Avaliação: VW Nivus Highline 2023 é SUV para quem tem saudade de hatch

Ser um SUV cupê com alma de “hatch aventureiro” e porta-malas de sedan é uma das grandes vantagens do modelo
RM
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27.10.2022 às 15:22
Ser um SUV cupê com alma de “hatch aventureiro” e porta-malas de sedan é uma das grandes vantagens do modelo

Era uma vez um casal tipicamente brasileiro na faixa dos 35 a 40 anos, com um filho pequeno. Ambos adotaram o home-office nos últimos tempos, com fugas ocasionais para uma ou outra reunião presencial de trabalho, além das saídas diárias para levar o Júnior à pré-escola.

Joana e João tinham dois carros, mas, no início da pandemia, logo venderam o dele, que era o modelo mais velho – um VW Polo de geração mais antiga. Ficaram só com o carro dela, um Chevrolet Prisma, com quatro anos de uso, que acomoda as bagagens nas curtas viagens de final de semana. 

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Eis que decidem trocar o sedan e partir pra um zero-quilômetro. Ele adora hatches. Teve até um VW Golf quando era solteiro. João é daqueles consumidores que enxergam no automóvel da família não somente um meio de transporte. Ele gosta MESMO de carros, curte guiar, lê tudo o que é publicado na internet sobre lançamentos... 

Só que Joana não abre mão de ter um SUV. Agora, ela não deixará escapar a chance. Diz que curte a posição de dirigir mais alta, que lhe rende maior visibilidade no trânsito. “Será o meu primeiro SUV!”, comenta. Diante do impasse, quem vencerá essa disputa?

Ok, não vamos nem fazer suspense desnecessário: sabemos que será Joana. Sempre (sempre mesmo) a mulher dará a palavra final na escolha de carro da família. Mas isso quer dizer que João ficará contrariado por adquirir um SUV? Não, não ficará. E sabe por quê? Eles comprarão um VW Nivus Highline 2023.

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Carro-camaleão

Ser um SUV cupê com alma de “hatch aventureiro” e porta-malas de sedan é uma das grandes vantagens do modelo

No início de setembro, a VW divulgou que já completou a produção de 100 mil unidades de Nivus no Brasil. E eu ouso dizer que uma boa parcela desses proprietários vivenciou histórias parecidas à da Joana e do João. 

Produzido desde junho de 2020, o SUV cupê desenvolvido e fabricado em São Bernardo do Campo (SP) é um verdadeiro camaleão, prestando-se a atender às Joanas e aos Joões do mercado nacional. 

Ele possui, sim, atributos de SUV. Diz o Inmetro que um modelo que se candidate a essa denominação precisa atender a quatro de um total de cinco pré-requisitos, como ângulos de entrada ou saída da carroceria, além de altura livre do solo e ângulo de transposição de rampa. O Nivus é reprovado em dois itens (ângulo de entrada e altura livre do solo), mas passa nos outros três e, mercadologicamente, é aceito como um “SUV cupê”.

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Sob o ponto de vista da Joana, ele é um SUV, que é o que mais importa. Frente ao Chevrolet Prisma, ela ficará cerca de 10 cm numa posição de dirigir mais alta, o que já lhe parecerá suficiente para ampliar a impressão de segurança no trânsito. 

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Ao ter que colocar/tirar o Junior da cadeirinha de bebê no banco traseiro, essa pequena diferença na altura do estofamento interno fará um enorme benefício, pois ela arqueará muito menos o corpo para realizar a operação.

Já sob o ponto de vista do João, ele é um hatch. Não só no design, que até lembra um pouco o do VW Pointer dos anos 90, mas principalmente na dirigibilidade. Afinal, sua carroceria é praticamente a mesma do Polo, assim como toda a mecânica.

E é aqui, finalmente, que o VW Nivus Highline mostra exatamente a que veio. Nisso, ele é diferente da grande maioria dos demais SUVs vendido no Brasil. 

