Professor de Física faz Fusca 1300 de 1979 virar sala de aula prática

Segundo Zenorini, durante uma aula de termodinâmica, uma área da Física que explica como a energia térmica se transforma em movimento, alguns alunos disseram que gostariam de ver aquilo na prática. Foi quando ele foi até o estacionamento da escola e abriu o capô de seu carro (que não era o Fusca) para fazer uma demonstração.

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"Fui mostrando a parte do motor, onde entrava a gasolina, como era queimada, expliquei para eles e depois voltamos para a aula. Eu vi que isso teve um impacto muito positivo no engajamento deles na aula. Foi assim que o projeto começou", conta.

A partir daí, o professor decidiu que precisava de um objeto que permitisse ensinar outras áreas de sua disciplina, como mecânica, óptica e ondas elétricas. "Foi quando surgiu o nome Física no Fusca. Pensei em como encontrar um Fusca em boas condições para comprar", relembra.

Zenorini adquiriu um Volkswagen Fusca 1300 de 1979. A partir daí, começou a reestilizar o veículo, envelopando-o com figuras que remetessem a diversas áreas da Física. "Nas laterais, coloquei figuras de leis de Newton e Galileu para tratar das áreas da mecânica. No para-lama traseiro, próximo à bateria, colei imagens que remetem à eletricidade”, conta. 

A tampa traseira remete hoje à termodinâmica, com o funcionamento de um motor a combustão e a queima de combustível dentro da câmara. “No teto, eu brincava que era o único teto solar de verdade, já que tem uma imagem do sistema solar. Toda parte do carro foi adesivada com uma parte da física diferente", acrescenta.

Desde então, Fred usa o carro para se locomover para a escola onde dá aulas e, assim, aproveita para tirar os alunos da sala e colocá-los em contato com a Física na prática. "Claro, tenho outro veículo e uma bike elétrica também, mas uso bastante o Fusca como meio de transporte”, diz.

Como o Fusca é mais utilizado para ir e voltar da escola, Fred aproveita o espaço para levar outros objetos que mostra na sala de aula. "Sempre levo nele bomba para encher pneu, duas baterias de moto, um alternador antigo do Fusca, cabo de recarga de bateria, objetos elétricos, garrafa para encher com gasolina etc", diz Zenorini.

Como são as aulas?

Segundo o docente, são muitos os temas que podem ser abordados utilizando o carro. A ideia é mostrar que a física pode ser tão simpática quanto um Fusca, um carro que desperta interesse de muitas pessoas até hoje.

"Todo mundo tem simpatia pelo Fusca e, infelizmente, a maioria das pessoas tem uma antipatia natural pela Física, achar que é uma coisa difícil. Quando consigo mostrar que a teoria que está no livro é muito mais legal vista na prática, faz muito mais sentido. É a aprendizagem significativa, dar significado àquilo que o aluno está estudando", argumenta.

Para ilustrar as aulas, Zenorini usa o Fusca para fazer demonstrações sobre cada área da física, como, por exemplo, leis de força. "Em uma aula sobre força, aceleração e movimento, uma das coisas que faço é colocar uma trena e pedir para alguns alunos empurrarem o carro”, narra. 

“Coloco um aluno sozinho e ele tem mais dificuldade, depois vou aumentando a quantidade, dois, três. Assim, conseguimos falar sobre força resultante, a diferença de movimento que uma força maior gera sobre um objeto, por exemplo", explica.

O professor já usou o carro veterano já serviu até para falar sobre geradores elétricos, mostrando o alternador e medindo a tensão da bateria com o veículo ligado e desligado. Já colocou o Fusca para descer uma ladeira na escola, a fim de demonstrar a aceleração da gravidade no plano inclinado, entre outros temas.

"Também já dei uma aula sobre o sistema de arrefecimento do Fusca, que é a ar, como aquela caixa do motor vira um recipiente hermético e como o design dele, arredondado, gera uma diferença de pressão que faz com que, em movimento, a pressão do ar fique maior em cima do que embaixo. Isso faz o ar descer e entrar na caixa do motor", conta Fred.

"A Física é legal demais para estar só no livro, e o Fusca me ajuda a mostrar isso", complementa.

Projeto na internet

Com o sucesso do projeto Física no Fusca, o professor decidiu expandir a ideia e divulgar o trabalho na internet. Com o mesmo nome do projeto, ele alimenta páginas no Facebook, um perfil no Instagram, um canal no Youtube e, mais recentemente, criou um perfil no TikTok. 

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