Gigante chinesa fará SUVs e picape no Brasil para brigar com Caoa Chery

Great Wall, terceira maior fabricante automotiva da China, comprará fábrica desativada pela Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), segundo jornal
LF
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05.07.2021 às 11:31
Great Wall, terceira maior fabricante automotiva da China, comprará fábrica desativada pela Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), segundo jornal

No esteio do sucesso da Caoa Chery, a gigante chinesa Great Wall, atualmente a terceira maior fabricante automotiva do país (atrás apenas de FAW e Dongfeng), comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) para instalar um polo automotivo no Brasil. A informação é do jornal O Globo.

Segundo o periódico, embora o acordo ainda não tenha sido anunciado oficialmente, já foi divulgado pela empresa em seu jornal interno no dia 25 de junho, “incluindo a divulgação de dados técnicos da planta paulista e a confirmação de que eles estão dentro dos padrões necessários para a produção de carros da GWM (Great Wall Motors)”.

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Em meados do ano passado, quando eu ainda trabalhava na Quatro Rodas, escrevi um artigo detalhando os planos de ingresso da Great Wall no mercado brasileiro. Na época, expus que a empresa vinha formando um corpo diretivo no país (que está praticamente completo) com o objetivo de iniciar sua operação em 2022. 

A ideia original seria começar como importadora enquanto buscava um local para instalar uma fábrica. Desde o princípio, a companhia queria fugir do ABC paulista e se instalar no interior do Estado, por isso não negociou a aquisição do complexo desativado pela Ford em São Bernardo do Campo (SP). 

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A desativação da fábrica da Mercedes em Iracemápolis surgiu, portanto, como oportunidade perfeita. Por outro lado, pode adiar um pouco o cronograma, visto que a companhia agora tem a oportunidade de começar a operação já com produção local, deixando para fazer os primeiros lançamentos entre 2023 e 24.

Além da fábrica brasileira, a Great Wall também está adquirindo plantas que pertenciam à General Motors na Rússia e na Tailândia, mercados que são similares ao brasileiro. Isso mostra que o plano de expansão global da empresa, que é uma fabricante de capital privado na China, passa prioritariamente por mercados emergentes antes de chegar a Europa e EUA.

A Mobiauto procurou representantes da Great Wall no Brasil para confirmar a informação sobra a aquisição da fábrica de Iracemápolis, mas não obteve resposta até a publicação deste artigo.

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Quais carros a Great Wall deve produzir no Brasil

Great Wall, terceira maior fabricante automotiva da China, comprará fábrica desativada pela marca alemã em Iracemápolis (SP), segundo jornal

Segundo minhas apurações de 2020, o foco da Great Wall será em produzir SUVs e picapes de maior valor agregado, provavelmente da marca Haval, numa estratégia similar à que a Caoa Chery vem adotando. Não devemos esperar nenhum modelo de apelo mais popularesco, como marcas chinesas costumavam fazer nos primeiros anos de presença em nosso mercado.

O favorito para estrear a linha de produção é o SUV médio Haval H6, que tem 4,65 m de comprimento, um porte intermediário ao de um Toyota RAV4 e um VW Tiguan Allspace. Já patenteado no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), o H6 utiliza na China um motor 1.5 turbo com injeção direta e câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas.

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Great Wall, terceira maior fabricante automotiva da China, comprará fábrica desativada pela marca alemã em Iracemápolis (SP), segundo jornal

Outro candidato a estar no portfólio nacional da marca Haval é o Jolion (o modelo da imagem de abertura desta reportagem), um SUV compacto-médio com 4,47 m de comprimento e 2,70 m de entre-eixos que viria para brigar no segmento de Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e VW Taos.. Seu trem de força é o mesmo do H6, com aproximadamente 150 cv de potência e 22,4 kgfm de torque.

Além deles, está no radar a Poer, picape média da família Série P desenvolvida para tornar a Great Wall uma das líderes em vendas de picapes no mundo todo. Ela é construída com chassis sobre longarinas e, segundo o fabricante, oferece mais de 100 combinações entre visual, tipo de cabine e motorização.

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Seu porte é um pouco maior que o de uma Toyota Hilux: 5,36 m de comprimento, 1,88 m de largura e altura, e 3,23 m de entre-eixos. Sua capacidade de carga é de pouco mais de 1 tonelada, o que a permitiria ser vendida no Brasil com motores a diesel. 

Na China, o propulsor 2.0 turbodiesel da picape rende 163 cv e 40,8 kgfm, um pouco menos do que as picapes médias do mercado brasileiro vêm alcançando nos últimos anos. Assim como o Haval H6, a Poer já tem o seu visual patenteado pela fabricante no Inpi.

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