VW TL Personalizado era versão com pegada esportiva que antecedeu Nivus GTS

Modelo tinha como foco o público jovem da época e design que virou tendência
LA
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19.03.2025 às 21:17
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Modelo tinha como foco o público jovem da época e design que virou tendência

Último integrante da família VW 1600, o TL foi o Volkswagen mais estiloso de seu tempo, com design tipicamente europeu, inspirado no VW Type3 alemão e derivado do VW 1600L nacional. Responsável por inaugurar o estilo “dois volumes e meio”, ou fastback, amplamente difundido anos depois pelo Ford Escort, Volkswagen Pointer, VW Nivus e Fiat Fastback.

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Lançado na versão sedan no final de 1968, o VW 1600L, conhecido popularmente como Zé do Caixão, foi o primeiro da família a ser lançado. Era um sedan de 4 portas com porta-malas na dianteira e o motor, refrigerado a ar, na traseira, e seu apelido era uma alusão aos caixões, por conta de suas maçanetas que lembravam alças das caixas mortuárias.

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Apesar de eficiente, o modelo não caiu nas graças do público, que àquela época valorizava os modelos com 2 portas, que tinham um aspecto visto como esportivo. Nem mesmo os taxistas se renderam ao modelo, já que a concorrência tinha produtos mais modernos como GM Opala e Ford Corcel, lançados na mesma época.

No decorrer de 1969 foi lançada a versão station wagon Variant, com o famoso “motor plano” e 2 porta-malas. Seus comerciais ressaltavam esta vantagem, com capacidade de armazenamento de 701 litros de capacidade, sendo 434 litros do porta-malas traseiro e 267 litros do porta-malas dianteiro. Nesse meio tempo, a versão sedan sofria com números de venda muito abaixo do esperado, e a Volkswagen precisava substituí-lo.

A família estaria completa no ano seguinte, com o lançamento do VW TL (Turismo Luxo) em 1970. Com linhas elegantes e fluídas, o modelo logo caiu nas graças dos consumidores, que se encantaram com seu estilo esportivo, associado à robustez do motor boxer 1600 de 50 cv a 4600 rpm e 12,0 kgfm de torque a 3000rpm, capaz de levar o modelo de 0 a 100km/h em 20,9s e 139,52km/h de velocidade máxima, números bastante respeitáveis para àquele tempo. Famoso por seu alto torque e rendimento, o modelo era também econômico para os padrões da época, fazendo médias entre 8km/l na cidade e 12,0km/l na estrada, com gasolina.

Em 1971, o modelo VW 1600L finalmente saia de linha após apenas 38.028 unidades fabricadas, e na sequência, a Volkswagen lançava seu substituto, o VW TL 4 portas, apresentado em junho do mesmo como linha 1972. Os demais modelos da linha recebiam seu primeiro e único facelift, com uma frente em cunha que seria amplamente explorada por demais modelos lançados depois como os VW SP1/SP2, VW Brasília e VW Variant II.

O VW TL acomodava três adultos atrás, e sua suspensão garantia o conforto necessário para as viagens, pequenas ou longas. A versão de 4 portas enfim caiu nas graças dos taxistas, que viam um estilo bonito, e tinham bastante espaço no porta-malas de 611 litros de capacidade, sendo 344 litros do porta-malas traseiro e 267 litros do porta-malas dianteiro. Sua estabilidade era elogiável para um carro com tração traseira e pneus diagonais. Já a dirigibilidade era favorecida por sua direção leve e precisa. O câmbio tinha manejo bastante suave, de engates curtos e precisos, aliás, a VW sempre foi referência em câmbio manual no Brasil.

Junto com a linha 1972, a Volkswagen lançou uma série especial do VW TL na configuração de 2 portas, intitulado “VW TL Personalizado”. Visando aumentar as vendas do carro, seu preço era o mesmo da versão convencional, sendo Cr$ 21.696,00 mais frete, ou R$ 146.155,97 de acordo com o índice IGP-DI (FGV), e mirava conquistar o público jovem. Externamente, o modelo era destacado por suas faixas “bonitas pretas esportivas” nas laterais, traseira e no capô e calotas esportivas.

Além disso, “TL Superequipado” trazia de série relógio, acendedor de cigarros, retrovisor interno antiofuscante, buzina dupla, calotas “esportivas” e volante esportivo Walrod, o mesmo utilizado posteriormente pelo VW 1600 S ou Fusca Bizorrão. Como opcionais, apenas a chamativa cor Verde Hippie.

A mecânica era exatamente a mesma das demais versões, com o mesmo motor boxer 1.600 de 50 cv a 4.600 rpm e 12,0 kgfm de torque a 3.000 rpm, afinal, no mesmo ano era lançado o VW SP1 e SP2, este sim com motor um pouco mais potente graças a suas 1.700 cilindradas, modelo que falarei mais para frente.

Independe da cor e modelo escolhido, o marketing ressaltava que os veículos eram pintados com o sistema eletroforético, que prometia acabamento mais liso e evitava a corrosão. Bem, sobre a corrosão não dava muito certo, pois carros com 2 ou 3 anos de uso podiam apresentar alguns pontos de oxidação, o que só melhorou no processo nos anos 80.

A linha 1973 trouxe novas saídas de ar traseiras e novas faixas de preço, intituladas informalmente de “Standart” e “luxo”, esta identificada facilmente pelas novas lanternas traseiras. Neste ano o modelo “TL Personalizado” não fazia mais parte do catálogo. Entre os opcionais, destacavam-se estofamento em novas cores e pintura metálica. Surgia também, ainda em 73, seu concorrente interno: o VW Brasília, muito mais espaçoso e com design mais adequado àquele tempo.

Em 1974, era lançado também pela marca o VW Passat com o motor VW BR 1.5 refrigerado a água, mais eficiente e muito mais silencioso, nas versões L e standard e carroceria 2 portas. Logo se tornou um sucesso, sendo um dos carros médios mais desejados de seu tempo.

Em 1975, foi lançada a versão 4 portas do Passat, além das versões LM e LS, e logo na sequência, o VW TL saia de cena de forma discreta, entrando para a história como o primeiro e único fastback nacional com motor refrigerado a ar.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."

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