Avaliação: Chevrolet S10 Z71 é a mais “malvada” das S10 já feitas

Inspirada no mítico pacote de opcionais americano, versão tem o que de melhor a picape média pode oferecer
JC
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17.05.2022 às 18:10
Inspirada no mítico pacote de opcionais americano, versão tem o que de melhor a picape média pode oferecer

Por Rodrigo Miele

Depois de quase três décadas de mercado brasileiro, a trajetória da Chevrolet S10 ganha justamente o carimbo de “sucesso”. 

Precursora do segmento das picapes médias em meados dos anos 90, a picape atravessou os últimos anos com memoráveis duelos em seu segmento. Ford Ranger e Toyota Hilux foram algumas das rivais que sempre estiveram na alça de sua mira.

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De acordo com a geração do modelo fabricado em São José dos Campos (SP), ela era a mais vendida... ou, no máximo, vice-líder de mercado, o que não é pouco, visto que o segmento proliferou-se e trouxe competidores de peso, como Mitsubishi L200 Triton, Nissan Frontier e VW Amarok

No ano passado, por exemplo, o exemplar da Toyota emplacou 45,9 mil unidades contra 35 mil da picape da GM e 20,5 mil da representante da Ford.

Houve alguns anos em que a S10 até superou sua principal adversária. E é o que a GM espera a partir de 2024, quando está prevista a estreia de uma nova geração de sua picape, unificada, inclusive, com a irmã norte-americana lá chamada de Colorado. Enquanto isso...

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...vamos de Chevrolet S10 Z71

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Caracterizada por equipamentos exclusivos, além da vocação off-road, essa versão diferencia-se das demais picapes cabine dupla a diesel da família (versões LS, LT, LTZ e High Country) por um pacote de itens funcionais para o uso no fora-de-estrada. 

E a Z71 é exatamente a intermediária entre as versões cabine dupla da S10: vendida a R$ 278.310, posiciona-se pouco abaixo das luxuosas LTZ e High Country. O termo Z71 é tradicional na família Chevrolet: existe há cerca de quatro décadas lá fora, sempre relacionada às versões mais off-road de cada modelo.

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São cerca de 20 itens de personalização, com destaque para os equipamentos desenvolvidos exclusivamente para a nova versão, como o santantônio e os estribos tubulares, as molduras de proteção dos para-lamas, as inscrições Z71 espalhadas por dentro e por fora da picape e os pneus “All-Terrain”, claramente apropriados para terrenos de baixa aderência.

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O que há de melhor: o design

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Se o propósito ao criar essa versão era, de fato, dar o famoso “tapa de elegância” na picape às vésperas de uma mudança de geração, com o intuito de mantê-la viva nesse “apagar das luzes” da atual carroceria, pode-se afirmar que o time de design da GM... mandou muito bem. Bonita ela é. 

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A dianteira traz conjunto óptico com faróis de máscara negra contornados por LEDs e grade também escura com o nome “Chevrolet” em destaque. Aliás, a cor preta reaparece na seção central do para-choque, na capa dos retrovisores externos, nas rodas de alumínio aro 18 e até em acabamentos na parte traseira.

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Na lateral da picape, as molduras plásticas alargam os para-lamas e denotam um visual mais encorpado, exatamente o que se espera de um veículo com proposta off-road. Adesivos decorativos foram colados na parte inferior das portas e na caçamba.

Dimensões: 5.361 mm comprimento, 3.096 mm entre-eixos, 1.874 mm largura, 1.781 mm altura, 1.061 litros de caçamba, 76 litros do tanque de combustível, 2.016 kg de peso.

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Caprichos também no interior

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Repetindo a proposta externa, a S10 Z71 possui vários apliques internos em preto para ressaltar o jeito de “malvadona”: painel, revestimentos de portas e console. Nos bancos, a versão possui costura que deixa os pontos aparentes, ressaltando as linhas brancas e vermelhas.

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A S10 Z71 possui configuração única. Inclui seis airbags e central multimídia com tela de 7 polegadas – é pouco para um veículo dessa categoria, inclusive – com conectividade do MyLink com Android Auto e Apple Car Play e câmera de ré.

O computador de bordo possui múltiplas funções, em especial o modo “ECO”, que auxilia o motorista a conduzir o veículo de modo mais econômica.

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Como anda

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O conjunto propulsor da S10 Z71 é o conhecidíssimo 2.8 turbodiesel de 200 cv de potência e 51 kgfm de torque, que recebeu recentes evoluções aplicadas a toda a linha, como turbina redimensionada e calibração de motor e câmbio automático de seis marchas, que melhora a resposta da picape em arrancadas e ultrapassagens.

O mapa eletrônico desse motor é igual ao da versão High Country, garantindo os mesmos resultados de desempenho: 0 a 100 km/h em 10,1 segundos e consumo na casa de 8,3 km/l na cidade e de 10,6 km/l na estrada, de acordo com o Inmetro. Nas nossas medições, obtidas em rodovias planas, sempre a 100 km/h, ela chegou a fazer mais de 13 km/l de média.

