Quilometragem fantasma: por que ela pode afetar a manutenção do carro
Você já se viu parado no trânsito, com o motor ligado, e notou que a quilometragem do carro não aumenta? Esse fenômeno é conhecido como quilometragem fantasma e caso ele aconteça com frequência pode prejudicar a mecânica do seu carro e exigir um manutenção preventiva antecipada.
A Mobiauto conversou com Pedro Luiz Scopino, especialista em mecânica automotiva, que explicou em detalhes esse comportamento do veículo, muitas vezes ignorado, mas bastante recorrente, principalmente nas grandes cidades, como São Paulo (SP).
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O que é quilometragem fantasma?
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A quilometragem fantasma ocorre quando o veículo permanece com o motor ligado, mas parado, como em congestionamentos. Nessa situação, diversos sistemas continuam em funcionamento: há consumo de combustível, desgaste de componentes, contaminação do óleo e aumento da temperatura do motor. No entanto, como as rodas não estão em movimento, o hodômetro (o medidor de quilometragem) não registra esse uso.
“Quando o carro está parado no trânsito, cria-se uma distorção na lógica da manutenção. Enquanto aeronaves têm manutenções programadas por horas de voo, os veículos seguem a quilometragem registrada. Com o motor ligado e o carro parado, esse controle se torna impreciso, o que exige atenção”, explica Scopino.
Ainda segundo o especialista, o funcionamento ideal do motor ocorre com rotações mais baixas, boa ventilação e fluxo contínuo de ar. Em situações de trânsito intenso, o motor trabalha em marcha lenta, com acionamento frequente da embreagem e ventilação reduzida. Esses fatores aumentam o desgaste dos componentes, mesmo sem registro no painel. Em veículos com câmbio automático, o efeito é semelhante e causa alto desgaste sem acréscimo proporcional na quilometragem.
Qual o impacto na manutenção?
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Esse tipo de uso pode comprometer o planejamento da manutenção preventiva. Como os veículos não registram o tempo de funcionamento do motor, o proprietário pode acreditar que está dentro do intervalo recomendado, quando, na realidade, o desgaste já exige atenção.
Por isso, para quem enfrenta trânsito diariamente ou utiliza o veículo em condições severas, é recomendável antecipar as revisões. Se o manual do fabricante indica manutenção a cada 10 mil quilômetros ou doze meses, para quem se enquadra no uso severo, o ideal é reduzir esse intervalo pela metade: 5 mil quilômetros ou seis meses.
O cenário ideal seria que os automóveis também considerassem o tempo de funcionamento do motor, assim como ocorre na aviação. Como isso ainda não é realidade, o mais seguro é adotar uma combinação de quilometragem + tempo para garantir uma manutenção adequada e evitar problemas futuros.
Por Marcela Cavirro