Por que o novo Citroën C3 Aircross zerou teste de segurança
Em julho do ano passado o Citroën C3 teve um destaque negativo no teste de segurança do Latin NCAP. A má notícia, mais uma vez, é que o segundo integrante da família, o Citroën C3 Aircross, que repetiu o mau desempenho do hatch e zerou na avaliação da entidade que teste carros comercializados em mercados da América Latina e Caribe.
A unidade avaliada pela entidade é fabricada no Brasil, no complexo industrial da Stellantis em Porto Real (RJ). O Citroën C3 Aircross avaliado contava com dois airbags e controle eletrônico de estabilidade, ou seja, é a configuração de entrada do SUV, o C3 Aircross Feel T200, única comercializada no Brasil com esse número de airbags.
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Por que o C3 Aircross zerou?
De acordo com o Latin NCAP, o C3 Aircross obteve somente 33,01% na proteção de ocupantes adultos, enquanto que na proteção de crianças esse percentual é ainda mais crítico: somente 11,37%. O SUV obteve ainda 49,57% na proteção de pedestres e alcançando 34,88% em sistemas de segurança.
No teste de impacto frontal, a entidade afirma que a proteção para o tórax do motorista foi classificada como “marginal”, sendo “fraca” na mesma avaliação para o passageiro. A proteção para os joelhos dos ocupantes do banco dianteiro também foi taxada como “marginal”, isso porque os joelhos podem se chocar contra estruturas perigosas atrás do painel do SUV.
Se serve de alento, a estrutura do C3 Aircross foi considerada estável no geral e pode ser capaz de suportar até maiores cargas. A área onde ficam os pés de quem senta na frente do veículo foi também considerada estável. As canelas do motorista e a canela esquerda do passageiro receberam proteção “adequada”, enquanto a canela direita de quem vai sentado no banco do passageiro recebeu proteção “boa”.
Outra má avaliação é para o teste de impacto lateral que, embora teve proteção considerada “boa” para cabeça, pelve e abdômen dos ocupantes, a entidade destaca que o SUV sofreu com uma invasão relevante dentro da cabine durante o impacto, o que aumentaria o risco de lesões graves aos ocupantes.
Segundo o Latin NCAP, o C3 Aircross não passou pelo teste de impacto lateral de poste. “Não foi realizado e obteve zero pontos devido à falta de proteção lateral para a cabeça nas filas dianteira e traseira, que nem sequer é oferecida como opcional”, explica a entidade. Vale lembrar que, quando o C3 seria testado nessa prova, zerou porque não oferecia barras de proteção nas portas.
A entidade ainda afirma que a má classificação do C3 Aircross seria a mesma nas versões equipadas com airbags laterais (total de 4 airbags), já que o SUV não tem proteção para a cabeça (função de um airbag de cortina). “Com os airbags laterais de corpo, o teste de impacto lateral teria melhorado em pontos, mas a proteção do ocupante adulto permaneceria no nível de zero estrela”, argumenta o Latin NCAP.
No teste do chamado efeito “chicote” (movimento quando, devido a um impacto, o pescoço vai subitamente para frente ou para trás), o Citroën C3 Aircross, assim como hatch C3, teve baixa proteção para o pescoço de uma pessoa adulta. A classificação no teste chicotada cervical foi “deficiente”.
Na proteção de crianças, a classificação ruim se deu por conta da sinalização ruim das ancoragens ISOFIX, que não atendem aos critérios do Latin NCAP. A entidade critica ainda que a maioria dos Sistemas de Retenção Infantil (SRI) quando testados na tentativa de instalação falharam, sem descrever muito em detalhes o que realmente ocorreu.
Por fim, a entidade diz que é possível desativar o airbag do banco do passageiro dianteiro ao colocar um SRI voltado para trás nessa posição – algo que não é permitido no Brasil, mas que é possível em outros países da região.
Abaixo, confira o comunicado emitido pela Stellantis, proprietária da marca Citroën:
“A Stellantis reforça seu compromisso com a Segurança Veicular e que seus modelos comercializados atendem todas as regulamentações vigentes. A segurança de um carro é um conjunto pensado desde o início do desenvolvimento, e vai muito além da oferta individual de itens de segurança ativa e passiva. A variante da plataforma CMP permite ao Aircross ter uma carroceria robusta com ampla proteção ao habitáculo”.
Repórter
Entusiasta de carros desde criança, achou no jornalismo uma forma de combinar paixão e profissão. É jornalista formado pela faculdade FIAM-FAAM e atua no setor automotivo desde 2014, com passagens por Auto+, Quatro Rodas e Motor1 Brasil.