O engenhoso motor que varia de 243 a 483 cv e equipará todos GWM nacionais

Conjunto híbrido DHT é cheio de peculiaridades e será usado desde o SUV urbano Haval Jolion até o jipe de sete lugares Tank 500
Camila Torres
Por
21.06.2022 às 17:46
Conjunto híbrido DHT é cheio de peculiaridades e será usado desde o SUV urbano Haval Jolion até o jipe de sete lugares Tank 500

A Great Wall Motors (GWM) explicou em detalhes na manhã desta terça-feira (21), em um evento online, como funciona o complexo sistema que equipará todos os SUVs híbridos que serão comercializados pela fabricante chinesa no Brasil.

Caso você não lembre, a empresa chinesa comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) e ingressará em nosso mercado com dez produtos híbridos de três marcas, a serem lançados até 2025: Haval (SUVs), Tank (jipes) e Poer (picapes). Posteriormente, virão também veículos elétricos de outra marca, a ORA.

A produção começa no segundo semestre do ano que vem, mas, antes disso, ela lançará alguns modelos importados. O primeiro será o SUV médio Haval H6 PHEV, um híbrido plug-in cujo plano de lançamento aqui foi revelado em primeira mão pela Mobiauto. Ele será apresentado no fim deste ano e ganhará as ruas no começo de 2023.

Todo esse plano será colocado em prática a partir de um orçamento de nada menos que R$ 10 bilhões. O mais surpreendente é que todos esses híbridos usarão uma mesma motorização, exceto as picapes. Isso quer dizer que desde o SUV compacto-médio Jolion ao gigante jipe de sete lugares Tank 500 usarão a tecnologia DHT.

Conjunto híbrido DHT é cheio de peculiaridades e será usado desde o SUV urbano Haval Jolion até o jipe de sete lugares Tank 500

O conjunto é formado por um motor a 1.5 turbo a combustão de ciclo Miller e injeção direta (inicialmente apenas a gasolina, depois convertido para flex), uma engenhosa transmissão e um pacote de motores elétricos que permitirá a adoção de tração dianteira ou integral.

Conhecida como DHT (Tecnologia Híbrida Dedicada, na sigla em inglês), a transmissão merece atenção especial, mas falaremos mais sobre ela daqui a pouco. O que mais chama a atenção é que, dentro desse sistema, os veículos podem variar entre 243 e 483 cv, e de 54 e 77 kgfm. 

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São 240 cv de variação em potência e 23 kgfm de diferença em torque, a serem explorados de acordo com a necessidade e o posicionamento do modelo. E ainda há a opção de aplicar ou não tração nas quatro rodas.

Conjunto híbrido DHT é cheio de peculiaridades e será usado desde o SUV urbano Haval Jolion até o jipe de sete lugares Tank 500

Como o sistema é cheio de peculiaridades e curiosidades, resolvemos tornar a explicação mais didática dividindo em seis perguntas que, esperamos, serão suficientes para você entender e até explicar esta engenhosa tecnologia em uma conversa na roda de amigos.


6 Perguntas para entender como funciona o motor DHT híbrido da GWM 


1. Quais os motores híbridos do sistema DHT da GWM?

O sistema DHT engloba três versões de motor híbrido: o HEV (híbrido convencional, PHEV (híbrido plug-in com apenas um motor elétrico dianteiro) e PHEV P4, com dois motores elétricos, sendo um dianteiro e um traseiro, formando tração integral. 

O mais curioso é que as três versões usam o mesmo propulsor 1.5 turbo de ciclo Miller como base, assim como o motor elétrico dianteiro, chamado pela GWM de “Dual Motor”, porque faz as vezes de gerador e tracionador ao mesmo tempo, e a transmissão DHT. Com a padronização, os custos diminuem.

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2. Qual a diferença dos sistemas HEV e PHEV da GWM?

Conjunto híbrido DHT é cheio de peculiaridades e será usado desde o SUV urbano Haval Jolion até o jipe de sete lugares Tank 500

Ambos usam o mesmo conjunto mecânico, só que nos híbridos PHEV, ou com recarga externa, os modelos contarão com uma bateria maior, de 43 kWh, digna de um carro elétrica. Ela demandará recarga externa e, segundo a GWM, proporcionará um alcance de até 200 km (ciclo NEDC) em modo apenas elétrico.

