VW ID.3: órfãos do Golf estão preparados para um sucessor elétrico no Brasil?
O ID.3 será a primeira ou uma das primeiras chances de a Volkswagen se redimir com o consumidor brasileiro depois do fracasso do Golf GTE (híbrido), que chegou já defasado, justamente quando o modelo estava trocando de geração na Europa, e não teve quase nenhuma aderência, selando sua morte em nosso mercado.
Elétrico, o ID.3 não é um substituto direto do Golf, pelo menos não em outras regiões, visto que sua oitava geração muito viva, obrigado, na Europa. Mas, como o ID.3 tem porte similar, pode ser considerado o sucessor que a marca escolheu para ele em nosso país.
Por enquanto, o VW ID.3 está aqui só de passagem, para ser conhecido pela crítica. Tudo indica, porém, que o modelo ganhará visto de permanência junto com o SUV ID.4, também elétrico.
Será que fará sucesso? Com o Golf GTE, o brasileiro decidiu não aceitar pagar caro para levar o que outros países não queriam mais. Tanto que, das 100 unidades destinadas ao Brasil, poucas foram compradas por pessoa física, e quem acabou por arrematar o restante do lote foi a locadora de carros Unidas.
Já o ID.3 está entre os produtos mais modernos e recentes da fabricante, tendo saído fresquinho do forno. Terá um destino diferente do Golf GTE por aqui? A Mobiauto o conheceu de perto e mostra quais serão suas armas para isso. Confira em nosso vídeo do quadro Primeira Partida:
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Carro elétrico mais vendido no mundo
Desta vez a história parece ser diferente, já que o VW ID.3 foi lançado há pouco tempo, em 2019, no Salão de Frankfurt, e já é o carro elétrico mais vendido no mundo. Por se tratar de um modelo ainda atual e que está fazendo sucesso lá fora, pode se dar bem por aqui também.
O VW ID.3 já nasceu como elétrico e foi responsável por inaugurar a plataforma modular MEB. Para ficar mais claro, é como se fosse a MQB, só que para automóveis elétricos.
A Volkswagen tem feito voto de silêncio para os questionamentos se o ID.3 e ID.4 vêm para o Brasil. Mas o esforço de trazê-los até aqui e mover inúmeros jornalistas para conhecê-lo não deve ser em vão. A aposta da Mobiauto e de outros colegas do setor é que os dois, ou pelo menos um deles, estreiam oficialmente já em 2022.
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Se de fato isso acontecer, vamos para nossa próxima especulação, que é o que o modelo irá enfrentar por aqui. O mercado de carros 100% elétricos ainda não é muito vasto. Entre os modelos de marcas populares temos: Chevrolet Bolt, Nissan Leaf, Renault Zoe, Peugeot e-208 GT, alguns produtos da JAC e o recém-chegado Fiat 500e.
Sem querer ofender, não é lá uma concorrência para colocar tanto medo. Tanto que, até o momento, quem tem liderado o segmento de carros elétricos no Brasil são modelos do segmento premium/luxo, como Porsche Taycan, Audi e-tron e Volvo XC40.
Algumas horas com o VW ID.3 e algumas olhadas na sua ficha técnica nos fazem acreditar que, se a Volkswagen não pesar muito a mão no preço, tem tudo para desbancar os rivais, pois o ID.3 é mais potente, tem maior autonomia e é mais tecnológico (e ainda é bonito).
Mas chega de subjetividade, vamos deixar esse papel para a fabricante alemã. Vamos te contar em detalhes quem é o VW ID.3.
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Belo e espaçoso
O hatch médio elétrico da VW tem fortes atributos estéticos. Suas linhas curvilíneas são amigáveis, assim como os faróis em LED matriciais. Para dar um toque futurista, o cromado deu lugar a um feixe em LED que liga um farol ao outro no lugar da grade, mas a ousadia mesmo fica por conta do design das rodas aro 20.
