VW Golf GTE: por que o primeiro híbrido da marca deu tão errado no Brasil
“Novo conceito em mobilidade elétrica”. Foi assim o slogan da Volkswagen em 2019 para a chegada do VW Golf GTE no Brasil, o primeiro híbrido da marca no Brasil. Importado da Europa, o hatch médio tinha tudo para ser pioneiro e repetir o sucesso que modelos como Toyota Corolla Hybrid e BYD King fazem atualmente. Então, o que deu errado?
Pode-se dizer que não foi apenas um motivo que decretou o fracasso do Golf híbrido no Brasil, mas sim um somatório de fatores. Vamos a eles:
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Falta de “time”
O ano de 2024 foi essencial para os veículos híbridos e elétricos, com o maior número de vendas na história. A chegada de 2025 trouxe a oitava fase do Proconve com regras mais severas de emissões de poluentes. Ambiente propício para chegada de conjuntos híbridos e elétricos. Pois é, não era assim em 2019 quando o VW Golf GTE chegou.
A desconfiança e o preconceito com veículo eletrificado ainda persistem atualmente, imagine há cinco anos. Por isso, um dos possíveis motivos para o insucesso do hatch médio híbrido foi ele ter chegado antes do tempo certo.
Lançamento já defasado
O Golf híbrido que chegou ao Brasil em 2019 foi o da sétima geração. O problema é que, já em 2020, a Volkswagen apresentou ao mundo a oitava geração do icônico hatch médio da marca de forma global.
Leve em consideração que a desconfiança do novo conjunto propulsor já poderia gerar uma desvalorização no pós-venda para o Golf GTE, somado ao fato de estar uma geração atrasada já, o fator revenda, tão valorizado por aqui, ficou prejudicado.
Sem falar que o GTE era produzido na Alemanha. Assim, a sétima geração chegou ao Brasil nas primeiras 100 unidades, mas saiu de linha no mês seguinte do lançamento no país europeu para chegada do Golf elétrico.
O anúncio da saída do VW Golf a combustão do Brasil após 25 anos não ajudou muito também.
Pandemia do Coronavírus
Ninguém pensou que 2020 ficaria marcado por uma pandemia que, praticamente, parou o mundo. Como dificilmente alguém passou imune aos efeitos do vírus, as vendas do VW Golf GTE sofreram com a estagnação econômica.
Fato é que, em novembro de 2020, a Revista Quatro Rodas publicou uma matéria revelando que das 99 unidades colocadas à venda do hatch híbrido, cerca de 57 unidades foram vendidas para a Locadora de automóveis Unidas. Mas esse número era maior, apesar da cúpula da empresa não revelar a quantidade exata.
Preço
Esse foi o “calcanhar de Aquíles” do VW Golf GTE. Lançado por R$ 199.999, o hatch médio veio com preço bem acima do esperado. Só como comparação, com todo o acréscimo de valores nos preços de automóveis no último cinco anos, hoje, um Toyota Corolla Hybrid sai pelo mesmo preço.
Como é o VW Golf GTE?
O conjunto híbrido do VW Golf GTE era formado pelo motor 1.4 TSI a gasolina, que rende 150 cavalos de potência e 25,5 kgfm de torque, aliado a outro propulsor elétrico de 102 cv. Juntos, eles entregam 204 cv e 35,7 kgfm de torque.
Já em 2019. O Golf oferecia o modo puramente elétrico de rodagem com velocidade máxima de 130 km/h. Eram cerca de 50 km de autonomia declarados no ciclo europeu.
O Golf GTE tem dois motores: um a combustão de 1,4l TSI com 150 cv e um motor elétrico de 75 kW (102cv). Combinados, oferecem potência de 150 kW (204 cv).
Com o motor elétrico como única fonte de força de propulsão, o Golf GTE pode atingir velocidades de até 130 km/h. Já rodando como híbrido, o 0 a 100 km/h é de 7,6 segundos com velocidade máxima de 222 km/h.
Em termos de consumo, o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Inmetro, indica um gasto de 30,3 km/l na cidade e 32,2 km/l na estrada.
O motor elétrico era alimentado por uma bateira de 8,8 KWh, posicionada no eixo-traseiro e que roubava espaço do porta-malas, reduzido para 272 litros. Interessante que o Golf GTE já permitia recarga rápida a 50 KW, além da lenta de 3,4 KW.
Repórter
Encontrou no jornalismo uma forma de aplicar o que mais gosta de fazer: aprender. Passou por Alesp, Band e IstoÉ, e hoje na Mobiauto escreve sobre carros, que é uma grande paixão. Como todo brasileiro, ainda dedica parte do tempo em samba e futebol.