Já os híbridos HEV terão uma bateria bem menor, de 1,8 kWh, que servirá basicamente para auxiliar o motor a combustão em momentos como arrancadas e retomadas mais fortes. É mais ou menos como opera o sistema híbrido flex da Toyota, cuja bateria possui 1,3 kWh de capacidade.

Por isso mesmo, os modelos HEV e PHEV com tração dianteira da GWM ocuparão sempre a mesma faixa de potência e torque. Já os modelos PHEV P4 acrescentarão um motor elétrico traseiro, responsável por tracionar aquelas rodas. Por isso, nesse caso, os modelos serão 4x4 e mais potentes: entre 393 e 483 cv.

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Confira abaixo algumas características de cada versão híbrida da GWM.

HEV: 

  • Motor 1.5 Turbo + transmissão DHT + um “dual motor” elétrico dianteiro (geração e tração)
  • Tração dianteira (FWD)
  • Bateria de 1,8 kWh recarregada pelo motor a combustão ou pela energia dissipada nas frenagens
  • Entre 243 e 393 cv de potência / Entre 54 e 58,1 kgfm de torque
  • 0 a 100 km/h entre 6,5 e 8 segundos
  • Seis modos de tração: EV (tração elétrica), Serial (tração elétrica, com o motor a combustão servindo de gerador para a bateria), Paralelo Low Speed (tração térmica na marcha mais baixa), Paralelo High Speed (tração térmica na marcha mais alta), Paralelo Full Power (motores a combustão e elétrico trabalham em conjunto para tracionar as rodas, com o dual motor elétrico dianteiro ajudando a ampliar o torque do 1.5 turbo) e Regenerativo (regeneração da energia dissipada em desacelerações e frenagens). 

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PHEV: 

  • Motor 1.5 Turbo + transmissão DHT + um “dual motor” elétrico dianteiro (geração e tração)
  • Tração dianteira (FWD)
  • Bateria de 1,8 kWh recarregada pelo motor a combustão, pela energia dissipada nas frenagens ou por recarga externa
  • Autonomia de até 200 km no modo elétrico (NEDC) 
  • Potência entre 243 e 393 cv / Torque entre 54 e 58,1 kgfm
  • 0 a 100 km/h entre 6,5 e 8 segundos
  • Seis modos de tração: EV (tração elétrica), Serial (tração elétrica, com o motor a combustão servindo de gerador para a bateria), Paralelo Low Speed (tração térmica na marcha mais baixa), Paralelo High Speed (tração térmica na marcha mais alta), Paralelo Full Power (motores a combustão e elétrico trabalham em conjunto para tracionar as rodas, com o dual motor elétrico dianteiro ajudando a ampliar o torque do 1.5 turbo) e Regenerativo (regeneração da energia dissipada em desacelerações e frenagens). 

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PHEV P4: 

  • Motor 1.5 Turbo + transmissão DHT + um “dual motor” elétrico dianteiro (geração e tração) e um motor elétrico traseiro de tração
  • Tração integral (AWD)
  • Autonomia de até 180 km no modo elétrico (NEDC)
  • Distribuição inteligente de torque entre os dois eixos e as rodas: a tração varia automaticamente conforme o nível de aderência e o tipo de piso identificado eletronicamente
  • Potência entre 393 e 483 cv / Torque em 77 kgfm
  • 0 a 100 km/h entre 4,8 e 5 segundos
  • Seis modos de tração: EV (tração elétrica), Serial (tração elétrica, com o motor a combustão servindo de gerador para a bateria), Paralelo Low Speed (tração térmica na marcha mais baixa), Paralelo High Speed (tração térmica na marcha mais alta), Paralelo Full Power (motores a combustão e elétrico trabalham em conjunto para tracionar as rodas, com o dual motor elétrico dianteiro ajudando a ampliar o torque do 1.5 turbo), Regenerativo (regeneração da energia dissipada em desacelerações e frenagens) e Off-Road
  • Modo de condução off-road: a baixas velocidades atuam os modos elétrico e serial. A médias e altas, os modos Paralelos entram em ação
  • Veículos capazes de subir rampas com até 65% de inclinação. 

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3. Como um mesmo conjunto mecânico oferece de 243 a 483 cv?

Conjunto híbrido DHT é cheio de peculiaridades e será usado desde o SUV urbano Haval Jolion até o jipe de sete lugares Tank 500

A resposta é muito simples: através de diferentes calibragens tanto do motor 1.5 turbo quanto dos elétricos, o que confere essa diferença de elasticidade de até 240 cv. 

