VW eTSI: o motor híbrido flex por trás dos flagras do Golf 8 no Brasil

Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca
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19.04.2022 às 17:10
Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca

Fãs do Volkswagen Golf têm se alvoroçado com os constantes flagras de protótipos brancos, desprovidos de qualquer camuflagem, da oitava geração do hatchback pelas redondezas de São Bernardo do Campo (SP), onde fica uma das fábricas da marca alemã no Brasil. Porém, caso você seja um deles, não se anime muito.

Desde que saiu de linha no Brasil, no fim de 2020, o Golf está longe de voltar a ser um produto cogitado para comercialização em nosso mercado. Tanto que o time de engenharia da fabricante não faz nenhuma questão de esconder seus traços atrás de envelopamentos zebrados nas andanças que têm feito pelo ABC paulista a bordo dos protótipos.

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Conforme bem observou o amigo Renato Aspromonte, do @overboost, nesta publicação de alguns dias atrás, os Golf Mk8 aqui presentes são mulas para testar o motor 1.5 eTSI MHEV. É ele que, de fato, interessa aos engenheiros brasileiros da Volkswagen.

As imagens do flagra que ilustram esta reportagem, feitas pelo perfil @hxturbo e replicadas pelo @autogamconsultoria, que gentilmente cedeu as fotos à nossa reportagem, corroboram isso: é possível ver que o único elemento escondido na carroceria é um emblema localizado no canto inferior direito da tampa do porta-malas. 

Observando a traseira do Golf eTSI europeu, constatamos que é exatamente nesse local que a insígnia da motorização está inserida. Diferente solução é aplicada aos Golf GTE ou GTi, que têm a sigla esportiva posicionada ao centro da peça, logo abaixo do logotipo da Volkswagen, no lugar da inscrição “Golf”. Compare na sequência de três imagens abaixo.

Leia também: Como a VW criará carros elétricos nacionais movidos a etanol

Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca
Emblema escondido à direita da tampa do porta-malas e desenho do para-choque denuncia que se trata da configuração eTSI

Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca
Como comparação, a traseira do Golf  R Line eTSI europeu, com desenho idêntico ao do protótipo

Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca
Aqui, percebemos como o para-choque do Golf GTE tem desenho diferente do protótipo

Como funciona o motor eTSI

Estamos falando de um conjunto do tipo híbrido leve, conforme evidenciado pela sigla MHEV. Ele aproveita o já conhecido propulsor 1.5 turbo quatro-cilindros 16V da família EA211, que é basicamente o mesmo motor que o nosso 1.4 TSI, porém com deslocamento maior, ciclo Miller e turbo de geometria variável.

A principal diferença, contudo, está no auxílio de um sistema elétrico de 48 Volts, similar ao do Kia Stonic, o atual carro híbrido mais baratado do Brasil. Assim, o motor eTSI usa uma bateria pequena de 48V, formada por íons de lítio, para alimentar todos os comandos elétricos de 12V do veículo e o alternador por correia dentada, também com 48 Volts.

Com isso, dispensa a necessidade de usar a energia do motor a combustão em vários momentos, permitindo que o carro o desacople ou desative temporariamente um ou até dois cilindros em situações como desacelerações ou velocidades de cruzeiro. É o que garante, no caso do Golf, um consumo de combustível na ordem de 25 km/l.

A potência do motor 1.5 eTSI segue em 150 cv e o torque, em 25,5 kgfm, tal qual já temos no motor 1.4 TSI flex oferecido atualmente em modelos como T-Cross Highline e Taos. A diferença é que, com o deslocamento maior e o auxílio elétrico, o esforço para alcançar tais números diminui, assim como a demanda por combustível.

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Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca
Dianteira do protótipo no Brasil também tem o desenho de para-choque do Golf R Line eTSI europeu...

Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca
...Conforme podemos ver nesta imagem

A grande sacada pode estar no fato de que o Golf eTSI europeu não funciona apenas com a usina quatro-cilindros de 1,5 litro, mas também com a três-cilindros 12V de 1 litro, da mesma família EA211, atualmente presente em Polo, Virtus, Nivus e T-Cross. A potência com gasolina em relação à usina 200 TSI flex cai de 116 para 110 cv, mas o torque continua em 20,4 kgfm.

O conjunto eTSI será um trunfo importante da Volkswagen em sua trajetória de eletrificação no Brasil. Como a Mobiauto contou neste outro artigo, a oitava etapa do Proconve, conjunto de normas brasileiras de emissões veiculares, praticamente exigirá das fabricantes que ofereçam modelos híbridos em nosso mercado até o fim desta década.

Com o eTSI, a VW poderá melhorar seus índices de eficiência sem precisar investir em uma substituição completa dos motores da família EA211 já produzidos há alguns anos em São Carlos (SP). Com a vantagem de já ter esses propulsores preparados para receber tanto gasolina quanto etanol. 

Resta saber se a marca apostará só no 1.5 eTSI (ou 250 eTSI, caso o padrão de nomenclatura seja mantido) ou também no 1.0 (ou 200 eTSI).

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Protótipos do hatch de oitava geração têm gerado alvoroço nos fãs do modelo, mas eles só estão servindo de mula para testar o novo motor híbrido flex da marca

A questão da transmissão

Outro ponto que a companhia tem de resolver é a questão da transmissão. Tanto o Golf 1.0 quanto o 1.5 eTSI têm como câmbio o famoso DSG DQ200, automatizado de dupla embreagem com cárter seco e sete marchas. Por questões de custo, dificilmente ele será usado pelos futuros híbridos flex da marca no Brasil.

Em vez dele, os engenheiros devem casar o conjunto eletrificado à caixa AQ160 da Aisin, automática com conversor de torque de seis marchas. Afinal, ela já está presente em praticamente toda a gama de modelos MQB produzidos pela empresa na América do Sul, do Polo ao Taos.

Quais devem ser os VW eTSI flex

Em agosto do ano passado, o presidente da VW na América Latina, Pablo di Si, informou que a companhia planejava o lançamento de seis modelos híbridos flex no mercado brasileiro num período de cinco anos, ou seja, até 2026. Todos devem ser dotados de motorização eTSI.

Com o motor 250 eTSI, podemos esperar pela picape compacta-média Tarok – conforme a Mobiauto antecipou em setembro do ano passado –, o SUV compacto-médio Taos e o SUV compacto T-Cross em sua versão de topo, Highline. A primeira chegaria eletrificada já em sua chegada, prevista para 2025, enquanto os outros dois se tornariam híbridos com facelifts.

Resta saber se a VW vai querer investir na variante 1.0 eTSI. Em caso afirmativo, o leque se abre para diversos outros modelos, como o projeto VW246, SUV pequeno previsto para estrear entre 2023 e 24, e a picape VW247, sucessora da Saveiro, programada para 2026. O Nivus se tornaria outro candidato, ganhando a variante 200 eTSI.

Imagens: @hxturbo / @autogamconsultoria

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