Caoa vence ação contra Hyundai e Brasil terá picape Santa Cruz e novo Tucson

Após três anos de briga judicial, decisão de tribunal de arbitragem abre caminho para representante importar e até montar novos carros da marca no país
LF
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23.07.2021 às 11:38
Após três anos de briga judicial, decisão de tribunal de arbitragem abre caminho para representante importar e até montar novos carros da marca no país

Após três anos de litígio, o grupo Caoa recebeu decisão favorável do tribunal de arbitragem de Frankfurt (Alemanha) para continuar sendo o representante oficial de veículos importados da Hyundai no Brasil. O desfecho da ação foi revelada na última quinta-feira (23) pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Em maio deste ano, no artigo “Hyundai Santa Cruz: entenda as chances de picape rival da Toro vir ao Brasil”, a Mobiauto mencionou que o lançamento do modelo dependia do desfecho dessa batalha, iniciada em 2018. 

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Com o julgamento favorável à companhia brasileira, abre-se o caminho não apenas para a comercialização, como também para a montagem local da própria Santa Cruz em Anápolis (GO), bem como da nova geração do SUV médio Tucson.

Conforme nossa reportagem vem antecipando desde novembro do ano passado, Santa Cruz e Tucson, ambos irmãos de plataforma, são os dois carros da Hyundai presentes na lista de dez novos modelos que a Caoa prometeu produzir na fábrica goiana até 2025 com um investimento de R$ 1,5 bilhão.

Além deles, a empresa liderada pelo empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade pode destravar a importação de outros modelos, como a nova geração do sedan médio Elantra.

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Após três anos de briga judicial, decisão de tribunal de arbitragem abre caminho para representante importar e até montar novos carros da marca no país
Nova geração do Tucson é um dos modelos que a Caoa deve montar localmente em Anápolis

Entenda a disputa entre Caoa e Hyundai

Os caminhos da Caoa e Hyundai Motor Company se cruzaram oficialmente em 1999. Naquele ano, o grupo brasileiro já havia estabelecido uma das maiores redes de concessionárias no país, com revendas especialmente da Ford.

No entanto, havia perdido alguns meses antes o direito de ser a importadora da Renault, porque a marca francesa decidiu instalar uma filial no país, com direito a fábrica em São José dos Pinhais (PR).

“Órfã” da Renault, a Caoa apostou então suas fichas na Hyundai, que ainda não era muito conhecida nem assimilada pelos consumidores brasileiros. Ao longo de dez anos, o grupo ajudou a construir a imagem da marca sul-coreana, passando por micos como o subcompacto Atos até modelos de grande impacto no mercado, como o SUV médio Tucson.

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Este último, lançado em 2004, marcou a virada de chave da operação. O sucesso foi tamanho que Oliveira Andrade resolveu instalar uma fábrica em Anápolis (GO) para montar localmente veículos da Hyundai. A inauguração ocorreu em 2007 e, dois anos depois, o complexo se tornara responsável por produzir em CKD o próprio Tucson, além dos caminhões  HR e HD78.

Após três anos de briga judicial, decisão de tribunal de arbitragem abre caminho para representante importar e até montar novos carros da marca no país
SUV médio Tucson marcou a ascensão da parceria entre Hyundai e Caoa no país

Encantada com os resultados, a Hyundai resolveu traçar um caminho similar ao da Renault, instalando-se de maneira oficial no país e suplantando a representação via Caoa. Por isso, em 2012 surgia a HMB (Hyundai Motor Brasil) e uma fábrica em Piracicaba (SP), onde  a marca iniciou o fabrico da família HB20. Cinco anos mais tarde, entraria em linha o SUV compacto Creta.

Entretanto, talvez calejada pela experiência com a Renault, a Caoa possuía um contrato de representação muito mais bem amarrado com a Hyundai Motor Company, o que levou a marca coreana a viver uma situação inusitada: ser representada simultaneamente por duas empresas distintas no Brasil.

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Família e HB20 e SUV Creta são fabricados pela operação oficial da Hyundai

Enquanto a HMB segue até hoje responsável pela produção e comercialização da família HB20 e do Creta (que, inclusive, está para ganhar uma nova geração em nosso mercado), a Caoa importa o SUV de sete lugares Santa Fe e o sedan grande Azera, e continuou montando localmente:

Tucson (que saiu de linha em 2019); ix35 (segunda geração do Tucson em outros marcados, mas que aqui recebeu outro nome para conviver com o antecessor e deve ser aposentado ao fim deste ano); New Tucson (sim, tivemos três gerações de um mesmo carro sendo vendidas juntas...); os caminhões HR e HD78.

Em 2018, o contrato entre as partes estava para se encerrar, mas previa uma renovação automática por mais dez anos. A HMC, no entanto, tentou usar brechas baseadas em cláusulas de desempenho em vendas para romper o acordo e estabelecer uma renovação por um período menor, de apenas dois anos.

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Após três anos de briga judicial, decisão de tribunal de arbitragem abre caminho para representante importar e até montar novos carros da marca no país
Decisão abre caminho para a Caoa colocar a picape Santa Cruz para brigar com a Fiat Toro em nosso mercado

A Caoa não aceitou a decisão, alegando que as metas não foram cumpridas devido a mudanças na realidade econômica do país, e levou o caso à Justiça. Primeiro, obteve liminares no Brasil para seguir comercializando veículos da antiga parceira. Segundo, acionou o tribunal de arbitragem de Frankfurt, conforme estabelecido contratualmente, para resolver o litígio.

Com a decisão favorável, o mais provável é que a representação seja mantida até 2028, conforme estabelecido originalmente no contrato. Isso significa que a Caoa terá sete anos para investir em novos produtos da Hyundai no país, exceto aqueles que a HMB decidir representar oficialmente.

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