Por que o VW Gol está vendendo tanto mesmo à beira da morte
O VW Gol está com os dias contados no Brasil e não deve chegar a 2023. Já no fim da vida, o hatch apresentava vendas cada vez menos expressivas até três meses atrás, quando teve um aumento de 734% nos emplacamentos de abril para maio.
E não foi apenas um mês de sorte, já que os números aumentaram em junho e aparece a frente da Fiat Strada, no primeiro lugar do ranking, na lista parcial de julho divulgada pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
O que faz muitos quererem saber o motivo do VW Gol estar vendendo tanto, e nós sabemos por quê. Confira abaixo as vendas do hatch neste ano:
Emplacamentos VW Gol em 2022:
Janeiro: 3.435 (8º lugar)
Fevereiro: 1.710 (25º lugar)
Março: 1.193 (32º lugar)
Abril: 837 (38º lugar)
Maio: 6.980 (5º lugar)
Junho: 9.435 (2º lugar)
Julho (primeira quinzena): 5.799 (1º lugar)
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Antes de contar os motivos, vamos relembrar algumas coisas importantes: a última vez que o Gol trocou de plataforma foi em 2008, quando adotou a base PQ24 do finado Fox e da quarta geração do Polo, lançada em 2002.
Ou seja, nosso atual Gol remonta a uma plataforma com mais de 20 anos de existência e, desde então, tem se renovado apenas com reestilizações e atualizações mecânicas. A mais recente delas, aplicada este ano, adequou-o ao Proconve L7, matando as configurações 1.6 8V manual e 1.6 16V automática.
Sem estofo tecnológico para enfrentar concorrentes mais atuais e com motor turbo, como Hyundai HB20 e Chevrolet Onix, o Gol perdeu a liderança nas vendas em 2014 e se tornou mero coadjuvante no mercado.
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Resolveu voltar ao protagonismo apenas nos últimos meses, justamente em meio à sinalização de que deixará de ser produzido até o fim deste ano, para dar lugar ao Polo Track na fábrica de Taubaté (SP).
É uma boa notícia para os concorrentes, que precisarão se preocupar com o rival por pouco tempo. A má notícia para eles é que o seu sucessor, o PoloTrack, deve assumir esse papel popularesco e, provavelmente, terá os atributos necessários para uma boa briga.
A pergunta é: se o VW Gol já está defasado e prestes a ser substituído, o que explica um crescimento exponencial nas vendas a essa altura do campeonato?
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2 Motivos que explicam o VW Gol estar vendendo tanto
1º A crise dos semicondutores
A queda nas vendas do VW Gol de fevereiro a abril se deu não apenas por falta de interessados, mas por falta de modelos. No início de abril, acabou a suspensão temporária de contrato por falta de semicondutores na fábrica de Taubaté, onde o Gol é produzido.
O intervalo de dois meses atingiu 800 funcionários, fazendo com que as vendas do Gol e do Voyage despencassem.
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Com a normalização da produção e, enquanto outros rivais ainda enfrentam problemas com escassez de peças, por precisarem de mais semicondutores, a VW aposta firme na produção do Gol, que depende de menos chips para ser fabricado, justamente por ser um projeto mais antigo.
O modelo tem aproveitado para tirar vantagem enquanto ainda dá tempo, e também pode ter um suprimento melhor de outras matérias-primas, como plásticos, que também vinham em falta nos meses anteriores.
2º Vendas diretas
Boa parte das vendas do VW Gol não são para pessoas físicas. Pelo contrário, o Gol é dos carros queridinhos de frotistas. Especialmente locadoras têm encontrado enorme escassez de oferta, com uma demanda reprimida de cerca de 600.000 unidades no ano, segundo a Anfavea (associação nacional dos fabricantes).
Com o modelo prestes a sair de linha, as empresas têm comprado tudo o que podem, já que o Gol é o quarto carro mais barato à venda no Brasil, ficando atrás apenas do Renault Kwid e dos irmãos Fiat Mobi e Argo.
E se você pensa que eles compram um Gol pelos salgados R$ 75.000 cobrados no varejo, por um hatch 1.0 e que passou por sua última atualização em 2018, ledo engano. Para esses frotistas, o Gol vem sendo oferecido com bom desconto. É por isso que mais de 80% dos emplacamentos do modelo têm sido na modalidade de venda direta.
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A faculdade me fez jornalista, a vida me fez aficionada por carros esportivos e adrenalina. Unindo paixão e profissão, realizo a missão de conectar pessoas com o universo automotivo, mas confesso que já tentei pilotar um kart e não deu muito certo.
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