Porém, só variam entre 393 cv e 483 cv os modelos da variante PHEV P4, que possuem o motor elétrico extra no eixo traseiro. Já os modelos HEV e PHEV com só o dual motor elétrico dianteiro ficarão sempre entre 243 e 393 cv, e entre 54 e 58,1 kgfm. A potência e o torque variam dentro dessas faixas de um carro para o outro. 

Por exemplo, um SUV compacto-médio como o Jolion poderá perfeitamente operar com a calibragem mais baixa, voltada à eficiência energética, enquanto o jipe de sete lugares Tank 500 demandará e a especificação com mais potência e torque. Já um SUV médio, como o Haval H6, transitará em uma faixa intermediária.

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4. Como funcionam os motores elétricos do sistema DHT?

Os carros híbridos costumam contar com dois motores elétricos, um para tracionar as rodas e outro gerador, responsável por puxar ou devolver eletricidade às baterias. O sistema DHT da GWM tem como diferencial unificar essas duas funções em apenas um motor elétrico dianteiro.

Por isso, ele é chamado de “Dual Motor”, cumprindo três funções: tracionar as rodas, sozinho ou em conjunto com o motor a combustão; usar a energia do 1.5 turbo ou das frenagens para recarregar as baterias; auxiliar o motor a combustão no modo Full Power, gerando mais torque quando necessário.

Já o motor elétrico traseiro é mais simples e, quando aplicado, opera apenas para levar força às rodas daquele eixo.

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5. Como funciona o câmbio do motor DHT híbrido?

Sim. O câmbio é outro item que diferencia os carros da GWM de outros modelos híbridos, pois ele não possui uma relação de marchas convencional. Em vez disso, possui apenas duas engrenagens e duas marchas: uma para médias velocidades (entre 60 e 70 km/h) e outra para velocidades de cruzeiro (a partir de 70 km/h). 

A baixas velocidades, nas arrancadas e retomadas, o sistema sempre priorizará a motorização elétrica para tração, com o propulsor 1.5 turbo servindo de gerador de energia. Por isso não foi necessário adicionar uma marcha mais baixa.

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6. Como são os modos de tração no sistema DHT?

Conjunto híbrido DHT é cheio de peculiaridades e será usado desde o SUV urbano Haval Jolion até o jipe de sete lugares Tank 500

O sistema DHT tem seis modos de tração, que não são selecionados manualmente pelo motorista, mas sim automaticamente pelo próprio sistema, a fim de promover a direção mais eficiente possível. Na imagem abaixo, é possível entender como isso funciona na prática e em que momento cada modo entra em ação. 

Modo EV

Nele, as rodas são tracionadas apenas pelo motor elétrico, sem regeneração de energia, o que significa que não há qualquer gota de combustível sendo consumida. Atua a baixas velocidades, velocidades de cruzeiro, acelerações suaves e manobras de estacionamento. Pode ficar em ação a até 35 km/h na variante HEV, e a até 140 km/h nas PHEV.

Modo Serial

Neste modo, o motor a combustão entra em ação apenas para ajudar a recarregar as baterias (o que significa algum consumo de combustível), mas o responsável por tracionar as rodas ainda é o elétrico.

Modo Paralelo Low Speed

Aqui o motor a combustão traciona as rodas por meio da marcha de média velocidade, mas o elétrico pode entrar em ação a qualquer momento como auxiliar. Este modo funciona a velocidades entre 60 e 70 km/h.

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Modo Parelelo High Speed

É muito parecido com o Low Speed, mas com a marcha mais alta do câmbio, atuando a velocidades mais elevadas (acima de 70 km/h).

Modo Paralelo Full Power 

Em situações que demandam mais potência e torque imediatos, como retomadas em kickdown ou arrancadas rápidas, os motores a combustão e elétrico trabalham em conjunto para tracionar as rodas. Ao mesmo tempo, o Dual Motor dianteiro gera torque adicional para o motor a combustão. 

Modo regenerativo

Quando o motorista frear ou estiver em um declive, o sistema regenerativo é acionado para recuperar a energia das baterias. Através da central multimídia, o condutor pode regular os níveis de intrusão da função one pedal, que intensifica ou suaviza a frenagem regenerativa.

Errata: Diferente do que informamos na primeira versão desta matéria, as picapes GWM não usarão a tecnologia DHT. Ela será destinada aos SUVs híbridos da marca. O texto foi atualizado e a informação foi corrigida em 22/06/2022. Deixamos aqui nosso pedido de desculpas.

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