Carro híbrido importado aguenta 50.000 km de Brasil? Veja um desmontado

GWM promoveu desmonte do SUV híbrido Haval H6 HEV para mostrar de forma detalhada como está a mecânica do SUV após rodar 50.000 km no Brasil
Vinicius Moreira
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23.10.2023 às 11:20 • Atualizado em 26.10.2023
GWM promoveu desmonte do SUV híbrido Haval H6 HEV para mostrar de forma detalhada como está a mecânica do SUV após rodar 50.000 km no Brasil

Com o objetivo de conquistar ainda mais a confiança do público nacional, a GWM realizou o desmonte de um Haval H6 HEV com 50.000 km rodados em solo brasileiro. A avaliação foi realizada peça por peça em uma concessionária da marca em São Paulo (SP), para mostrar o estado detalhado do SUV após trafegar a quilometragem de Norte a Sul do país, utilizando a gasolina comum disponível nos postos nacionais.

A versão do GWM Haval H6 analisada foi a Premium HEV, opção de entrada da gama, com motorização híbrida plena. A Mobiauto já explicou o sistema neste artigo. Sua diferença para a configuração PHEV, avaliada neste outro artigo, é o banco de baterias bem menor, caindo de 34 para 1,6 kWh, e a ausência de recarga externa. Além disso, ele possui apenas um motor elétrio de tração dianteiro e tração 4x2. Ou seja, é uma mecânica ligeiramente mais simples.

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Como ficou o Haval H6 após 50.000 km? 

Para a análise, a montadora chinesa convidou o especialista em mecânica automotiva Fábio Fukuda. Conhecido por anos de trabalho no teste de Longa Duração da revista Quatro Rodas, Fukuda deixou suas impressões finais sobre a condição do carro. O especialista explicou que o desmonte do SUV médio híbrido durou três dias, enquanto o relatório foi finalizado em apenas 24 horas.

1. Motor 

“A primeira coisa que chamou atenção durante o desmonte do Haval H6 foi a desmontagem dos cilindros. Eles ainda têm marcas de brandimento originais e um desgaste muito pequeno. As medidas estão dentro do esperado, além de não ter marca de carbonização”, explicou Fukuda.

“O mesmo acontece no virabrequim: não temos desgaste nos colos da peça, seja nos munhões ou nos moentes. Isso se reflete no estado das bronzinas de mancal, que estão sem marca alguma. Nas bronzinas de biela, o desgaste é mínimo”, seguiu.

“Outra dúvida que muita gente costuma ter é a questão da carbonização na cabeça dos pistões. É bem pequena, assim como nas laterais e nas saias, que ainda têm o coat, que é aplicado na fábrica”, acresceu.

Fukuda também destacou a carbonização mínima das válvulas de admissão em comparação com outros veículos de quilometragem similar. O mesmo se repetiu quando o especialista analisou os comandos de válvula, sem marcas de degradação por falta de lubrificação.

No geral, Fukuda ressaltou que o motor 1.5 turbo do Haval H6 “chama atenção pelo desgaste mínimo”.

2. Freios 

Em relação ao sistema de freios, Fukuda afirmou que tanto os discos ventilados dianteiros quanto discos sólidos traseiros foram encontrados “praticamente sem desgaste”, assim como as pastilhas. Isso mesmo os freios sendo um dos pontos de mais críticas entre os clientes, que reclamam do pedal excessivamente baixo e borrachudo, demorando a responder aos comandos de frenagem.

3. Suspensão 

“Além do motor, chamou muita atenção pela robustez do conjunto [de suspensão]. Os amortecedores dianteiros não têm nenhuma marca de vazamento ou folga nas hastes, assim como os coxins não apresentaram folga nenhuma”. O jogo traseiro, segundo ele, também se encontra íntegro. “É um carro que realmente surpreende pela qualidade construtiva, durabilidade e robustez das peças”, finalizou Fukuda.

