Nova Chevrolet Montana x Renault Oroch: o DUELO DEFINITIVO das picapes intermediárias

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13.04.2023 às 02:34
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O motor Hitork 1.0 16V, lançado pela Volkswagen em abril de 1997, foi o primeiro desse tipo a ganhar duas válvulas por cilindro. Ele logo caiu nas graças dos brasileiros, que se encantaram com a potência de 69,4 cv a 5.750 rpm e 9,4 kgfm de torque a 4.500 rpm, além de seu consumo comedido.  

O Gol 1.0 16V, por exemplo, fazia 10,89 km/l de gasolina em cidade, ante 11,83 km/l da versão 1.0 8v. Já na estrada, eram 15,44 km/l e 15,29 km/l, respectivamente. A velocidade final também era melhor, chegando a 156,5 km/h, assim como a aceleração, já que o hatch fazia de 0 a 100 km/h em 17,58 segundos. 

O motor deu tão certo, que no mesmo ano era lançada a primeiro station do mercado com motor 1.0 16v. A Volkswagen Parati com essa motorização foi apresentada ao público em um criativo comercial de TV, e logo ganhou as ruas em grande quantidade.  

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Má fama e opção turbinada 

Mas algo de errado não estava certo: nossa cultura era com troca de óleo em posto, com qualquer óleo. 

Logo surgiam reclamações e muitas visitas dos proprietários desses carros às oficinas com problemas nos cabeçotes, anéis, antichama, e logo a reputação destes motores começou a ser questionada. 

No início dos anos 2000, foram lançados outros veículos com esta configuração, como o Seat Ibiza e o VW Gol e Parati Turbo, o primeiro motor 1.0 16v Turbo do mercado nacional. 

Com o slogan "o motor turbo que todo mundo pode comprar", o 1.0 16v turbinado da Volkswagen foi considerado, na ocasião, o motor mais moderno do país e, de quebra, foi o precursor dos motores turbinados de baixa cilindrada, tão comuns e eficientes hoje em dia.

Foi também o primeiro 1.0 16v a usar balancins roletados para diminuir o atrito quando as válvulas de admissão e escape são acionadas, o que se tornaria referência nos motores seguintes. 

Pagando 10% de IPI, era uma opção relativamente barata e moderna de se ter um “carro esportivo”, por se enquadrar na faixa de impostos de carros populares.

Muitos não gostaram por ele ter sido o responsável pelo falecimento do Gol/Parati GTi, que pagavam 25% de IPI e, com a alta do Dólar, tornou sua produção inviável graças ao motor 2.0 16v importado. Mas verdade seja dita: era muito divertido e todo mundo queria dar uma voltinha em um Gol Turbo, mesmo não sendo um esportivo tão esportivo quanto aos finados GTi’s. 

O aumento de potência ante o 1.0 16v convencional foi de 62%, a suspensão e os freios eram os mesmos do Gol 2.0 8v, capazes de frear o esportivo com segurança e com boa estabilidade. 

O desempenho surpreendia e fazia o brasileiro perder o preconceito com os motores de baixa cilindrada. Com 112 cv a 5.500 rpm e 15,8 kgfm de torque a 2.000 rpm, era só um pouco mais fraco que os 2.0 AP dos Gol GTi quadrados.  

Em um comparativo promovido pela Revista Quatro Rodas, em agosto de 2000, ele foi mais rápido em aceleração, velocidade máxima e retomada que o Gol 2.0, e de quebra era mais silencioso.

Além do desempenho, o preço era outro atrativo. Ainda comparando com o Gol 2.0, o 1.0 16v turbo era também mais barato, custando R$ 22.798, equivalentes hoje a R$ 139.443 (IGPM-FVG), ante R$ 24.771 pedidos pela versão com maior cilindrada - ou R$ 151.511, hoje.

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O que Gol e Parati turbo ofereciam 

Com aparência esportiva, Gol e Parati 1.0 16V turbo eram oferecidos em 15 cores externas, entre sólidas, metálicas e perolizadas. As sólidas: branco Geada, vermelho Vitória, amarelo Solar (só para o Gol), vermelho Marte e preto Universal. As metálicas: prata Imperial, cinza Titanium, bege Júpiter, verde Sírius e vermelho Antares. 

