VW Gol Souza Ramos foi edição de despedida do famoso batedeira

Versão tinha produção limitadíssima e motor boxer do Fusca em promoção da Copa do Mundo de 1986
LA
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02.04.2025 às 21:20 • Atualizado em 25.04.2025
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 Versão tinha produção limitadíssima e motor boxer do Fusca em promoção da Copa do Mundo de 1986

O VW Gol é o carro mais vendido da marca em nosso país, e vai demorar para outro modelo superar este número, principalmente se considerarmos as mudanças de mercado e comportamento do consumidor, já que hoje o número de carros mais vendidos é definido pelas vendas a frotas, como empresas e locadoras, e não mais pelo consumidor final.

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O modelo teve 3 gerações. A primeira, lançada em 1980 sob a plataforma BX, teve 3 remodelações, sendo 1984 com o lançamento do Gol com motor refrigerado a água para a linha 1985, 1987 e 1990, com a apresentação da linha 1991.

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O motor refrigerado a ar quase tirou o Gol de linha muito antes, afinal, era um motor ultrapassado, pouco eficiente, além de muito barulhento, mas há admiradores por sua robustez. Lançado com um motor de 1300 cilindradas e 50 cv SAE (36 cv ABNT) a 4.600 rpm e 9,2 kgfm de torque a 2.800 rpm, decepcionou toda a torcida com 0 a 100km/h em 30,27* segundos e velocidade máxima de 124 km/h na melhor passagem (sim, se considerar a média, era ainda mais lento).

Não trazia sequer a contrapartida no consumo, com números decepcionantes. Com gasolina, percorria 9,13 km/l na cidade e 12,28 km/l na estrada. Se comparado com o VW Sedan, vulgo Fusca, era mais econômico, mas quando era comparado com seu principal concorrente, o Fiat 147, era lento e beberrão, afinal, o compacto da marca italiana, com a mesma cilindrada fornecia 61 cv SAE* (54 cv ABNT) a 5.400 rpm, 9,9 kgfm de torque a 3.000 rpm, fazendo de 0 a 100 km/h em 17s e atingindo 140,3 km/h de velocidade máxima. Seu consumo era de 9,85 km/l na cidade e 14,84 km/l na estrada.

No início de 1981, foi lançada a versão a etanol, com os mesmos 50 cv SAE (36 cv ABNT) a 4.600 rpm, um pouco menos de torque, afinal eram 8,8 kgfm a 3.200rpm, mas com outra relação de marchas, trazendo mais fôlego. Agora fazia de 0 a 100 km/h em 23,34 segundos e velocidade máxima era de 133 km/h na melhor passagem. As vendas permaneciam em baixa.

Sua situação foi revertida em 1981 com o lançamento do Gol 1600, agora sim com interessantes 66 cv SAE a 4.400 rpm (51,55 cv ABNT) e 10,5 kgfm de torque a 3.000 rpm na versão a etanol. O desempenho do hatch da VW tornava-se mais condizente com sua proposta, e agora praticamente não devia mais nada para a concorrência: dados de testes da Revista Quatro Rodas indicavam 0 a 100 km/h em 16,57s com 145,7 km/h de velocidade máxima. Além disso, junto do motor 1600, a Volkswagen trouxe a primeira variação do Gol, a Furgão.

O mercado ansiava a chegada do Gol com motor refrigerado a água, afinal, o Voyage lançado em 1981 e o Voyage Parati lançado em 1982 já usavam o excelente motor VW BR 1.5 utilizado por anos no Passat. A Saveiro, lançada em 1982, também chegou com o motor Boxer refrigerado a ar, porém apenas 1.6.

As vendas melhoraram bastante e o Gol foi ganhando a fama que fez dele o carro mais vendido do Brasil, e as versões especiais ajudaram bastante à consolidação de seu nome, como o Gol Copa de 1982, ao qual falarei em outra oportunidade.

O Gol começou a se tornar objeto de desejo a partir de 1984, quando foi apresentada a linha 85. Os modelos S e LS usavam o motor 1.6 MD-270 e câmbio de 4 marchas, com 81cv* a 5.200 rpm e 12,8 kgfm de torque a 2.600 rpm, e a estrela GT, primeiro modelo da linha Gol a usar o motor refrigerado a água, usava o motor VW 1.8 (antecessor do AP-800) e câmbio de 5 velocidades, com 99cv* declarados a 5.400 rpm e 14,96 kgfm de torque a 3.200rpm. No caso do GT, para pagar menos imposto, a VW sacrificava a ficha-técnica, mas seu motor tinha 106 cv. Este sim fazia jus a esportividade, graças ao comando de válvulas mais bravo.

A linha de entrada, denominada BX, as versões mais simples da Saveiro e o Gol Furgão permaneciam com o motor aferrecido a ar. Para a linha 86, era apresentado o motor AP, onde os modelos S, LS e Plus usavam o motor 1.6 AP-600 e câmbio de 4 marchas, com 85cv* a 5.600 rpm e 12,65 kgfm de torque a 3.000 rpm, e o AP-800 apresentava a mesma ficha técnica, mesmo com outra estrutura.

Em seu último ano de produção, o Gol BX foi utilizado como base para uma versão especial encomendada pela Philips. Foram 53 unidades produzidas para presentear os felizardos em um sorteio na época da Copa do mundo.

Na Copa do Mundo de 1986, realizada no México, a Philips fez uma promoção chamada “Se liga, Brasil”, que teve como garoto-propaganda o humorista Jô Soares. Na época até mesmo um disco foi lançado com a mesma proposta publicitária. Como prêmio, foram entregues 53 unidades do Gol SR, customizado pela Souza Ramos.

A Souza Ramos, grande rede de concessionários da Ford no Brasil que operou de 1979 a 1996 com a SR veículos especiais, foi responsável por diversas criações únicas baseadas em veículos Ford e alguns Volkswagen. Foram muitas transformações icônicas, onde pick-ups ganhavam cabine dupla, tornavam-se utilitários esportivos ou até mesmo furgões, como os luxuosos SR Ibiza, Pampa SR, entre outros. Até mesmo o Ford Maverick foi transformado em um estiloso Station Wagon 4 portas e com motor V8 302, tornando-se um dos mais belos carros de família de seu tempo.

Nesta encomenda, o modelo de base foi o Gol BX, com mecânica a ar. Os modelos tinham kit aerodinâmico exclusivo, composto por grade personalizada com 4 faróis emoldurados (os mesmos do Passat), para-choques envolventes da dianteira e traseira, frisos laterais envolventes, retrovisores externos da linha LS e calotas integrais similares à linha Santana/Passat Village.

Estes acessórios vinham na mesma cor branca da carroceria. Fechando a identificação visual, aplique preto na coluna B, frisos em adesivo neon verde contornando a grade, para-choques, frisos laterais, logotipia SR na tampa do porta-malas e nos frisos laterais e faixa lateral inteira do carro, com a inscrição “Se liga Brasil” na lateral traseira.  Em seu interior, os bancos tinham o mesmo acabamento de curvim preto da versão BX, mas o volante de 4 raios era esportivo, utilizado nos primeiros Gol Copa, Gol GT e Passat GTS Pointer.

Curiosamente, neste ano a Volkswagem não ofereceu uma edição especial em alusão à Copa, e hoje, existem poucos VW Gol SR sobreviventes, tornando esta versão bastante rara e única representante da Copa de 1986.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."

https://www.instagram.com/autosoriginais

Imagens: VW Gol Souza Ramos/Garagem do Belotte

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