Ford teve prejuízo de R$ 10.000 por carro vendido no Brasil nos últimos anos

Segundo a agência Reuters, entre perdas no mercado, aportes da matriz e despesas para fechar fábricas, empresa perdeu R$ 63,5 bilhões com a operação brasileira na última década
Camila Torres
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21.05.2021 às 15:18
Segundo a agência Reuters, entre perdas no mercado, aportes da matriz e despesas para fechar fábricas, empresa perdeu R$ 63,5 bilhões com a operação brasileira na última década

Desde janeiro, quando a Ford anunciou sua saída como fabricante do Brasil, tornou-se umas das marcas mais comentadas até então no país. Ela bem que vem tentando virar a página, como por exemplo ao lançar o novíssimo Bronco Sport em nosso mercado.

Ainda assim, perduram questionamentos sobre o seu futuro como importadora, desvalorização dos carros que saíram de linha e dificuldade em fechar acordos com funcionários e concessionários. Para piorar, veio nesta semana da agência Reuters a informação de que a operação brasileira da empresa tomava um prejuízo de mais de R$ 10 mil por carro vendido no país desde 2012.

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Na última década, a Ford enfrentou problemas financeiros que significaram o desembolso de aproximadamente R$ 63,5 bilhões em nossa operação. Detalhamos como esse dinheiro foi perdido pela companhia logo abaixo.

Também é verdade que, nos últimos dez anos, a fabricante recebeu subsídios federais que somam R$ 42,3 bilhões. As informações foram levantadas pela Reuters, que teve acesso a arquivos corporativos não relatados anteriormente. Abaixo, listamos os prejuízos acumulados pela fabricante americana.


Como a Ford queimou R$ 63,5 bilhões nos últimos 10 anos

Prejuízos acumulados: até o anúncio do fechamento das fábricas no Brasil, a Ford havia queimado R$ 41,3 bilhões, uma média de R$ 4,13 bilhões ao ano. Segundo a Reuters, quase todas as perdas e injeções de dinheiro ocorreram nos últimos oito anos. 

Documentos arquivados no Estado de São Paulo, onde a Ford é registrada, indicam que a Ford perdeu cerca de R$ 10.600 para cada carro vendido, se o valor do prejuízo for dividido pelo número de modelos da marca emplacados no país no mesmo período.

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Preço para sair do Brasil: para se livrar dos compromissos no país, como indenizar aproximadamente 5 mil ex-funcionários e quase 200 concessionários, fechar as três fábricas, entre outras despesas, a fabricante teve que desapegar de R$ 21,7 bilhões. No total, são R$ 63,5 bilhões em prejuízos. 


Dificuldades no Brasil e mudança de planos

A Covid-19 foi uma das complicadoras dos planos da Ford. A marca, que já passava por problemas financeiros no país, se viu em uma situação mais complicada para manter as fábricas ativas operando com baixa capacidade.

Antes da pandemia, a Ford e outras montadoras enfrentavam preços altos para produzir no Brasil. Nossa indústria automotiva consegue produzir até 5 milhões de veículos por ano, mas atualmente vem operando com menos da metade da capacidade. Nem mesmo as exportações vêm ajudando. Apesar do real desvalorizado em relação ao dólar, os custos de produção seguem pouco competitivos no comparativo internacional. 

Para a própria Ford, vender um carro no Brasil importado do México pode ser cerca de 12% mais barato do que vender um produzido localmente, apontou o estudo encomendado pela Anfavea à consultoria PwC em 2019. 

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Porém, a Ford também cometeu uma sequência de erros estratégicos que dificultaram a estadia dela no Brasil, como não acompanhar a tendência dos SUVs, que têm margens de lucro maiores, e insistir por muito tempo nos hatches e sedans. 

O que é até curioso, já que foi a Ford que puxou a fila dos SUVs urbanos no país com o EcoSport, que com o tempo foi perdendo o interesse do público. Muito por conta da falta de velocidade da Ford para responder à chegada de outros SUVs. 

Quando a empresa se deu conta do quanto estava atrasada, e sem dinheiro para desenvolver três SUVs para o nosso mercado até 2023 - a Mobiauto revelou com exclusividade quais seriam eles - a terceira geração do EcoSport, a segunda geração do Territory e um inédito SUV cupê que se chamaria Maya.

Por isso, decidiu abortar a missão e mudar radicalmente a rota. Sendo assim, os próximos carros da marca, incluindo SUVs, serão importados, como o recém-lançado Bronco Sport. 

"Não havia outras opções viáveis" afirmou Lyle Watters, chefe da Ford. Zeca Chaves, colunista da Mobiauto, também concorda que não havia, tanto que levantou seis motivos para a Ford sair do Brasil para te contextualizar mais um pouco sobre a situação da fabricante americana. Confira. 

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