Teste: Volvo EX40 muda de nome, mas SUV elétrico mantém a essência
Eu estava lá, em 2019, quando o então Volvo XC40 Recharge foi apresentado mundialmente. Também presenciei o anúncio da subsidiária brasileira que o XC40, híbrido à época, seria vendido apenas na versão elétrica por aqui - a partir de 2022. Era um passo ousado, mas a marca sueca foi pioneira na transição e estabeleceu que iria vender somente carros elétricos no planeta - inclusive no Brasil - até 2030.
A Volvo só não contava que o mundo fosse demorar um pouco mais para virar a chave da eletrificação e, claro, voltou atrás na decisão, em 2024. Por isso, manteve seus carros híbridos e, consequentemente, os motores a combustão em linha. O XC40 Recharge, no entanto, não teve jeito. A Volvo não promoveu o retorno da variante híbrida. A fabricante deu apenas um tapa no visual e mudou a nomenclatura para ficar em linha com a gama atual - vide EX30, EX90 e o futuro EX60.
Reprodução/Mobiauto
Por aqui, o agora EX40 é vendido em duas versões. A mais ‘em conta’ (esta das fotos) se chama Plus, custa R$ 329.950 e tem apenas um motor elétrico instalado na traseira. São 238 cv e quase 43 kgfm. Os números podem parecer singelos em um primeiro momento, mas, na prática, funcionam bem diferente.
O SUV elétrico é um modelo bom de dirigir e com potência de sobra para sair de enroscos no trânsito ou fazer ultrapassagens com bastante segurança na estrada graças ao torque instantâneo inerente aos modelos elétricos. Segundo a Volvo, são 7,8 segundos para atingir os 100 km/h, uma marca considerável levando em conta as duas toneladas do pesado SUV.
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Mesmo com essa massa superlativa, o EX40 é amigável no dia a dia, com uma direção leve para os momentos de estacionar ou ganha mais peso com ajustes na central multimídia para uma condução mais assertiva.
Além disso, o modelo mostra ainda uma belíssima qualidade de construção. O acerto de suspensão é firme, mas fica naquela região limítrofe entre o conforto e absorção em partes mais esburacadas sem deixar a dinâmica de lado, segurando a carroceria e dando confiança para fazer curvas.
No quesito bateria, são 70 kWh e uma autonomia, segundo o Inmetro, de 364 km. A distância é mais que suficiente para rodar na cidade, fazer viagens curtas sem precisar parar (muito) para carregar e, de quebra, amenizar a famosa range anxiety - aquela preocupação de ficar monitorando a carga a todo momento e com o risco de acabar no meio do caminho.
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Vale lembrar que o EX40 ainda tem uma configuração mais cara, a Ultra, com dois motores elétricos, 408 cv, quase 70 kgfm, tração integral e bateria de 82 kWh de capacidade. Com esse conjunto, o SUV consegue rodar cerca de 400 km - ou 393 km para ser mais específico - e o zero a 100 km/h cai para 4,8 s.
Dentro, o Volvo, apesar da versão mais barata, tem ótimo acabamento e escolha de materiais. Um destaque é o painel de instrumentos digital que agora exibe instruções do GPS (seja Waze ou Google Maps) na tela de 12,3 polegadas e desobriga o motorista a desviar muito o olhar.
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O multimídia com tela vertical de 9” cumpre sua função de centralizar os comandos do carro de forma intuitiva e bem completa, porém sem o frescor dos novas tecnologias da marca - ainda mais considerando o EX30, um carro no degrau abaixo em termos de valor, que tem uma central mais moderna, tecnológica e de altíssima resolução
Atrás, o espaço é ideal para duas pessoas. Um terceiro ocupante central pode ficar desconfortável devido ao túnel central mais alto e o assento mais estreito. Já o porta-malas leva bons 410 litros, sem falar no compartimento adicional de 31 l na dianteira (sob o capô). Traz também diversos equipamentos de segurança, como alerta de mudança de faixa, controle de cruzeiro adaptativo, pilot assist, aviso de colisão traseira, entre outros.
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O EX40 mudou de nome, mas manteve sua essência de um SUV elétrico premium com boa dose de tecnologia, desempenho e espaço interno. Entretanto, apesar de suas qualidades, o EX40 já tem, digamos, uma certa idade. Usa a base da atual geração do XC40, que surgiu lá em 2017. Ou seja, lá se vão oito anos desde a estreia e apenas reestilização discreta. O interior é bem resolvido, mas já não surpreende mais como outrora. Talvez esteja na hora de mais do que uma simples mudança de nome.
Por Raphael Panaro