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Mas no que, exatamente, ele é diferente?

Ser um SUV cupê com alma de “hatch aventureiro” e porta-malas de sedan é uma das grandes vantagens do modelo

O VW Nivus não tem o comportamento dinâmico exemplar de um VW Polo ou de um VW Virtus. Mas, em se tratando de um SUV, e este é o ponto principal dessa reportagem, ele é possivelmente o melhor de todos eles, pelo menos dessa categoria de entrada no mercado nacional – até R$ 140 mil ou R$ 150 mil. 

Enquanto SUV, ele rola muito pouco nas curvas, tem uma multiplicação do sistema de direção bem direta e transfere pouca carga nas frenagens fortes para o eixo dianteiro, garantindo neutralidade direcional exemplar. Vale a repetição: tudo isso em se tratando de um SUV... E tem gente que gosta de carros assim. O João, por exemplo.

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Principalmente nessa versão Highline, com todas aro 17 e pneus de perfil baixo, o Nivus tem um acerto até áspero de suspensão. Ele é voltado para a esportividade, permitindo que se faça curvas de raio fechado em velocidades mais altas – e sem aquela sensação de carroceria adernando ou saídas de frente.

Em outras palavras, por mais improvável que isso pareça, no dia em que você tiver a oportunidade de participar de um Track Day, escolha, se puder, um VW Nivus Highline.

E o que mais ele traz que pode me agradar?

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Em outras palavras, essa característica mais rude de suspensão, que é tão bem-vinda para a esportividade, prejudica levemente o conforto. Ele “copia” todos os buracos das vias, te avisa de qualquer irregularidade do piso e sinaliza fielmente as emendas de asfalto. Quem gosta dos SUVs tradicionais, mais molengas, vai acusá-lo de “duro e desconfortável”.

Dirigi-lo é bem interessante, a despeito de gostar ou não de suspensões mais duras. E tudo em virtude do aclamado motor 1.0 turbo de 128 cv de potência e 20,4 kgfm de torque – daí vem o batismo de 200 TSI, com o torque exposto em Nm. 

Vinculado ao câmbio automático de seis marchas, o Nivus Highline proporciona no tráfego urbano muita destreza, com acelerações e retomadas exemplares. Só esteja preparado para trancos incômodos nas reduções para segunda e primeira marcha. É uma característica perene desse trem de força (200 TSI Automático) em todos os modelos que dele fazem uso.

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Lá em cima, nas altas rotações, pode ser que alguém mais exigente sinta falta de algo “além” dos 128 cv, mas nada que desabone um SUV dessa categoria. Ele é, sim, um dos melhores de seu segmento nesse quesito de dirigibilidade proporcionada pela receita motor/câmbio.

Caso você tenha um pé de “bailarina” para acelerar na cidade, o consumo também será exemplar.  Rodando no etanol, conseguimos fazer marcas de 9 a 9,5 km/l na cidade e acima de 13 km/l nas rodovias. Com gasolina, ele melhora cerca de 30% essas marcas. Nada mau.

Últimas novidades vieram na linha 2022

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Sem mudanças importantes na linha 2023, o Nivus Highline corrigiu alguns pontos no modelo 22 que eram alvos de críticas nas edições anteriores. Basicamente faltavam equipamentos e mimos que o distinguissem do Comfortline. 

Agora, a versão topo de linha vem com ACC (piloto automático adaptativo) e AEB (frenagem autônoma de emergência), além de sistema Start&Stop.

Outros destaques do Highline: ar-condicionado Climatronic touch de série, faróis de neblina em LED com função "Cornering Light" (luz de conversão estática) e rodas de liga leve 17", além de 6 air bags e controle de tração e estabilidade. 

A central multimídia VW Play tem excelente interface e até foi atualizada, ganhando conexão com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Possui 10 GB de armazenamento próprio, opção de instalação de apps e compatibilidade com roteamento 4G dos celulares.

