Teste: Chevrolet Equinox chama atenção, mas assusta motorista

SUV fica mais caro (de novo) e segue em busca de tração no mercado
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06.07.2025 às 01:57 • Atualizado em 07.07.2025
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SUV fica mais caro (de novo) e segue em busca de tração no mercado

Confesso que fazia tempo que não andava em um carro de marca generalista que entortasse tantos pescoços. A nova - e quarta - geração do Chevrolet Equinox, lançada no final do ano passado nas versões a combustão, conseguiu fazer essa proeza.

O SUV chama atenção por onde passa, seja dos pedestres, de motoqueiros ou, especialmente, dos donos de Chevrolet. Pudera. O utilitário é bem diferente dos que os brasileiros estavam acostumados até então com os carros da marca norte-americana. Mas como diria o provérbio, beleza não põe mesa. Se por fora o SUV é admirável, por dentro torna-se um tanto quanto assustado. Explico.

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Design chamativo

Antes, no entanto, vamos a estética. Seu design combina, ao mesmo tempo, robustez e uma pitada de sofisticação. O visual segue o mesmo de outros carros da fabricante lançados nos Estados Unidos. Por aqui, só a renovada Spin - e o futuro Tracker - chegam perto.

Raphael Panaro/Mobiauto

Raphael Panaro/Mobiauto

A começar pelos faróis em dois andares: luzes diurnas de LED na parte de cima e os de posição, full-LED, logo abaixo e posicionados nas extremidades do para-choque. Tudo regado a uma gigantesca grade. A opção Activ remete a uma pegada mais aventureira, porém, na prática, claro, passa longe de ser um carro para ser jogado na lama. A traseira tem um desenho, digamos, mais convencional, com lanternas que invadem o porta-malas e assume um formato de “Y” na lateral.

Por dentro, o Equinox impressiona igual quem olha de fora. Telas, acabamento, materiais e, na versão Activ, o estofado claro dá uma impressão de carro ‘caro’. E é. Lançado em duas variantes, Activ e RS, ambas com preço de R$ 267 mil, agora elas não saem por menos de R$ 279.890.

Consumo e desempenho

Raphael Panaro/Mobiauto

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Isso mesmo: em oito meses e dois reajustes, o valor já subiu quase R$ 13 mil. Mas o SUV continua equipado com o motor quatro cilindros 1.5 turbo a gasolina com injeção direta, 177 cv e 28 kgfm de torque. O problema é o peso: são 1.678 kg. Essa relação faz o comportamento não ser destaque. Acelerações e retomadas são apenas satisfatórias. Não falta força, mas também não sobra. Ao menos na cidade…

Se o desempenho não convence, o consumo também não. Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, o Equinox Active faz médias de 9 km/l (cidade) e 10,7 km/l (rodovia). Número apenas mediano para o segmento. Rivais mais potentes e com mais torque consomem um pouco menos de gasolina. Ao menos o SUV é tranquilo de guiar. A direção podia ter um peso maior, mas tem boas respostas, a suspensão é condizente com a proposta do modelo de conforto, de filtrar irregularidades, com um curso que tenta evitar pancadas secas e não flutuar em velocidades mais altas.

Assistências de segurança e direção 

Raphael Panaro/Mobiauto

Raphael Panaro/Mobiauto

Agora vamos ao medo. Por ser um tanto quanto largo (são 1,90 m), o Equinox e seus sistemas de segurança apitam ou entram em ação por qualquer coisa, sendo muito sensíveis. Perdi a conta de quantas vezes o assistente de colisão me deu avisos desnecessários, quando não existia a remota possibilidade de me envolver em uma acidente. Motos são o pesadelo do sistema. Basta passar uma ao lado para o SUV ‘pirar’.

E o pior: em casos mais extremos, a frenagem automática é acionada sem a menor necessidade. Isso acontece por dois motivos: 1) porque o carro acha, óbvio, que vai colidir com outro 2) porque o carro acha que o motorista não tomou a providência correta de evitar a suposta colisão. No meu caso, e afirmo, categoricamente, em nenhuma das mais de 15 vezes (ou foram 20?) que o alerta de colisão ou a frenagem foram acionadas eu estava sequer perto de bater.

Susto? Quase todas as vezes o motorista, que está no controle da situação, é acometido de uma decisão da qual ele não espera e a frenagem é como uma âncora de navio: o SUV para de forma repentina. Sim, eu sei que é justamente para isso. Entretanto, chega até ser perigoso em algumas ocasiões: o carro que vem atrás pode não ter (muito provável que não tenha) este recurso, é pego de surpresa e não frear a tempo, colidindo com a traseira do Equinox.

Raphael Panaro/Mobiauto

Raphael Panaro/Mobiauto

Este contratempo me fez fazer um movimento que nunca faço: desligar o assistente de colisão (e frenagem automática) manualmente pela central multimídia em todas as ocasiões antes de dirigir o Equinox. E era preciso acessar algumas telas e repetir a prática toda vez ao dar partida. Isso porque a configuração padrão, claro, é manter os recursos sempre ativados.

A GM podia, talvez, recalibrar sensores e os sistemas para não serem tão invasivos e estragar a experiência de quem está atrás do volante (e até mesmo dos passageiros). Outro incômodo é que, ao colocar o câmbio na posição “P”, o freio de estacionamento eletrônico não é ativado automaticamente. O SUV chega a dar um ‘tranco’ para assim que o carro está estacionado e o motorista tira o pé do freio. E a localização do botão não é intuitiva, não está ali no console e, sim, do lado esquerdo.

Raphael Panaro/Mobiauto

Raphael Panaro/Mobiauto

No 1º semestre de 2025, o Equinox, que vem importado do México, emplacou menos de 1.000 carros, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave). Não dá para dizer que é um sucesso enquanto os rivais diretos no segmento de SUV médios, fabricados aqui, registram 30 vezes mais carros. Mas a Chevrolet, em um raro momento, tenta se alinhar aos produtos dos EUA, seja com Equinox e Blazer EV ou chineses, como o futuro Spark e também o Captiva. O que não pode ter é o medo de errar.

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