Avaliação: Fiat Titano parece ser picape do passado que compensa no bolso

Picape média da marca italiana aposta no preço para ser competitiva
Renan Rodrigues
Por
18.03.2024 às 10:00
Picape média da marca italiana aposta no preço para ser competitiva

A Fiat Titano finalmente chegou. Após meses de promessas, flagras e informações a conta gotas, a fabricante italiana apresentou a picape média na última semana. Os preços variam entre R$ 219.990 e R$ 259.990. 

Você pode conferir mais detalhes sobre a picape, preços eversões neste link. Te adiantamos que a versão mais interessante da gama é a Volcano, que custa R$ 239.990, sendo a picape média com câmbio automático e tração nas quatro rodas mais barata do Brasil. 

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Vale lembrar que todas as versões são equipadas com motor 2.2 turbodiesel, o mesmo que equipa o Fiat Ducato, ele rende 180 cv e 40,8 kgfm de torque quando combinado ao câmbio automático de seis marchas. Na versão Endurance, a única manual da gama, são 37,6 kgfm de torque. 

Mas como a picape se comporta? Anda bem? É econômica? A Mobiauto foi até Cuiabá, no Mato Grosso, a convite da Fiat, para o lançamento e relata abaixo suas primeiras impressões. 

Volta ao passado 

Apesar do visual moderno e de lembrar demais a irmã Peugeot Landtreck, a Fiat Titano é na verdade uma volta ao passado. O projeto seria muito elogiado se fosse lançado no começo dos anos 2010. 

A começar pelo comportamento dinâmico. As marcas chinesas não são referência no ajuste de suspensão, com a Titano não é diferente. Antes que o leitor nos ache maluco, a Fiat Titano e a Peugeot Landtreck são oriundas da Changan F70, que recentemente passou por um facelift. As três picapes se diferem em motorização, mas são o mesmo projeto. 

Voltando ao comportamento, enquanto as picapes médias atuais, especialmente Ford Ranger e Nissan Frontier, buscam um comportamento similar a um SUV, a Fiat Titano é a definição do que nos acostumamos ao testar picapes médias. Tal qual a Chevrolet S10, especialmente antes do último facelift, a Titano tem dificuldades de lidar com a caçamba vazia. 

Todas as imperfeições no asfalto, e são muitas, são transferidas para a cabine, mesmo que minimamente, qualquer balanço da suspensão é sentido pelos passageiros. É possível que esse comportamento melhore com a picape carregada e com pneus menos lameiros. 

“Projeto desenvolvido para o Brasil”

Durante a apresentação, a Fiat ressaltou que desenvolveu a Titano para o Brasil. Só que algumas coisas entregam a origem chinesa.  Obviamente a Fiat do Brasil fez seus ajustes, mas esqueceu algumas coisas. 

O primeiro e mais chamativo deles é a central multimídia. A tela de 10 polegadas utiliza um sistema genérico, que não faz nenhuma referência à central da Fiat Toro, por exemplo. 

Há conexão para Apple CarPlay e Android Auto, além do Mirror Link, para espelhar o celular, mais um item tipicamente chinês. Além disso, há apenas entrada tipo USB A, enquanto todos os celulares caminham para o USB C. 

Curiosamente, alguns comandos como do controle de tração, bloqueio de diferencial e trava das portas, estão no centro do painel em botões típicos da Peugeot, no estilo teclas. Já o ar-condicionado de duas zonas tem comandos que destoam da idade do lançamento e lembram carros dos anos 1990.

O cluster de instrumentos tem uma tela de 4,2 polegadas colorida, aqui é condizente com a proposta de ser uma picape média mais barata, além de cumprir bem a sua principal função: exibir informações. A tela tem bom contraste e bom nível de menus com diferentes informações de consumo, Arla 32 e afins. 

O acabamento, de maneira geral, está em linha com o mercado, abusando de plástico duro, ainda que as picapes sejam tão caras atualmente. 

Outros vacilos que mostram que a picape vai da China para ser montada no Uruguai e depois distribuída no Brasil estão sob o banco traseiro. A Fiat se gabou da quantidade de porta-objetos da picape, são 27 ao todo, um deles está justamente embaixo do banco, mas não é exatamente um porta-objetos.

Ao levantar o banco, que é bipartido, encontra-se apenas recortes no carpete, dando acesso ao assoalho da picape. Em um dos lados está o kit de emergência, com triângulo, chave de roda e colete neon, todos com escritas em chinês e o colete, item obrigatório na China e dispensado no Brasil, vem até com o nome Changan na etiqueta. 

Nem tudo são… 

Geralmente, quando avaliamos um veículo usamos o termo “nem tudo são flores” após elogios para introduzir uma crítica. No caso da Titano, o mais correto talvez seja “nem tudo é jiló”. 

Se acima criticamos o comportamento dinâmico e detalhes que passaram pela Fiat, aqui temos de elogiar a escolha pelo motor 2.2 turbodiesel. 

A começar pela confiabilidade. A outra opção era o motor da Landtreck, um 1.9 turbodiesel que não é oferecido em nenhum produto no Brasil (VERIFICAR), logo, poderia gerar alguma desconfiança. Já o 2.2 está no Ducato e não há relatos de problemas crônicos. 