Porém, os relatos são constantes de falhas no sistema, como apagão, superaquecimento e travamento da tela. Inclusive, em nosso teste a tela chegou a travar após deixarmos o carro estacionado por algum tempo sob o sol. Vale ficar esperto com isso.

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 Ficha Técnica - Volkswagen Nivus Highline 2023 

Ser um SUV cupê com alma de “hatch aventureiro” e porta-malas de sedan é uma das grandes vantagens do modelo

Preço: R$ 138.390

Motor: 1.0, dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12V, turbo, flex, duplo comando de válvulas com variação na admissão, injeção direta
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 116/128 cv a 5.500 rpm (G/E)
Torque: 20,4 kgfm de 2.000 a 3.500 rpm (G/E)
Peso/potência: 10,4/9,4 kg/cv (G/E)
Peso/torque: 58,8 kg/kgfm (G/E)
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração: dianteira
0 a 100 km/h: 10 segundos
Velocidade máxima: 189 km/h

 Dimensões: 4.266 mm de comprimento, 2.566 mm de entre-eixos, 1.493 mm de largura, 1.757 mm de altura, 415 litros de porta-malas, 52 litros de tanque de combustível

 Dados técnicos: Direção elétrica / suspensão dianteira: McPherson e molas helicoidais e suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais / freios dianteiros a disco ventilados e traseiros a disco sólido / peso em ordem de marcha: 1.199 kg / carga útil: 451 kg 

Pontos positivos...

  1. O VW Nivus é um dos SUVs mais bonitos do mercado nacional. Espécie de precursor nesse segmento da carroceria estilo cupê no Brasil, o VW Nivus brilha até hoje pela contemporaneidade das linhas. Isso é positivo, ainda mais se tratando de um modelo derivado diretamente da carroceria do Polo. Apesar de ter sido concebido no Brasil, ele é vendido no mercado europeu como Taigo, o que não é pouco mérito.
  2. Os bancos são firmes e confortáveis. Contam pontos, também, os ajustes de altura e a regulagem milimétrica do encosto. Combinadas à coluna de direção ajustável em altura e profundidade, a posição de dirigir é um dos pontos altos do SUV.
  3. O porta-malas é generoso para seu porte, e mesmo dentro da realidade dos SUVs. Basta vermos o VW T-Cross e o Jeep Renegade, que sofrem para passar de 300 litros. Aqui, são 415 litros muito bem-vindos, obrigado. 

Pontos negativos...

  1. A opção por torná-lo um cupê sacrificou o espaço interno, visto que ele usa o mesmo entre-eixos do Polo (apenas 2.566 mm) e a caída do teto ainda sacrifica passageiros de maior estatura no banco traseiro.
  2. Então... Ele é um Highline, mas ainda tem uma rodinha na simplicidade do hatch que o origina. O acabamento é o mesmo do VW Polo. Mesmo que o conjunto seja visivelmente atrativo, com o quadro de instrumentos digital e a enorme central multimídia integrada, o restante do interior é composto por plásticos duros, de pouco requinte.
  3. Falando em multimídia, a VW Play continua sofrendo no Nivus 2023. A explicação pode estar no fato de que a fabricante alemã foi uma das únicas que ainda não se renderam às telas tipo flutuantes, mais bem refrigeradas e imunes a superaquecimentos.

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Vale a pena o VW Nivus Highline 2023?

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Se você é daqueles clientes como o João, que adoram um hatch de estilo mais esportivo, mas tem uma esposa que não abre mão de um SUV, compre o VW Nivus Highline de olhos fechados, mesmo pelos salgados R$ 138.390. 

Saiba só que você passará com ele sobre uma moeda perdida no asfalto e saberá dizer se era cara ou coroa... Ou seja: o Nivus é um carro para quem gosta de hatches, não necessariamente de SUVs. Mas isso cria um espaço, no mercado brasileiro, que é só dele.

Imagens: Rodrigo Miele/Mobiauto e Divulgação/Volkswagen

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