Carro automático com câmbio CVT: vantagens e desvantagens

Veja prós e contras da transmissão de relações continuamente variáveis, cada vez mais presente em carros à venda no Brasil
JC
Por
26.04.2021 às 10:38
Veja prós e contras da transmissão de relações continuamente variáveis, cada vez mais  presente em carros à venda no Brasil

Por Guilherme Silva

Muita gente pensa que câmbio automático é tudo igual. No entanto, esse tipo de transmissão pode ser construído com diferentes concepções, embora a finalidade seja sempre a de dispensar a necessidade da ação do motorista nas trocas de marchas.

Já explicamos como funciona e quais são as principais vantagens e desvantagens do câmbio automático epicíclico (também conhecido como conversor de torque), o mais comum nos veículos comercializados no Brasil.

Anuncie seu carro sem pagar na Mobiauto

Mas há outro tipo de transmissão automática cada vez mais presente nos carros à venda em nosso mercado, principalmente nos modelos das marcas japonesas: o câmbio CVT. Curiosamente, o primeiro esboço de uma transmissão tipo CVT foi criado no século XV, por ninguém menos que o inventor italiano Leonardo da Vinci.

Obviamente que, na época, o conceito não era para um motor a combustão, mas sim para veículos que seriam propulsionados pela própria força humana. A introdução efetiva das caixas CVT na indústria automotiva só ocorreu no final da década de 1950, pelas mãos da empresa holandesa DAF.

Afinal, o que significa CVT?

CVT é a sigla, em inglês, para “Continuosly Variable Transmission”, que significa transmissão continuamente variável, na tradução livre para o português. 

Leia também: Multas de trânsito: valores, tipos, gravidade e quais suspendem a CNH

Como funciona a transmissão CVT?

O câmbio automático epicíclico possui um número determinado de marchas, definidas por um conjunto de engrenagens planetárias. Um conversor de torque hidráulico realiza um papel semelhante ao de uma embreagem e transmite a força do motor para a transmissão e, consequentemente, para as rodas do carro.

A transmissão CVT tem uma construção bem diferente. Ela não possui engrenagens, uma vez que é composta por duas polias de diâmetros variáveis, ligadas por uma correia metálica de alta resistência. Uma das polias é ligada ao motor do carro por meio do conversor de torque, enquanto a outra é conectada ao diferencial para transmitir a força do propulsor às rodas.

Conforme o diâmetro de uma das polias diminui, o da outra aumenta. Dessa forma, a relação de transmissão dos eixos é alterada. A relação do diâmetro entre as polias e a variação da velocidade de rotação definem a força enviada às rodas, fazendo o motor trabalhar quase sempre no giro ideal.

Leia também: Carro elétrico é o Lula x Bolsonaro do setor automotivo

Veja prós e contras da transmissão de relações continuamente variáveis, cada vez mais  presente em carros à venda no Brasil

É diferente dirigir um carro com câmbio CVT?

A operação do CVT por parte do motorista é idêntica à da transmissão automática de conversor de torque. Ela igualmente dispensa o pedal de embreagem e sua manopla possui basicamente as mesmas funções que a de um automático convencional: P (estacionar), D (dirigir), N (neutro), R (ré) e, por vezes, comandos como L (freio-motor) ou S (esporte).

Durante a condução do veículo, o condutor acaba notando que o CVT tem um funcionamento mais “liso” por não proporcionar trocas perceptíveis de marcha, visto que elas se alternam de maneira progressiva. 

Justamente por não haver trocas entre marchas com relações fixas, o câmbio CVT acaba desagradando parte dos consumidores, que estranham o ruído contínuo do motor, sem a intercalação ou os leves trancos proporcionados pela troca das marchas.

Por conta disso, muitos fabricantes programam suas transmissões CVT para simularem mudanças de marchas. É o que a maioria dos carros com esse tipo de caixa já oferece nos dias atuais. 

Leia também: Marcas de carro não estendem garantia na 2ª onda da pandemia 

Quatro vantagens do câmbio CVT

1) Menor consumo de combustível: além de possuir peças de menor atrito que as engrenagens do câmbio epicíclico, o CVT é desenvolvido para funcionar da maneira mais eficiente possível.

Um mesmo motor com câmbio continuamente variável consumirá menos combustível e ficará mais eficiente em termos de consumo de combustível, desperdício de energia e emissões do que se estivesse acoplado a uma caixa com conversor de torque. Em alguns casos, o CVT é mais eficiente até do que um câmbio manual.

2) Conforto: justamente por não ter os trancos das trocas de marchas, o CVT agrada quem procura um carro de tocada mais tranquila.

3) Durabilidade: assim como o câmbio automático de conversor de torque, o CVT é projetado para ter vida útil de, pelo menos, 300 mil quilômetros.

4) Menor custo de produção e manutenção: por ter concepção mais simples que a das caixas epicíclicas ou de dupla embreagem, especialmente aquelas banhadas a óleo, o CVT é menos complexo e mais barato de fabricar e de manter.

Leia também: Novo VW Polo: 5 novidades na Europa que o Brasil não deve receber

Quatro desvantagens do câmbio CVT

1) Dirigibilidade: a principal desvantagem do CVT é a experiência de condução peculiar, por não possuir marchas.

2) Maior nível de ruído: em situações que exigem mais desempenho do motor, como numa ultrapassagem ou subida de ladeira, ele costuma manter o propulsor em rotações elevadas, aumentando o nível de ruído a bordo e prejudicando o conforto dos ocupantes do veículo.

3) Menos força nas arrancadas: o câmbio CVT é um pouco mais lento nas arrancadas, mas alguns fabricantes (como a Toyota, por exemplo) já adotaram soluções como a adoção da primeira marcha com engrenagem física para atenuar essa característica.

4) Menor versatilidade: as caixas CVT costumam se adaptar bem apenas a motores com torque mais baixo, e possuem adaptação mais difícil a propulsores acima de 30 kgfm. É por isso que SUVs, picapes ou carros maiores costumam vir equipados com caixas automáticas epicíclicas ou automatizadas de dupla embreagem.

Leia também: Nova Toro com velho 1.8 é até 35% mais lenta, mas mais econômica que a turbo

Carros que usam câmbio automático CVT

Honda Fit, City, WR-V, HR-V e Civic

Toyota Corolla, Corolla Cross, Yaris e Yaris Sedan

Nissan V-Drive, Versa e Kicks

Caoa Chery Arrizo 5 e Arrizo 6

Renault Stepway, Logan, Duster e Captur

JAC T40, T50 e T60

Você também pode se interessar por:

Qual câmbio é melhor para você: manual, automático ou automatizado?
Câmbio automatizado de uma embreagem morre no Brasil e não fará falta
Como dirigir um carro automático? Aprenda de forma simples
Os 20 carros automáticos mais vendidos em 2020


Comentários