O leque de cores ficava mais completo com as perolizadas azul Safira, vermelho Mercúrio, verde Bornéo, branco Pérola e preto Órion. Trazia como itens de série: 

  • Aerofólio traseiro na cor do veículo com brake-light (só no Gol) 
  • Antena no teto 
  • Brake light 
  • Faróis de neblina dianteiros 
  • Farol com duplo refletor e 'máscara negra' 
  • Lanterna traseira de neblina 
  • Logotipo Turbo cromado 
  • Pneus radiais 185/60 R14 
  • Ponteira de escapamento oval 
  • Roda de liga-leve 6J x 14" (novo design) 
  • Vidros verdes "plus" e pára-brisas degradê 
  • Acendedor de cigarros iluminado 
  • Acionador da buzina com o logo Turbo (nos veículos sem airbag) 
  • Chave na tampa do porta-luvas 
  • Painel de instrumentos injetado com faixa central em cinza Titanium 
  • Pára-sol biarticulado com espelho no lado direito e porta-documentos no lado esquerdo 
  • Porta-malas com iluminação 
  • Regulagem de altura do cinto de segurança 
  • Regulagem de altura do banco do motorista 
  • Relógio digital 
  • Revestimentos internos com tecido Argel preto e detalhes em cinza Titanium 
  • Temporizador do limpador de pára-brisas 
  • Alternador 14V 75A 
  • Bagageiro de teto (só na Parati) 
  • Buzina dupla 
  • Direção hidráulica 
  • Espelho externo com controle interno 
  • Janela lateral traseira basculante (só no Gol 2 portas) 
  • Limpador do vidro traseiro 
  • Porta do lado direito com chave 
  • Preparação para som sem auto-falantes 
  • Travessas para o bagageiro do teto (só na Parati) 
  • Vidro traseiro com anti-embaçante 
  • Barras de proteção das portas 
  • Imobilizador eletrônico 

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Itens opcionais 

  • Airbag duplo 
  • Alarme com funcionamento à distância 
  • Aquecimento 
  • Ar-condicionado 
  • CD Player, 4 alto-falantes, porta CD, 2 tweeters 
  • Freio ABS 
  • Travamento central 
  • Vidros elétricos com fechamento automático 

Fim da linha e renascimento dos 1.0 turbo

As vendas entraram 2003 em baixa e, no mesmo ano, o governo da época reduziu o IPI de carros com motor 1.0, caindo de 10% para 9%.  Para modelos com propulsor acima de 1.0 até 2.0, a redução foi ainda maior, 25% para 16%.

Com isso, os preços entre os carros 1.0 16v e 1.6 ficaram bem próximos. Como exemplo, eram apenas R$ 610,00 (R$ 1.694,68 hoje) de diferença das versões do Polo 1.0 16v Comfortline e 1.6 8v Comfortline, equipadas com ar-condicionado.

Os preços de todos os veículos foram reposicionados, tornando os modelos 1.0 16v pouco atrativos se comparados aos 1.6 8v. Sendo assim, em setembro de 2003, a Volkswagen retirou de linha os motores 1.0 16v, tanto aspirado quanto turbo.

No mercado de usados, carros como VW Gol Turbo e VW Parati turbo sofreram por anos com forte desvalorização, graças a negligência de muitos proprietários na manutenção destes motores.

Apenas em julho de 2015 a Volkswagen voltou a oferecer motor 1.0 multiválvulas turbo no mercado nacional, quando lançou o EA-211 1.0 12v no Up! TSi. 

Hoje, em pleno 2023, a preferência por motores turbo é grande, graças a seu maior desempenho, consumo de combustível e durabilidade. A própria Volkswagen Brasil oferece apenas uma opção de motor aspirado em seu catálogo.

 Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em Comunicação Empresarial e Marketing Digital, e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua há 18 anos com gestão e consultoria automotiva, auxiliando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. É criador dos canais Autos Originais e Auto e Autos…

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