O ID.3 difere de muitos carros elétricos, que têm uma frente chapada. As entradas de ar para o resfriamento dos componentes mecânicos caíram bem nele. A traseira também tem seus pontos fortes, como o visual arrojado das lanternas e os detalhes em preto piano que tomam praticamente toda a tampa do porta-malas.
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Em termos de proporções, pela foto dá para perceber que o ID.3 é mais altinho e musculoso que um Golf. Não é só por ser um hatch médio: é que essa forma mais bombadinha tem sido muito característica na nova família de elétricos da VW.
O espaço interno é muito bom também. Não tivemos a oportunidade de colocar cinco pessoas no modelo, mas de olho ele parece ter o tamanho necessário para cada um ficar no seu quadrado, muito graças aos excelentes 2,77 m de entre-eixos (afinal, não há um motor a combustão). Para as malas, estão reservados 385 litros.
Dimensões: 4.261 mm de comprimento, 2.770 mm de entre-eixos, 1.536 mm de largura, 1.809 mm de altura e 385 litros de porta-malas.
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Mais potente e com maior autonomia que a concorrência
Ainda não colocamos as mãos no ID.3 no asfalto para dizer se ele faz a concorrência comer poeira ou não. Por enquanto, o único rival que pode lhe dar trabalho ou deixá-lo na desvantagem é o Chevrolet Bolt.
Ambos têm números muito parecidos de potência e torque: o motor do VW ID.3 entrega 204 cv e 31,6 kgfm e, curiosamente, está no eixo traseiro! Já o do Bolt, dianteiro, rende 203 cv e 36,7 kgfm. No entanto, o 0 a 100 km/h é exatamente o mesmo: 7,3 segundos, segundo as fabricantes.
Em compensação, a autonomia do Volkswagen é uma das maiores do segmento: 426 km. Teoricamente, dá para ir de São Paulo (SP) a Angra dos Reis (RJ) sem precisar parar para recarregar. Supera com sobras os números de Nissan Leaf, Chevrolet Bolt, Renault Zoe e Fiat 500e.
Desempenho: Motor traseiro de 204 cv e 31,6 kgfm de torque / 0 a 100 km/h: 7,3 segundos / Velocidade máxima: 160 km/h /Câmbio: Automático / Tração: Traseira / Autonomia: 426 km
Dados técnicos: direção elétrica / Suspensão dianteira independente, McPherson e mola helicoidal e suspensão traseira independente, multilink e mola helicoidal / Freios a disco ventilado / Pneus 215/45 e rodas em liga leve aro 20.
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Tecnologias e preço do VW ID.3
O VW ID.3 traz muitos itens de série de última geração, como quadro de instrumentos digital flutuante, que proporciona uma visão perfeita no vão do volante.
Outro ponto que chama atenção é a central multimídia, muito intuitiva por sinal, pelo menos com o carro parado. Ela ainda tem sensor de gestos, podendo mudar as telas ao detectar o movimento de uma das mãos no ar em vez do toque. Mas fica a critério do usuário: particularmente, achamos que o toque segue mais prático e eficiente.
Para ficar mais simples a seleção do ar, a central traz o nome de cada função e não apenas os ícones, por exemplo: “resfriamento rápido do carro”, “”aquecimento das mãos”, “aquecimento dos pés” etc.
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Já os assistentes de condução incluem frenagem de emergência com reconhecimento de pedestres e ciclistas, assistente de manutenção em faixa e leitura de sinalizações de trânsito são ilustrados com imagens.
Se a VW não confirma se o ID.3 vem ou não, tampouco dá pistas sobre o preço. Mas nós bem sabemos que esse futuro 100% elétrico custará caro. Na Europa, o hatch é comercializado em três versões, entre € 35.460 e € 42.620. Na conversão direta, estamos falando de R$ 226.080 a R$ 271.730.
Claro que, para desembarcar em solo brasileiro, mais algumas taxas serão acrescentadas. Então, especulando mais um pouco, não é o VW ID.3 que vai democratizar o segmento de elétricos, mas pode ser o primeiro carro elétrico de marca mais “popular” a conquistar um lugar ao Sol no Brasil.
Imagens: Volkswagen / Ilana Zaninni
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