Carro movido a vento quebra teoria e faz físico perder aposta de R$ 50 mil

Invenção feita por cientista youtuber espanta teóricos ao conseguir andar mais rápido que o próprio vento, e pode romper só paradigmas
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07.07.2021 às 08:00
Invenção feita por cientista youtuber espanta teóricos ao conseguir andar mais rápido que o próprio vento, e pode romper só paradigmas

Com Camila Torres

Há carros movidos a combustíveis fósseis, eletricidade, hidrogênio... No entanto, talvez não haja energia mais limpa possível para mover um automóvel do que o vento. Ao que parece, inventaram um carro movido a vento, e não estamos falando de um carrinho de rolimã descendo a ladeira. Mas também não é um carro convencional. 

O que realmente importa é que seu diferencial em relação a qualquer outro veículo é que, enquanto todos os outros usam algum elemento ou combustível que precisa ser comprado e reservado para se mover, este só depende da ação do vento. Não há qualquer outro tipo de motor ou energia de propulsão nele.

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Assim como não pagamos pelo ar que respiramos, o carro não paga pelo ar que o impulsiona. Pode parecer uma dessas histórias bizarras, mas ela é real e deixou até o professor de física da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) Alexander Kusenko de queixo caído e um pouco mais pobre. 

Invenção feita por cientista youtuber espanta teóricos ao conseguir andar mais rápido que o próprio vento, e pode romper só paradigmas

Tudo começou quando o youtuber Derek Muller publicou em seu canal de ciência ’Veritasium’ um vídeo dele próprio dirigindo um carro batizado de “Blackbird” (pássaro preto, em tradução direta do inglês). 

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Na gravação, o youtuber afirma que o aspirante a carro que ele guiava havia sido produzido por ele em colaboração com o também youtuber de ciência Xyla Foxlin. Segundo ele, surpreendentemente o veículo conseguia atingir velocidades maiores que as do próprio vento que o movia. 

O professor Kusenko contestou os fatos, alegando ser teoricamente impossível um carro movido a vento andar mais rápido que o próprio vento. Da discordância entre eles surgiu uma aposta de US$ 10.000, aproximadamente R$ 52.000.

Carro movido a vento, afinal é possível ou não?

Para o professor, seria impossível um carro movido apenas a vento se locomover a uma velocidade maior que a do próprio vento que o está empurrando. Segundo Kusenko, isso contraria as leis da física. 

O professor acreditava que rajadas de vento mais fortes não detectadas foram as responsáveis por fazer o carro se mover mais rápido que o esperado. O youtuber não se rendeu aos argumentos do professor e foi aí que os dois firmaram uma aposta. 

Dez mil dólares na mesa para Muller provar que o seu experimento contrariava o conhecimento teórico do físico. O evento contou com duas testemunhas célebres do mundo da ciência: Neil deGrasse Tyson e Bill Nye. 

Com a ajuda de outros estudiosos, o youtuber conseguiu provar que estava certo e publicou os resultados do estudo em seu canal no YouTube.

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Simulações feitas com base nos dados de GPS colhidos durante o teste indicam que o carro movido dirigido por Muller atingiu um pico de velocidade de 27,7 mph ou 44,6 km/h! E só não chegou a mais porque o youtuber teve de frear, receoso de ficar sem controle sobre o veículo e causar um acidente.

Ao mesmo tempo, a velocidade máxima do vento jamais superou 20 mph (32 km/h) e estava entre 10 e 13 mph (de 16 a 21 km/h) quando o carro registrou a velocidade mais alta do teste.

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Reparou na enorme hélice pendurada no topo da haste vertical do veículo? Pois então: ela é chamada de propelente, pois é a responsável por estimular a propulsão do veículo após a ação inicial do vento. Ela só começa a se mexer quando as rodas se movimentam, movidas pelo próprio vento. 

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Porém, diferentemente do que se imagina, as hélices não empurram o vento de trás para frente, mas sim o puxam de frente para trás, como num ventilador em modo de exaustão. 

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Depois de vários cálculos matemáticos, os cientistas concluíram que quando a velocidade do carro alcança a do vento, a hélice propelente se torna capaz de fornecer uma espécie de força infinita para seguir propulsionando o veículo a qualquer velocidade que o condutor do veículo queira.

Para comprovar essa teoria, Muller fez outro teste, desta vez com um pequeno protótipo em escala reduzida em uma esteira de caminhada. Mesmo com a força da esteira teoricamente empurrando o carrinho para trás, o movimento das rodas aciona a hélice, que então passa a empurrar o veículo na direção contrária á da esteira, com uma força maior.

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O professor da UCLA reconheceu a derrota e pagou os US$ 10 mil. Mas antes que você se anime muito com os resultados e queira sair por aí dirigindo um carro movido a vento, contenha-se: 

Além de um veículo assim depender de uma força externa, o que significa que não tem autonomia para se mover sozinho quando não há vento, é um protótipo para lá de experimental, com hélices enormes e espaço para só um passageiro, que por sinal rodava com a cabeça exposta e capacete, como num monoposto de Fórmula 1.

Ou seja: ainda não foi desta vez que escapamos de pagar tão caro pelo combustível que move os nossos automóveis. Infelizmente. 

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