Fia Uno CSL: como era a versão de “luxo” do hatch que tinha até quatro portas

Icônico modelo da Fiat lançado em 1984 e teve versão quatro portas só na década de 1990
LA
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12.03.2025 às 20:10
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Icônico modelo da Fiat lançado em 1984 e teve versão quatro portas só na década de 1990

A Fiat chegou no Brasil em 1976 e abalou o mercado com o 147, mostrando que carro pequeno poderia ser grande, graças ao excelente aproveitamento de espaço interno, e seu maior predicado: economia de combustível, importantíssima aliada em tempos de crise do petróleo.

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Em 1978 era lançado o segundo modelo da marca, o Fiat Pick-up, inaugurando um conceito que caiu nas graças dos brasileiros e que a marca é líder a anos, tendo inclusive a Fiat Strada como o carro mais vendido do Brasil em 2021 e 2022. Em 1979 chegava ao mercado o primeiro compacto premium, o Fiat 147 GLS, e, para o restante da linha, o primeiro motor a etanol do Brasil, com 1300 cilindradas.

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Em 1980 a linha era renovada, e chegava o terceiro integrante, o Fiat Panorama, voltado para a família, em configuração station e um vasto porta-malas. No ano seguinte, usando a mesma plataforma, a família Pick-up crescia com a chegada do Fiat Fiorino, presente até hoje no mercado em sua terceira geração e com um primo com emblemas da Peugeot.

Em 1983, o Fiat 147 ganhava uma versão de luxo, o Fiat Spazio, com melhor acabamento, câmbio 5 marchas opcional e o título de carro mais econômico do Brasil na versão 1050 a gasolina. No mesmo ano, chegava também o Fiat Oggi (hoje em italiano), um sedan concorrente com VW Voyage, GM Chevette e Ford Escort. O modelo também era construído a partir da plataforma do Fiat Panorama, e trazia câmbio de 5 marchas de série, 440 litros de capacidade no porta-malas e muito carisma.

Em 1984 era lançado o Fiat Uno. Um pouco diferente da versão Italiana lançada em 1983, usava a suspensão traseira do Fiat 147 e acomodava o estepe junto ao motor. Lançado inicialmente nas versões S, CS e SX, oferecia os motores 1050 a gasolina (exclusivo da versão S), 1300 a gasolina para a versão CS e etanol para as versões S e CS e a versão 1300 mais apimentada para a versão SX, trazia como grande trunfo seu espaço interno e soluções criativas como cinzeiro deslizante no painel, limpador de para-brisas único e todos os comandos do painel a mão por teclas, que eliminava a necessidade de o motorista tirar as mãos do volante para acionar.

Considerado pelo próprio marketing da marca o “Carro de Gênio”, em 1985 foi pioneiro em oferecer o computador de bordo opcional, juntamente com o Fiat Prêmio, o novo sedan que aposentava o Fiat Oggi. Um carro tão moderno, com linhas tão fluidas e com um excelente espaço interno agradava em cheio. Ele trazia uma outra novidade, o motor de 1.500 cilindradas.

Em 1986 era lançada a substituta da Fiat Panorama, intitulada Fiat Elba. Com o maior espaço da categoria, detinha o maior porta-malas de todas as stations fabricadas no Brasil, desbancando as grandes e pesadas GM Caravan e VW Santana Quantum.

Para 1987, era a vez do Fiat Prêmio receber a opção de 4 portas, e uma versão de luxo com direito a ar-condicionado opcional, a CSL. A família crescia com novas versões, e inovações quando no mesmo ano a versão esportiva do Uno, a SX, era substituída pelo icônico Uno 1.5R, que tinha roupagem e desempenho dignos de esportivos.

Em 1988 a linha recebia mais um integrante, com a nova geração da Fiat Fiorino pick-up e Baú. Maiores, usavam a plataforma da Fiat Elba, e suas lanternas traseiras. O modelo Pick-up era visto com frequência na porta de faculdades, boates ou mesmo na praia, e era competente para carregar fardos de feno, tonéis de leite ou material de construção. Em 1989 a linha recebia a Elba CSL e junto com o Prêmio CSL, os modelos ganhavam um painel mais moderno e exclusivo. Em 1990 a Fiat apresentava nova motorização, onde os modelos Elba/Prêmio CSL ganhavam o novo motor Sevel 1.6, de origem argentina, mais conhecido como ACT 1.6. O Uno 1.5R dava lugar ao Uno 1.6R, também com o mesmo motor.