4. Interior 

A vedação do Haval H6 também foi elogiada pelo mecânico: “A quantidade de fixações do acabamento faz com que ele fique realmente rígido no carro. E [com isso] você não tem barulhos, fretas, deformações e isso se repete por todos eles [acabamentos]”.

5. Baterias 

Para responder essa pergunta, a GWM escalou o diretor de pós-venda da marca aqui no Brasil, Daniel Conte. “A vida útil da bateria está associada a diversas variáveis: uma delas é o pé da pessoa que está dirigindo. Outra é a temperatura média do local em que a pessoa está andando, mas o fato é que, em condições normais de uso, mesmo após 50.000 km, é muito comum a vida útil da bateria estar superior a 90%”, analisa.

6. Câmbio 

Vale lembrar que o sistema de transmissão DHT, do GWM Haval H6, é composto apenas por duas engrenagens mecânicas, conforme explicamos detalhadamente neste outro artigo. Isso significa que apenas a velocidades mais altas, de cruzeiro, o motor a combustão[LF1]  é protagonista. Já a velocidades mais baixas e médias, nos momentos de retomada e arrancada, o motor elétrico entra e cena e preenche as lacunas entre as relações de marcha.

Não menos importante, o Haval H6 possui dois sistemas de arrefecimentos, um para o motor e o outro dedicado ao conjunto motriz elétrico e câmbio. “Dentro dessa tecnologia, já esperava um desgaste muito menor do câmbio, tantos das engrenagens como dos óleos e fluidos, ainda mais com o sistema de arrefecimento do carro para o câmbio”, relatou Fukuda.

7. Volume da seta

Um dos comportamentos mais criticados, até o momento, por donos do Haval H6 é o volume da chave de seta quando acionada dentro da cabine. De acordo com o CCO da GWM no Brasil, Oswaldo Ramos, a resolução do incômodo está ligada à tecnologia automotiva equipada no H6.

“Esse é um dos problemas que as pessoas mais pedem uma melhoria ou solução. É acima da média [o volume] do que a gente [brasileiros] está acostumado, mas [a resolução dessa questão] não está só no software”, explicou.

“O volume está no menor possível para o hardware do sistema de seta. Não foi possível abaixar mais. Será necessário fazer uma alteração no projeto de hardware, não só para diminuir, como para customizar o volume”. Ramos enfatizou que a melhoria será possível, desde que o novo pacote de hardware seja implementado no SUV.

Como é o GWM Haval H6 

A família GWM Haval H6 está disponível no Brasil em dois tipos de carroceria. As versões HEV, de entrada, e a intermediária PHEV, utilizam um desenho convencional de SUV médio de cinco lugares. Já opção GT, topo de linha, possui visual dianteiro exclusivo e uma traseira própria, ao estilo de SUV cupê.

Os três utilizam como base um motor 1.5 turbo a gasolina de ciclo Miller, aliado à motorização DHT, mas o H6 HEV traz um sistema híbrido convencional, mais simples, com apenas um motor elétrico de tração dianteiro e um banco de baterias menor, com 1,6 kWh, sem opção de recarga externa. Ele se regenera a partir da energia do próprio motor térmico e da energia cinética dissipada nas frenagens. Rende 243 cv de potência e 54 kgfm de torque.

Já as configurações PHEV e GT usam contam com motorização híbrida do tipo plug-in, com possibilidade de recarga externa. Nela, o banco de baterias possui 34,7 kWh de capacidade, gerando mais de 100 km de autonomia em modo apenas elétrico. Com um motor elétrico de tração adicional, no eixo traseiro, ambos passam a contar com tração integral e alcançam 393 cv de potência e 77,7 kgfm de torque.

As medidas do GWM Haval H6 também chamam atenção, principalmente pelo espeço interno. No total, são 4.683 mm de comprimento, 1.886 mm de largura, 1.730 mm de altura e 2.738 mm de entre-eixos. Já o cupê é mais espichado com 4.727 mm de comprimento, 1.940 mm de largura, 1.729 mm de altura e 2.738 mm de entre-eixos.

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