Caoa vence ação contra Hyundai e Brasil terá picape Santa Cruz e novo Tucson
Após três anos de litígio, o grupo Caoa recebeu decisão favorável do tribunal de arbitragem de Frankfurt (Alemanha) para continuar sendo o representante oficial de veículos importados da Hyundai no Brasil. O desfecho da ação foi revelada na última quinta-feira (23) pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Em maio deste ano, no artigo “Hyundai Santa Cruz: entenda as chances de picape rival da Toro vir ao Brasil”, a Mobiauto mencionou que o lançamento do modelo dependia do desfecho dessa batalha, iniciada em 2018.
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Com o julgamento favorável à companhia brasileira, abre-se o caminho não apenas para a comercialização, como também para a montagem local da própria Santa Cruz em Anápolis (GO), bem como da nova geração do SUV médio Tucson.
Conforme nossa reportagem vem antecipando desde novembro do ano passado, Santa Cruz e Tucson, ambos irmãos de plataforma, são os dois carros da Hyundai presentes na lista de dez novos modelos que a Caoa prometeu produzir na fábrica goiana até 2025 com um investimento de R$ 1,5 bilhão.
Além deles, a empresa liderada pelo empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade pode destravar a importação de outros modelos, como a nova geração do sedan médio Elantra.
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Entenda a disputa entre Caoa e Hyundai
Os caminhos da Caoa e Hyundai Motor Company se cruzaram oficialmente em 1999. Naquele ano, o grupo brasileiro já havia estabelecido uma das maiores redes de concessionárias no país, com revendas especialmente da Ford.
No entanto, havia perdido alguns meses antes o direito de ser a importadora da Renault, porque a marca francesa decidiu instalar uma filial no país, com direito a fábrica em São José dos Pinhais (PR).
“Órfã” da Renault, a Caoa apostou então suas fichas na Hyundai, que ainda não era muito conhecida nem assimilada pelos consumidores brasileiros. Ao longo de dez anos, o grupo ajudou a construir a imagem da marca sul-coreana, passando por micos como o subcompacto Atos até modelos de grande impacto no mercado, como o SUV médio Tucson.
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Este último, lançado em 2004, marcou a virada de chave da operação. O sucesso foi tamanho que Oliveira Andrade resolveu instalar uma fábrica em Anápolis (GO) para montar localmente veículos da Hyundai. A inauguração ocorreu em 2007 e, dois anos depois, o complexo se tornara responsável por produzir em CKD o próprio Tucson, além dos caminhões HR e HD78.
Encantada com os resultados, a Hyundai resolveu traçar um caminho similar ao da Renault, instalando-se de maneira oficial no país e suplantando a representação via Caoa. Por isso, em 2012 surgia a HMB (Hyundai Motor Brasil) e uma fábrica em Piracicaba (SP), onde a marca iniciou o fabrico da família HB20. Cinco anos mais tarde, entraria em linha o SUV compacto Creta.
Entretanto, talvez calejada pela experiência com a Renault, a Caoa possuía um contrato de representação muito mais bem amarrado com a Hyundai Motor Company, o que levou a marca coreana a viver uma situação inusitada: ser representada simultaneamente por duas empresas distintas no Brasil.
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Enquanto a HMB segue até hoje responsável pela produção e comercialização da família HB20 e do Creta (que, inclusive, está para ganhar uma nova geração em nosso mercado), a Caoa importa o SUV de sete lugares Santa Fe e o sedan grande Azera, e continuou montando localmente:
Tucson (que saiu de linha em 2019); ix35 (segunda geração do Tucson em outros marcados, mas que aqui recebeu outro nome para conviver com o antecessor e deve ser aposentado ao fim deste ano); New Tucson (sim, tivemos três gerações de um mesmo carro sendo vendidas juntas...); os caminhões HR e HD78.
Em 2018, o contrato entre as partes estava para se encerrar, mas previa uma renovação automática por mais dez anos. A HMC, no entanto, tentou usar brechas baseadas em cláusulas de desempenho em vendas para romper o acordo e estabelecer uma renovação por um período menor, de apenas dois anos.
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A Caoa não aceitou a decisão, alegando que as metas não foram cumpridas devido a mudanças na realidade econômica do país, e levou o caso à Justiça. Primeiro, obteve liminares no Brasil para seguir comercializando veículos da antiga parceira. Segundo, acionou o tribunal de arbitragem de Frankfurt, conforme estabelecido contratualmente, para resolver o litígio.
Com a decisão favorável, o mais provável é que a representação seja mantida até 2028, conforme estabelecido originalmente no contrato. Isso significa que a Caoa terá sete anos para investir em novos produtos da Hyundai no país, exceto aqueles que a HMB decidir representar oficialmente.
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Jornalista Automotivo