Falando do motor, o 1.6 de 88 cv a 5.600 rpm e 13,7 kgfm de torque a 3.250 rpm era bastante valente com Etanol. Graças ao câmbio bem acertado, com a primeira e segunda marchas curtas, fazia de 0 a 100 km/h em 10,98 segundos, números respeitáveis àquele tempo, e quase 2 segundos mais rápido que o antecessor 1.5, e chegava a 166,5 km/h de velocidade máxima. Mesmo ágil, ele era econômico, com médias de 7,43 km/l na cidade e 11,6 km/l de média na estrada.

Com gasolina, eram 84 cv a 5.700 rpm e 13,2 kgfm de torque a 3.200 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 11,41 segundos e chegava a 162,7 km/h de velocidade máxima. Também era econômico, com médias de 9,55 km/l na cidade e 15,13 km/l de média na estrada. Douglas Mendonça, então repórter da Revista Quatro Rodas, enaltecia o motor: “o melhor Fiat que já testamos”. No mesmo ano era apresentada a versão popular, o Uno Mille, com motor de 994 cm³ de 48,8 cv a 5.700 rpm e 7,4 kgfm de torque a 3.000 rpm.

Em 1991, a linha recebia seu primeiro facelift, com novos faróis, nova grade, além de novo padrão de acabamento para as versões S, CS, CSL e R. A versão Mille permanência com a frente antiga, mas ganhava a versão especial Mille Brio. Com incentivos governamentais e a abertura das importações um ano antes, as marcas passaram a trazer outras versões para o mercado interno. Em meados do segundo semestre, a Fiat trazia da Argentina o Uno CSL, o primeiro Uno luxuoso e 4 portas vendido no Brasil.

Representante da linha 1992, o Uno de luxo tinha o mesmo motor ACT 1.6 das demais versões CSL e 1.6R, mas com outra relação de câmbio. Mesmo com 30 kg a mais, tinha desempenho semelhante ao do Uno 1.6R, fazendo de 0 a 100 km/h em 11,69 s e com velocidade máxima de 167,3 km/h. Seu consumo médio de gasolina cidade/estrada era de 11,86 km/l, sendo 9,58 km/l na cidade e 14,13 km/l de média na estrada. Eram números respeitáveis àquele tempo.

Seu interior era bem-acabado e trazia o mesmo revestimento dos bancos e das portas em veludo dos modelos Prêmio e Elba CSL. Seu painel de instrumentos, era o mesmo das versões CS, e tinha tudo o que era necessário: hodômetro parcial, marcador de temperatura com luz de reserva, conta-giros, check-control de luzes, além dos elogiados comandos sempre à mão, iluminados em um belo tom de verde.

De série, o Uno CSL tinha faróis halógenos com regulagem de altura, cintos de segurança dianteiros com regulagem de altura, alças de segurança no teto, vidros elétricos nas portas dianteiras, travas elétricas, rádio toca-fitas AM/FM Stereo, relógio digital, retrovisores com comando interno manual, para-brisas Degradê, limpador/desembaçador do vidro traseiro, comando interno para abertura do porta-malas, revestimento do teto em material pré-moldado, rodas de ferro aro 13 com supercalotas fixadas pelos parafusos das rodas e pneus radiais 165/70.

Como opcionais, o modelo oferecia vidros climatizados verdes, desembaçador com ar quente e ar-condicionado, além das cores Preto Ébano, Cinza Argento (metálico), Vermelho Granada (perolizado) e Azul Prússia (perolizado). Básico, o Uno CSL custava US$ 10,600.00, equivalentes à época a Cr$ 26.526.500,00, ou R$ 147.530,36 hoje (IGP-M /FGV).

A mídia especializada da época criticava sua montagem, reclamando de turbulência das portas com os vidros fechados, impactando diretamente em seu nível de ruído. A frenagem também era criticada, pois vindo a 120 km/h, o modelo percorria longos 71,74 metros, 5 metros à mais que os modelos nacionais.

Curiosamente, nenhum Uno/Prêmio/Elba da primeira geração, conhecida como quadradinha, recebia vidros elétricos nas portas traseiras, sequer como opcionais, e por conta do desenho da porta, o vidro não descia até o final. Mesmo assim, a configuração fez muito sucesso, onde 1 ano depois, seria apresentada a primeira versão nacional de um carro 1.0 com 4 portas: o Uno Mille Electronic.

Importado de 1991 a 1993, o Uno CSL hoje conta com 13.532 exemplares registrados no DENATRAN, sendo a maioria (7.558) do seu último ano de mercado. Ele saiu de linha deixando como sucessor o Uno 1.6 MPI, dotado de injeção eletrônica multiponto, novo painel de instrumentos, além de rodas de liga-leve de série. Mas, como sempre, dele eu falarei em detalhes mais para frente…

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."

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