Primeiros híbridos flex da Stellantis ameaçam matar motor 2.0 diesel

Fabricante confirmou que fábrica de Goiana (PE) será a primeira no Brasil a produzir modelos com a tecnologia Bio-Hybrid flex já a partir de 2024
LF
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18.10.2023 às 11:12
Fabricante confirmou que fábrica de Goiana (PE) será a primeira no Brasil a produzir modelos com a tecnologia Bio-Hybrid flex já a partir de 2024

A Stellantis confirmou nesta semana que o polo automotivo de Goiana (PE) será a primeira fábrica nacional do grupo a produzir modelos híbridos flex dotados da tecnologia Bio-Hybrid. O lançamento será já em 2024.

A fabricante também afirmou, em nota oficial, que Goiana foi a planta escolhida para produzir seu primeiro carro elétrico nacional, este ainda sem um ano exato apontado para lançamento. Sabe-se, porém, que acontecerá antes de 2030.

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Sobre o lançamento dos primeiros produtos híbridos flex da família Bio-Hybrid, a companhia tampouco especificou quais serão. Entretanto, a Mobiauto entende que o escolhido foi o sistema Bio-Hybrid plug-in, híbrido do tipo PHEV (com recarga externa). O Bio-Hybrid e-DCT, híbrido pleno, também deve ser usado pelos modelos feitos em solo pernambucano.

A escolha pelos híbridos plug-in faz sentido em várias frentes. Primeiro, ajudará a Stellantis a cumprir com mais facilidade as exigências do Proconve L8, que entra em vigor a partir de 2025, como substituto do atual motor 2.0 Multijet turbo diesel de 170 cv de potência e 35,7 ou 38,7 kgfm de torque.

Segundo, ajudará a fabricante a reposicionar com mais força seus SUVs com tração 4x4 contra rivais chineses como GWM Haval H6 e BYD Song Plus. Com o preço do diesel S10 mais caro que a gasolina, a empresa vem enfrentando muitas dificuldades para vender modelos como Jeep Compass TD350 e Commander TD380.

Na prática, conforme contamos neste outro artigo, o Bio-Hybrid plug-in promoverá a morte dos veículos leves monobloco a diesel da Stellantis. Seu conjunto mecânico, inclusive, é o mesmo do Compass 4xe já comercializado em nosso mercado como importado.

Ou seja, estamos falando do uso do motor 1.3 GSE T4, o conhecido T270 ou Turbo 270 de quatro cilindros e 16V, com injeção direta de combustível, sistema MultiAir III de variação de tempo e nível de abertura das válvulas, e atuação em ciclo Otto. São 185 cv de potência com etanol e 180 cv com gasolina, sendo 27,5 kgfm de torque. Ele opera em união com um motor elétrico traseiro de 60 cv e 24,5 kgfm, responsável por tracionar diretamente aquelas rodas.

A potência combinada chega a 240 cv com gasolina no Compass4xe e pode alcançar 245 cv na variante flex, com até 50 kgfm de torque combinado. Tudo gerenciado pelo câmbio automático de seis marchas da Aisin, sem necessidade de eixo cardan ou da caixa de nove velocidades da ZF com reduzida.

O banco de baterias possui 11,4 kWh de capacidade e permite uma autonomia perto de 40 km em modo elétrico, com consumo na casa de 20 km/l. Compass e Commander 4x4 são fortes candidatos a estreá-lo, tornando-se SUVs 4xe nas versões de topo. Também há chances de que o Renegade receba a configuração de primeira.

Já as picapes Fiat Toro e Ram Rampage podem segurar um pouco mais a sobrevida do motor 2.0 Multijet turbo diesel. Isso porque a legislação do Proconve L8 para comerciais leves será diferente e menos restritiva do que a que será aplicada a automóveis de passeio.

É o que pode explicar, inclusive, a decisão da Stellantis de abortar o projeto de incluir o conjunto Turbo 270 4x4 flex do Renegade na Toro na linha 2024 da picape intermediária.

Compass e Commander T270 4xe Bio-Hybrid flex devem ser lançados no segundo semestre de 2024, como linha 2025. Antes, os dois SUVs ganharão a configuração 2.0 Hurricane 4 4x4 a gasolina em suas respectivas versões de topo, ainda na primeira metade do ano que vem.

Primeiro Bio-Hybrid de fato pode ser hermano

Apesar do anúncio para produção dos primeiros Bio-Hybrid nacionais em 2024, em Goiana, a Stellantis pode estrear sua tecnologia híbrida flex a partir de um produto fabricado não no Brasil, mas sim na Argentina.

Estamos falando da segunda geração do Peugeot 2008, que será lançada em meados do ano que vem, com produção no País vizinho. O SUV tem boas chances de contar com o motor 1.0 turbo Bio-Hybrid MHEV (híbrido leve), e até mesmo com o 1.3 turbo Bio-Hybrid e-DCT em suas versões de topo.


Visual do novo 2008 será similar ao do elétrico europeu

Betim entra na jogada até 2025

Já o complexo de Betim (MG) terá seus primeiros produtos híbridos flex até a primeira metade de 2025. Pulse e Fastback Turbo 200 Bio-Hybrid MHEV devem começar a ser produzidos, na verdade, já no fim de 2024.

Além deles, o vindouro Jeep Avenger (projeto 516 ou F2U-X) contará com essa mesma motorização híbrida leve flex. Por fim, a segunda geração do Argo (projeto F1H) também se tornará MHEV flex entre 2025 e 26.

Por fim, Porto Real (RJ) também deve receber a tecnologia Bio-Hybrid da Stellantis no máximo até 2026.

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