Direção defensiva: o que é e como conduzir de forma mais segura

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Direção defensiva vs direção preventiva

Porém, o conceito vai muito além da cautela na hora do trânsito. De acordo com Roberto Manzini, especialista em direção defensiva e pilotagem esportiva, a prática requer conhecimento e treinamento.

A primeira questão sobre direção defensiva é que aquilo que aprendemos em autoescola é, na verdade, “direção preventiva”. É comum que os dois conceitos sejam confundidos. Mas, apesar de terem algumas semelhanças, são diferentes. “A direção preventiva vem de prevenção, enxergar e administrar para não entrar no risco”, explica Manzini.

O que é direção preventiva

O especialista exemplifica com uma teoria que utiliza em uma das aulas de seus cursos: “Se eu venho numa avenida, a 60 km/h, e de repente eu vejo duas crianças jogando bola na calçada, a probabilidade dessa bola ir para a avenida é grande e é normal a criança correr atrás da bola se o objeto for para a rua”, descreve.

“Neste caso, o que o motorista preventivo faz? Ele identifica esse risco e não pode frear, porque a pior coisa no trânsito é você interromper o fluxo, mas ele pode olhar no retrovisor, olhar uma saída à esquerda ou à direita e preparar para uma frenagem emergencial. Ele vai administrar o risco para não entrar no perigo”, completa.

O que é direção defensiva

Já a direção defensiva é demandada quando o perigo acontece sem nenhum precedente. É um elemento surpresa e, por isso, requer um treinamento específico para que o motorista tenha a reação mais segura e adequada possível, reduzindo o risco de um acidente ou minimizando os eventuais danos ao adotar aquela manobra.  

“Um exemplo de direção defensiva é: eu estou com uma diferença segura para o veículo da frente em uma rodovia e, de repente, desprende uma carga de um caminhão. Neste caso, eu não tenho prevenção, porque a carga pode estar coberta, dentro dos parâmetros de segurança, e desprender mesmo assim”, comenta Manzini.

“Eu vou ter que frear ou fazer um desvio rápido. Aí é [direção] defensiva, porque o perigo já existe. [A direção defensiva] requer treinamento de estímulo e resposta, e um treinamento com uma didática específica”, destaca o piloto.

Apesar de existirem diferenças em alguns aspectos, os dois tipos de direção compartilham alguns elementos primordiais para que o condutor dirija com uma segurança mínima. Os principais elementos para o condutor que busca praticar a direção segura são:

• Conhecimento do carro e suas funções
• Atenção ao trânsito e ambiente
• Capacidade de previsão dos acontecimentos
• Decisão rápida de acordo com esses acontecimentos
• Habilidade para execução de manobras

De acordo com o presidente do Sindautoescola-SP (Sindicato das Auto Moto Escolas e Centros de Formação de Condutores no Estado de São Paulo), José Guedes, tanto para praticar a direção defensiva quanto a preventiva é muito importante ter cautela, conhecimento das leis e estar com o veículo em dia, além de conhecer as regras de trânsito.

“Algumas outras premissas são necessárias, como apresentar capacidade para o raciocínio maneira eficiente e a tomada rápida de decisões que possam prevenir ou minimizar acidentes. É valioso, também, agir de maneira respeitosa com os demais participantes do trânsito”, afirma.

Como praticar uma direção segura

Para Roberto Manzini, praticar uma direção segura é o mais importante no trânsito. Por isso, o condutor deve sempre analisar e prestar atenção às suas limitações físicas e psicológicas. “Na segunda-feira, eu posso estar mais atento e alerta do que na sexta, quando já estarei mais cansado. Temos que respeitar nosso limite na direção”, alertou o especialista.

Em relação ao conhecimento que o condutor precisa obter, saber as normas do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) é o básico, mas, para além disso, é necessário reconhecer os riscos do trânsito, como condutores e pedestre, para evitar atitudes que possam causar acidentes. Educação, compreensão e paciência também ajudam a construir um trânsito mais seguro.

Não menos importante do que o conhecimento durante a condução é a atenção. Hoje em dia é comum distrair-se com o celular ao volante, por exemplo. Mesmo com smartphones conectados à central multimídia do carro, é possível que isso seja um fator de distração para o condutor, o que pode causar acidentes.

Por isso, é importante não dividir a atenção ao volante. De acordo com os especialistas consultados pela Mobiauto, a atenção do motorista deve estar sempre voltada aos elementos da via e suas condições e a sinalização. Ou seja, o condutor precisa estar em alerta durante a condução do veículo, a fim de tomar as atitudes corretas para evitar acidentes.

Direção segura: manutenção do veículo

Pode não parecer, mas estar em dia com a manutenção do veículo também faz parte de uma direção segura, seja ela preventiva ou defensiva. O automóvel possui freios, pneus, motor, sistema de direção e muitos outros itens que podem causar acidentes pelo mau funcionamento (ou aumentar as chances de um acidente ser ainda pior do que deveria).

Por isso, realizar a manutenção periódica e preventiva de todos os componentes do veículo é de extrema importância e faz parte de uma direção segura.

Direção preventiva: condições climáticas

O motorista precisa estar atento ao seu veículo e aos demais elementos do trânsito, sejam automóveis, motocicletas, ciclistas, pedestres, placas de sinalização e até condições climáticas. Tudo isso pode acarretar problemas na direção.

Neste momento, o condutor que pratica a direção segura entra em cena. Em uma situação de chuva ou névoa, em que a visibilidade fica reduzida, o motorista deve redobrar sua atenção, acionar a luz baixa do farol, aumentar a distância para o veículo da frente e diminuir a velocidade. Neste caso, é importante que os limpadores para-brisa estejam funcionando.

Em resumo, independentemente de se praticar uma direção preventiva ou direção defensiva, o correto a se fazer é sempre dirigir com atenção e de forma segura. “Todo condutor deve praticar a direção preventiva e não necessariamente a defensiva, porque a defensiva é a direção de urgência, que requer treinamento específico”, conclui Roberto Manzini.