mais estáveis e confiáveis para operarem sem motorista.

Especificações incrementadas

Antes que ela se popularize, a CATL se concentrará na segunda geração da bateria Shenxing Superfast Charging, de carregamento super-rápido, que teve suas especificações incrementadas, aumentando a velocidade de recarga. “Com alcance de até 800 quilômetros, esta nova versão vai equipar 67 lançamentos, até o final deste ano”, afirma Huan.

Trata-se da primeira bateria LFP do mundo com esta autonomia e uma taxa de carregamento de pico de 12C, assegura o fabricante – na prática, sua potência de pico de 1,3 MW garante um alcance adicional de 2,5 km por segundo e uma velocidade de recarga três vezes mais rápida que a da primeira geração, lançada em agosto do ano passado.

“O pacote mantém uma potência de 830 kW, mesmo com carga baixa, podendo recuperar de 5% a 80% em apenas 15 minutos, o que é duas vezes mais rápido que o recorde atual”, assegura o executivo – apenas para o leitor ter uma referência, a BYD anunciou, há menos de dois meses, uma bateria de carregamento super-rápido com um multiplicador de 10C e 1 MW de potência de pico.

Naxtra: íons de sódio

Mas a novidade mais importante, até pelas suas possibilidades comerciais, é sua nova geração de baterias de íons de sódio (NIB), que aumentam a densidade de energia e oferecem maior alcance do que sua antecessora. A CATL confia tanto nesta tecnologia que lançou, recentemente, uma marca dedicada, a Naxtra, e exclusivamente focada no fornecimento das baterias NIB como alternativa às baterias de lítio convencionais.

“A Naxtra Battery expande os limites do desempenho do próprio material, alcançando a produção em massa de baterias de íons de sódio pela primeira vez”, sublinha Huan. Nesta primeira fase, a linha da nova marca será composta por dois conjuntos: um para automóveis de passeio e comerciais leves, além de um segundo – denominado Naxtra 24 V – para veículos pesados, ambos certificados para operações em uma faixa de temperatura que vai de -40° a 70° centígrados.

A CATL destaca que a bateria dedicada para automóveis mantém 90% de sua energia disponível a -40° e, mesmo em condições de energia extremamente baixas, com apenas 10% de carga restantes, ela não apresenta degradação significativa. Como o leitor pode conferir, trata-se de uma série de avanços que vão muito além dos micro-híbridos (MHEV) lançados recentemente no mercado brasileiro, veículos sem tração elétrica, com motorização abaixo de 60 volts e que, desde janeiro deste ano, sequer são classificados como eletrificados – mas vêm tapeando os incautos como autênticos EVs.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

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