Fiat e Jeep terão 3 tipos de carro híbrido nacionais contra invasão chinesa

Tecnologia Bio-Hybrid é carta na manga da Stellantis para tornar portfólio mais amigo do meio ambiente, enquadrá-lo nas regras de emissão e conquistar novos públicos
LF
Por
01.08.2023 às 09:00
Tecnologia Bio-Hybrid é carta na manga da Stellantis para tornar portfólio mais amigo do meio ambiente, enquadrá-lo nas regras de emissão e conquistar novos públicos

A Stellantis, conglomerado automotivo ao qual pertencem as marcas Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën, entre outras, colocou suas cartas na mesa e apresentou três diferentes tipos de tecnologia híbrida com as quais trabalhará em seus veículos de produção nacional. A fabricante chama sua tecnologia de Bio-Hybrid.

Bio é uma menção ao fato de os motores da família serem flex, com a possibilidade de usar etanol, um biocombustível. Os primeiros modelos a entrar para a família Bio-Hybrid da Stellantis o farão já em 2024. A expectativa é que até 2026 os três tipos de motorização híbrida estejam aplicados em pelo menos um modelo de produção da companhia.

O objetivo da multinacional é claro: precaver-se contra a invasão de veículos eletrificados chineses ao mercado brasileiro, em especial de GWM e BYD, bem como rivais mais tradicionais que também estão investindo em eletrificação, caso de Toyota, Renault e, principalmente, Volkswagen.

Você também pode se interessar por:

Os três tipos de motor híbrido da família Bio-Hybrid contemplarão os sistemas leve (MHEV), pleno ou paralelo ou convencional (HEV) e plug-in ou com recarga externa (PHEV). Confira:

1)  Bio-Hybrid

Trata-se de um conjunto híbrido leve (MHEV) com motor elétrico único de até 3 kW (4 cv) de potência, acoplado ao alternador, e bateria de até 1 kWh de íons de lítio, localizada abaixo do banco do motorista. O conjunto é ligado por correia.

O motor elétrico é pequeno e incapaz de tracionar as rodas, daí o nome “leve”. Apesar disso, ajuda a carregar a bateria de chumbo-ácido que alimenta a arquitetura elétrica do veículo, gera um pequeno torque adicional ao motor térmico e transforma a energia elétrica armazenada em energia mecânica.

Desse modo, permite que o veículo siga ligado e funcionando no embalo, mesmo com o motor desacoplado da transmissão, durante períodos sem aceleração a velocidades de cruzeiro. É o chamado “modo velejar”, já conhecido em modelos mais recentes da Kia. Por fim, possui um sistema start-stop de geração mais avançada.

O motor Bio-Hybrid híbrido leve flex será o primeiro a estrear, já em meados de 2024, na nova geração do Peugeot 2008. No fim desse mesmo ano, estará na linha 2025 do Fiat Pulse e, na sequência, em seu irmão cupê Fastback.

O Jeep Avenger, futuro produto de entrada da marca de SUVs no Brasil, também deve utilizá-lo. Outros produtos dotados da motorização Turbo 200, como Peugeot 208, Fiat Strada e os novos Citroën C3 Aircross e C3 X também devem ser contemplados.

Terá aplicação inicial junto ao motor 1.0 GSE turbo flex de três cilindros, sempre com câmbio automático CVT com simulação de sete marchas. Há a possibilidade, embora pouco materializável, de usá-lo com os motores Firefly aspirados de 1 e 1,3 litro, seja com câmbio manual ou CVT.

2)      Bio-Hybrid e-DCT

É um híbrido pleno, como a dupla Toyota Corolla e Toyota Corolla Cross, porém com uma diferença importante: em vez do câmbio e-CVT usado pela marca japonesa, entra em cena uma surpreendente caixa automatizada de dupla embreagem com seis marchas, chamada pela Stellantis de e-DCT.

Um segundo motor elétrico, maior, fica acoplado à caixa de câmbio e pode variar entre 3 kW (4 cv) e 16 kW (22 cv) de potência, enquanto a bateria tem pelo menos 1 kWh de capacidade, podendo chegar a quase 2 kWh, dependendo da aplicação. Ela fica posicionada no túnel central dos veículos. Fiações de 12 e 48 Volts permitem a transação de energia entre elas.

Como comparação, a bateria dos Toyota possui 1,3 kWh e está alocada abaixo do banco traseiro do SUV ou do sedan, mas é formada por um composto de níquel e cádmio, enquanto a da Stellantis já utiliza íons de lítio, por isso é mais compacta.

A caixa DCT permite o acoplamento das duas embreagens mecânicas ao diferencial, em caso de utilização apenas do motor a combustão, mas também permite a substituição de uma delas pelo acoplamento do motor elétrico, formando uma aceleração conjunta entre os dois propulsores por até 5 quilômetros diretos.

Além disso, pode desacoplar as duas embreagens e ligar o motor elétrico diretamente ao diferencial, possibilitando o tracionamento das rodas apenas em modo elétrico por alguns metros. Por isso, pode ser considerado um híbrido paralelo. Também conta com start-stop de nova geração.

O motor Bio-Hybrid e-DCT deve estar no mercado entre 2025 e 26 e ser usado em modelos de marcas mais premium da Stellantis ou produtos de porte compacto-médio e médio, como os Jeep Renegade, Compass e Commander, além da Fiat Toro nas configurações com tração 4x2 dianteira.

Terá aplicação inicial junto ao motor 1.3 GSE turbo flex de quatro cilindros, com o câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas substituindo a caixa automática epicíclica fornecida pela Aisin.

3)      Bio-Hybrid plug-in

  • Tipo: híbrido plug-ind (PHEV)
  • Motor aliado: 1.3 GSE T4 turbo flex e/ou 2.0 GME turbo flex; câmbio automático de nove marchas
  • Aplicações: Jeep Renegade 4x4; Jeep Compass 4x4, Jeep Commander 4x4, Fiat Toro 4x4, Ram Rampage.

É o famoso híbrido PHEV ou plug-in, pois permite a recarga externa do banco de baterias. Que, por esse mesmo motivo, é mais robusto, chegando a 12 kWh de capacidade. É um número menor que o de outros híbridos do tipo, como Caoa Chery Tiggo 8 Pro Hybrid (19,3 kWh), GWM Haval H6 PHEV (34,7 kWh), mas acima do BYD Song Plus (8,3 kWh).

Aqui, a bateria também é de íons de lítio e fica distribuída pelo túnel central e balanço traseiro. Há, ainda, um motor elétrico acoplado sobre o eixo traseiro, ficando responsável por tracionar aquelas duas rodas. A potência desse motor é de 60 cv, como no Jeep Compass 4xe.

Com o banco mais robusto de baterias e motores mais potentes, os modelos Bio-Hybrid plug-in da Stellantis terão uma autonomia maior em modo elétrico, na casa de algumas dezenas de quilômetros.

Na prática, esse sistema substitui a transmissão com tração 4x4 tradicional da plataforma Small Wide, seja em produtos com motor flex, a gasolina ou diesel. Em outras palavras, todos os modelos atuais da fabricante produzidos no Brasil com tração 4x4 devem se tornar híbridos flex plug-in em médio prazo: Renegade, Compass, Commander, Toro e Ram Rampage.

Comentários