Além disso, o casamento com o câmbio de seis marchas é bom, com trocas precisas. O desempenho não enche os olhos, mas é bom. Os 180 cv e 40,8 kgfm de torque são mais que suficientes para empurrar os 2.150 kg da picape. O consumo poderia ser melhor. O Inmetro declara 9,2 km/l na estada, nós alcançamos 10,1 km/l. No geral, tá na média do mercado. 

Outro ponto de destaque da Titano está em sua caçamba. Na versão Endurance, a picape entrega 1.314 litros de espaço ou 2,6 metros quadrados, o que faz dela a maior da categoria. A litragem cai para 1.109 litros com o protetor de caçamba. 

Em qualquer versão, a picape leva 1.020 kg na caçamba, além de poder rebocar 3,5 toneladas, a maior capacidade da categoria.

Outro ponto de que parece merecer destaque, e dizemos que parece pois só o tempo vai comprovar, é a robustez. Durante o teste na Chapada dos Guimarães, passamos pelos terrenos acidentados e por terras fofas, com poeira impedindo a visualização das vias, dessa maneira era muito comum a pancada seca em buracos e valetas “invisíveis”, ainda assim, a Titano não demonstrou problemas, alertas ou qualquer comportamento inesperado. 

Fiat Titano Ranch 2025 - Itens de série 

  • Bloqueio do diferencial traseiro
  • Controle de velocidade (cruzeiro)
  • Limitador de velocidade
  • Hill Hold
  • Hill Descente Control
  • Controle de tração
  • Assistente de reboque
  • Porta objetos sob o banco traseiro
  • Luz de caçamba
  • Ar-condicionado
  • Porta-luvas refrigerado
  • Conexão de áudio sem fio para celulares
  • Rodas de aço de 17 polegadas
  • Três entradas USB (duas na frente e uma atrás)
  • Tomada 12V
  • Volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade
  • Assoalho de vinil
  • Apoio de braço dianteiro
  • Multimídia de 10 polegadas com conexão sem fio para espelhamento de celulares, e reconhecimento por comando de voz
  • Câmera 180º “off-road”
  • Sensor de estacionamento traseiro
  • Câmera de estacionamento
  • Volante multifuncionamento revestido de couro
  • Faróis de neblina
  • Rodas de liga leve de 17 polegadas, diamantadas
  • Duas tomadas 12V
  • Cluster com tela digital colorida de 4,2 polegadas
  • Protetor de caçamba
  • Capota marítima
  • Assoalho em carpete
  • Ar-condicionado digital com duas zonas
  • Aviso de saída de faixa
  • Rebatimento automático dos retrovisores
  • Câmera 360º “off-road”
  • Bancos de couro
  • Ajuste elétrico do banco dianteiro
  • Sensor de chuva
  • Sensor crepuscular
  • Monitoramento de pressão dos pneus
  • Sensor de estacionamento dianteiro
  • Navegação embarcada
  • Santantônio cromado
  • Estribos laterais estilo plataforma
  • Rodas de liga leve de 18 polegadas
  • Faróis de LED
  • Lanternas com guias de LED
  • DRL de LED

Fiat Titano Ranch 2025 - Ficha técnica

Motor: 2.2, dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, diesel, injeção direta, duplo comando de válvulas no cabeçote
Taxa de compressão: 16:1
Potência: 180 cv a 3.750 rpm
Torque: 40,8 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração:4x4 com reduzida e diferencial traseiro blocante
0 a 100 km/h: 12,4 segundos
Velocidade máxima: 175 km/h 
Consumo (Inmetro): 8,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada

Dimensões: 5.330 mm de comprimento, 3.180 mm de entre-eixos, 1.963 mm de largura, 1.858 mm de altura, 80 litros de tanque de combustível; capacidade de carga, 1.020 kg; volume da caçamba, 1.109 litros; capacidade de reboque, 3.500 kg; peso em ordem de marcha, 2.150 kg.

Dados técnicos: direção hidráulica; suspensão Independente, com quatro braços oscilantes com barra estabilizadora (dianteira) e eixo rígido com feixe de molas (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e tambor (traseira); diâmetro de giro, 14 m; coeficiente aerodinâmico não divulgado; vão livre do solo, 23,5 cm; ângulo de ataque, 29°; ângulo de saída, 27°; pneus 265/60 R18.

Vale a pena comprar a Fiat Titano? 

Sem dúvidas o grande apelo é o preço. A Titano tem em sua gama a versão mais barata entre todas as médias, no caso, a Endurance, tabelada em R$ 219.990, isso por si só deverá garantir um volume interessante de vendas. 

A versão Ranch, por R$ 259.990, parece mais um carro de imagem, cheio dos cromados e acréscimo de itens que não necessariamente o consumidor esteja atrás. No entanto, a Volcano, intermediária de R$ 239.990, parece feita na medida para peitar especialmente a S10. 

Há bom nível de equipamentos e as qualidades que citamos acima. A economia perante algumas das concorrentes chega a R$ 40 mil. É muito relevante nessa faixa de preço. Se estiver pensando em levar a Titano, essa é a versão mais interessante. 

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