Stellantis: como fusão afetará Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën no Brasil

União dará às marcas o que elas mais precisam: uma plataforma nova à FCA e motores turbo para a PSA
LF
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22.01.2021 às 17:18
União dará às marcas o que elas mais precisam: uma plataforma nova à FCA e motores turbo para a PSA

Em meio à criação da gigantesca Stellantis, os grupos FCA e PSA viviam situações completamente distintas sob o ponto de vista do Brasil em relação ao resto do mundo. 

O primeiro, detentor de marcas como Fiat, Jeep e Ram, enfrenta enormes dificuldades nos Estados Unidos e Europa, mas é atualmente a fabricante automobilística mais bem-sucedida em nosso mercado.

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Já o segundo conseguiu sair do buraco na Europa e em diversas outras regiões, muito graças à ação de Carlos Tavares (que será o CEO da nova companhia). Entretanto, no Brasil as marcas Peugeot e Citroën continuam enfrentando enormes dificuldades e foram as que mais perderam participação nos últimos anos.

Ou seja: enquanto a estrutura da PSA, como as plataformas modulares CMP (carros compactos) e EMP2 (modelos médios), e o plano de eletrificação já em curso, serão de suma importância para dar fôlego global às marcas da FCA, por aqui a estratégia terá de ser pensada de maneira diferente.

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União dará às marcas o que elas mais precisam: uma plataforma nova à FCA e motores turbo para a PSA

É preciso lembrar que, na Stellantis, basicamente o grupo Peugeot-Citroën é acionista majoritário em relação ao Fiat Chrysler. 

Caso se imponha a lógica de trabalho muito mais engessada e concentrada à matriz da PSA no trabalho da FCA Brasil, que tem muito mais autonomia e tino para lidar com as peculiaridades de nosso país, há um risco evidente de adoecer a operação atualmente saudável de Fiat, Jeep e Ram ao invés de curar a de Peugeot e Citroën.

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Carlos Tavares parece estar cônscio disso e nomeou Antonio Filosa, antes presidente da FCA na América Latina, como chefe da operação Stellantis para a América do Sul. Ou seja: por aqui, se tudo der certo para a nova empresa, prevalecerá a filosofia que vem dando certo, não a que já se provou improfícua para nossa realidade.

Ainda assim, é possível prever um aumento gradual de sinergia no compartilhamento entre as duas marcas. Aqui as novidades são alvissareiras, porque a FCA possui exatamente aquilo que vem fazendo falta à PSA no Brasil e vice-versa.

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União dará às marcas o que elas mais precisam: uma plataforma nova à FCA e motores turbo para a PSA

O primeiro reflexo deve ser a adoção dos motores turboflex da família GSE, em especial o 1.0, na nova família C3 (hatch, sedan e SUV) da Citroën e no novo Peugeot 208. Já modelos como C4 Cactus e 2008 (em suas futuras gerações) poderiam perfeitamente utilizar o 1.3.

Isso, inclusive, explicaria por que a PSA não quis gastar dinheiro preparando o 1.2 PureTech turbo para equipar o novo 208. Afinal, o nome Stellantis está registrado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) desde abril do ano passado, três meses antes de o novo 208 ser lançado.

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Ao mesmo tempo, Fiat e Jeep poderiam aproveitar a matriz modular CMP, muito mais moderna, para desenvolver as futuras gerações de compactos como Argo, Cronos e Renegade. No caso do Compass e do futuro Jeep de sete lugares, o mais indicado seria recorrer à plataforma média EMP2.

Para a picape média Peugeot Landtrek, que será lançada no Brasil em 2022, uma boa saída seria aproveitar o motor 2.0 MultiJet turbodiesel, que vem sendo recalibrado para equipar o Jeep de sete lugares e deve ir além dos atuais 170 cv de potência e 35,7 kgfm de torque.

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União dará às marcas o que elas mais precisam: uma plataforma nova à FCA e motores turbo para a PSA

Ao mesmo tempo, a FCA passaria a ter enfim uma base para construir a sua picape média, segmento que o grupo vem namorando há alguns anos. Tal modelo poderia ser vendido com marca Fiat ou Ram, algo que ainda não foi divulgado pela fabricante.

Resta saber se o grupo terá fôlego para manter três fábricas operantes no país. Embora Carlos Tavares tenha garantido em coletiva de imprensa nesta semana que a intenção da fusão não é fechar plantas nem promover demissões, querer nem sempre é poder.

Neste caso, o complexo de Porto Real (RJ) se mostra muito mais frágil que a gigante fábrica de Betim (MG) e a moderna Goiana (PE).

 

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