A tração é ajustada por um seletor eletrônico no console central e dispõe do modo 4x4 com reduzida. Freios ABS com sistema de distribuição de frenagem, controle de velocidade para descidas íngremes e controle eletrônico de estabilidade e de tração calibrados também para o uso fora-de-estrada completam o pacote dinâmico. 

Na prática, eles são mais permissivos do que nas versões urbanas, visto que as condições do off-road requerem um conjunto que “patine um pouquinho” em busca de maior aderência na areia, por exemplo. 

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Os pneus da Z71 contam com ombros mais espessos, fabricados com uma composição de borracha mais resistente. Por isso, cada pneu traz 320 gramas extra de material em relação ao modelo original do fornecedor.

Quando você está guiando essa picape no asfalto, no entanto, dá para dizer até que ela fica “mais divertida”, pois a eletrônica atuará um pouco depois que a brincadeira – como provocar sua traseira usando o acelerador numa curva, por exemplo – já tiver sido feita. 

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É verdade, também, que os pneus (idealizados para renderem melhor no off-road) serão mais barulhentos ao circular em asfalto. Não dá para se ter tudo na vida... Já as suspensões possuem o mesmo ajuste de qualquer outra versão da S10.

Pelo seu porte, não é lá muito cômodo ter de serpentear pelo trânsito. O torque majestoso do motor, associado ao bom escalonamento da transmissão automática, permitem que se rode confortavelmente na estrada, seu hábitat mais natural do que no tráfego intenso.

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Motor: 2.8, dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16V, turbodiesel
Potência: 200 cv a 3.400 rpm
Torque: 51 kgfm a 2.000 rpm
Peso/potência: 10,2 kg/cv
Peso/torque: 40 kg/kgfm
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração: traseira com opção de 4x4 e 4x4 reduzida
0 a 100 km/h: 10,1 segundos
Velocidade máxima: não disponível

Consumo Inmetro: 8,3 km/l na cidade e 10,6 km/l em rodovia

Dados técnicos: direção elétrica, suspensões independentes com braços sobrepostos (dianteira) e eixo rígido com feixe de molas semielípticas (traseira), freios a disco ventilados (dianteira) e tambores (traseira), 12,7 m diâmetro de giro, Cx não divulgado, ângulo de ataque 29°, ângulo central 25,7°, ângulo de saída 16,1°, 228 mm vão livre do solo, capacidade de carga 1.134 kg, pneus 265/60 R18

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Depende do ponto de vista

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Se você é um “picapeiro autêntico”, os comentários a seguir não farão qualquer sentido, à medida que esse gênero de veículo permite soluções mais roots do que em outros tipos de veículos. Agora, se você liga para tecnologia, parece inaceitável que um veículo de R$ 280 mil ainda conte com (ou não conte...):

1) Chave de ignição tradicional – em vez do sistema presencial;

2) Quadro com instrumentos analógicos – e não uma tela de LCD;

3) Volante com regulagem apenas de altura e não de profundidade;

4) Arcaico freio de estacionamento por alavanca (em vez de um eletrônico);

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5) Central multimídia com tela de 7 polegadas, quando qualquer carro popular de hoje já vem com monitores de 8” ou mais. Pior: com projeção de celulares via cabo e sem Wi-Fi a bordo, presentes em modelos mais baratos da própria Chevrolet.

6) Somente uma porta USB, escondida dentro do porta-trecos do apoio central de braços;

7) Ar-condicionado mecânico e não digital, acionado por botões giratórios. Lembram os fogões Semer dos anos 60.

8) Tirando o básico (sensores de estacionamento e câmera de ré), não há qualquer tipo de auxílio à condução. Não há sequer alerta de ponto cego, que está presente no pequenino Onix e faz falta em uma picape desse porte...

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Compro ou não compro?

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A S10 Z71 é bonita, bem bonita. Tudo depende de gosto pessoal em uma decisão como essa, mas, mesmo prestes a ser substituída por uma nova geração em 2024, a Chevrolet S10 Z71 parece mais atraente do que a novíssima Nissan Frontier, lançada dia desses no Brasil. Repito: questão de gosto.

Mas é cara, bem cara. Vendida a R$ 280 mil, suas principais concorrentes mantêm preços bem abaixo: essa nova Frontier, na versão Attack, custa R$ 263.690, enquanto a Ford Ranger Storm sai por R$ 253.050. 

Mas até aqui tudo bem, pois quando se é vice-líder de mercado, o importante é mirar quem está acima, não é mesmo? Veja o preço da Toyota Hilux GR-S: R$ 352.990. É, pensando bem, há espaço pra essa Z71, sim...

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Imagens: Rodrigo Miele/Mobiauto e Divulgação/Chevrolet

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