VW quer velha Saveiro brigando com Strada e Montana muito mais novas
Chegou nos últimos dias a interessante notícia de que a Volkswagen está contratando 100 novos funcionários temporários para ampliar a produção da Saveiro a partir de maio deste ano. Conforme apuração minha para a Mobiauto, a meta é dobrar o volume para cerca de 400 unidades ao dia da picape compacta.
A medida vem como resposta ao atual desempenho da Fiat Strada, que está dominando todo o mercado brasileiro nos últimos anos – e não apenas o de comerciais leves –, bem como à chegada da nova Chevrolet Montana, que já surgiu como vice-líder do segmento de picapes compactas e compactas-médias flex em março.
Os números deixam claro que a Saveiro ficou para trás: enquanto a Strada vende quase 10.000 unidades por mês e a Montana chegou já se aproximando das 4.000 ou 5.000, a Saveiro se via acomodada na faixa de 2.500 unidades emplacadas mensalmente.
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O mais curioso é que, segundo fontes, esse incremento nada tem a ver com o facelift que o modelo está para receber na linha 2024. Embora haja protótipos rodando já com peças definitivas, a Saveiro 2024 renovada deve começar a ser produzida em série só no princípio de agosto, com previsão de chegada às lojas em setembro.
Ou seja, a intensificação na produção ocorrerá ainda com o produto antigo. Mesmo a linha 2024, quando chegar, manterá a velha base PQ24 do extinto Gol de terceira geração, com todas as limitações imbricadas a uma plataforma que remonta a mais de 20 anos atrás (Polo de quarta geração).
Por exemplo, não será desta vez que a Saveiro renovada terá uma solução de cabine dupla com quatro portas. Como tentar brigar contra a segunda geração de Fiat Strada e Chevrolet Montana desta forma? Não será fácil. A fabricante tende a apostar muito na configuração cabine simples, com pegada de trabalho, e nas vendas para frotas (como as de locadoras).
Questão igualmente importante é se a VW ousará equipar a nova Saveiro com câmbio automático, opção inexistente na gama da picape desde sempre. Nem o automatizado monoembreagem i-Motion chegou a ser utilizado em qualquer momento ao longo dessas quatro décadas de vida do utilitário compacto.
Até o momento, quem está familiarizado com o projeto da Saveiro renovada afirma que não passou pela área de validação de protótipos nenhuma configuração automática, apenas a velha conhecida 1.6 MSI manual de até 116 cv de potência e 16,1 kgfm de torque, seja com cabine simples ou dupla.
Caso a empresa resolva investir um pouco mais e o câmbio automático venha de fato, pode ser aliado tanto ao próprio MSI naturalmente aspirado de 1,6 litro quanto ao motor 1.0 TSI do Polo, com os mesmos 116 cv de potência máxima, porém chegando a 16,8 kgfm de torque.
Mesmo que, com otimismo, apostemos que isso aconteça, será o suficiente para disputar mercado de verdade com rivais tão mais frescas e modernas? Talvez a Volkswagen esteja querendo um pouco de mais investindo um pouco de menos.
Jornalista Automotivo