Exclusivo: novo VW Gol e picape Tarok só saem do papel com demissões

Paralisados, projetos só serão descongelados se plano de reestruturação da empresa der certo.
LF
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14.09.2020 às 19:24
Paralisados, projetos só serão descongelados se plano de reestruturação da empresa der certo.

Com Renan Bandeira

A Volkswagen está negociando um duro acordo de reestruturação de seu quadro de colaboradores no país com os sindicatos dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), São Carlos (SP), São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP). São as quatro cidades onde a marca possui fábricas no país.

As mudanças nos regimes trabalhistas ainda serão votadas pelos trabalhadores dos respectivos complexos ao longo desta semana. Da aprovação delas depende o descongelamento de uma série de planos de investimentos que a fabricante já vinha preparando para os próximos anos, mas que foram paralisados devido à pandemia do coronavírus.

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Por exemplo, a fábrica de Taubaté, que atualmente produz Gol, Saveiro, Voyage e Up!, tem a promessa de receber três novos produtos nos próximos anos: o facelift do Polo (compartilhado com o ABC paulista), o Polo Track (futura versão de entrada do hatch, de maneira exclusiva).

Há também a previsão de um terceiro modelo, ainda desconhecido. Vale lembrar que esta unidade tem prioridade para produzir os eventuais sucessores do Gol e do Voyage. Falaremos desse projeto mais adiante.

No caso de São Bernardo do Campo, o maior complexo da marca no país e atual responsável por fabricar Polo, Virtus, Nivus e Saveiro, terá prioridade de maior volume na fabricação do Polo e exclusividade sobre a produção da atual Saveiro e também de sua eventual sucessora.

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Já São José dos Pinhais, que atualmente monta T-Cross e Fox, continuaria credenciado para receber um novo produto, muito provavelmente a picape compacta-média Tarok, rival direta da Fiat Toro e apresentada como conceito no Salão do Automóvel de São Paulo de 2018.

É neste ponto que queremos chegar: de todos os projetos congelados, por enquanto a Volkswagen garantiu a continuidade apenas dos mais baratos: a reestilização do Polo e o compartilhamento de sua produção entre São Bernardo e Taubaté.

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Só que os dois carros que teriam de nascer do zero, a nova geração do Gol e a picape Tarok, continuam em estudo. E dependem justamente do grau de sucesso do plano de reestruturação da empresa para saírem do papel. 

Caso a empresa alcance os resultados que espera nas negociações, é provável que aprove o lançamento dos dois modelos. Lembrando que o objetivo inicial da companhia era reduzir em 35% o seu quadro de colaboradores.

Como serão o novo Gol e a Tarok

Paralisados pela pandemia do coronavírus, projetos só serão descongelados caso empresa tenha sucesso em seu plano de reestruturação

A nova geração do Gol, conhecida internamente como projeto A0 SUV ou VW246, será construída sobre uma versão simplificada da matriz modular MQB A0, com dimensões reduzidas em relação ao Polo.

Terá características de hatch altinho e com vão livre generoso do solo (daí a nomenclatura A0 SUV), e deve ser vendido com motores 1.0 MPI e 1.0 TSI (calibração do Up!, com 105 cv e 16,8 kgfm). 

Dele se derivariam uma nova geração do Voyage, feita também em Taubaté, e da Saveiro, esta para ser fabricada no ABC Paulista. A previsão inicial de chegada do novo Gol era o primeiro semestre de 2022. Agora, deve ficar para 2023.

Paralisados pela pandemia do coronavírus, projetos só serão descongelados caso empresa tenha sucesso em seu plano de reestruturação

Já a picape compacta-média Tarok tem código interno VW317 e seria construída sobre a base MQB A, mesma da Golf, Jetta e Tiguan. Contudo, toda a parte dianteira de sua estrutura seria herdada do SUV médio Tarek (projeto VW316), mas com entre-eixos alongado para acomodar a caçamba.

Sobre o Tarek, o SUV, ele já está com produção confirmada (e, inclusive, iniciada) na Argentina, e será lançado no primeiro semestre do ano que vem. Posicionado entre o T-Cross e o Tiguan, brigará de maneira mais efetiva com o Jeep Compass.

Com dimensões muito próximas às da Fiat Toro, a Tarok deve receber motor 1.4 TSI (quatro-cilindros turboflex de 150 cv e 25,5 kgfm), com câmbio automático de seis marchas, ou 2.0 turbodiesel herdado da Amarok (180 cv e 42,8 kgfm).

A Tarok a diesel deve trazer câmbio automático de oito velocidades, operando as duas primeiras como reduzidas, e tração integral 4Motion. Sua chegada efetiva não ocorreria antes de 2023, podendo ficar para 24.

Paralisados pela pandemia do coronavírus, projetos só serão descongelados caso empresa tenha sucesso em seu plano de reestruturação

O acordo com os trabalhadores

A Volkswagen propôs um amplo acordo com os sindicatos das quatro fábricas que tem no Brasil (a de São Carlos produz apenas motores). Embora cada complexo tenha negociado detalhes de acordo com a realidade de seus trabalhadores, as bases são as mesmas.

Elas incluem um PDV (plano de demissão voluntária) com adição de até 20 salários à tabela base, extensão dos regimes de layoff, extensão da redução de jornada com pagamento parcial de salários e 13º, reajustes salariais apenas pela inflação e PPR (plano de participação em resultados) sem ganho real caso a produção da empresa no país não supere o mínimo de 580 mil unidades anuais, também com reajustes seguindo apenas a inflação. 

Em contrapartida, os trabalhadores que ficarem teriam estabilidade de emprego garantida por cinco anos. Além disso, a fábrica de São Bernardo do Campo teria prioridade para a produção de uma nova geração da Saveiro, enquanto Taubaté seria escolhida para fazer os novos Gol e Voyage. Já São José dos Pinhais segue credenciada para produzir a picape Tarok.

 

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