Encher o tanque até a boca prejudica o carro e até a sua saúde

Prática, muito comum nos postos de combustível brasileiros, coloca em risco a integridade do sistema de combustível e pode até causar câncer
JC
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10.05.2021 às 12:04 • Atualizado em 29.05.2024
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Prática, muito comum nos postos de combustível brasileiros, coloca em risco a integridade do sistema de combustível e pode até causar câncer

Por Guilherme Silva

Com os seguidos aumentos nos preços dos combustíveis nos últimos meses, há motoristas que fazem de tudo para aproveitar qualquer oportunidade com valores mais atraentes para encher o tanque dos seus carros antes do próximo reajuste. 

Na hora de completar, é comum vir a infame pergunta do frentista: “Só até a trava ou pode encher mais?”. Muitos deles aproveitam e pedem logo para “encher até a boca”. O que essas pessoas não sabem é que abastecer até o combustível praticamente transbordar eleva o consumo e prejudica o veículo.

Se, por um lado, rodar frequentemente com o tanque na reserva pode danificar a bomba de combustível, completar o tanque acima da capacidade prevista pelo fabricante gera o risco de estragar uma peça pouco conhecida do automóvel, o cânister.

O cânister é um filtro com carvão ativado que retém os gases formados pela evaporação do combustível. Seu objetivo é filtrar as impurezas desses gases e, na sequência, liberá-lo para o sistema de admissão do veículo, onde ele entrará na mistura ar-combustível que levará à combustão.

Esse componente fica localizado próximo ao tanque e acaba encharcado quando o reservatório é abastecido além da sua capacidade, o que pode comprometer a sua eficiência.  Além disso, fragmentos de carvão que se desprendem do cânister após o encharcamento podem entupirem outros componentes do sistema de combustível.

Os vapores gerados por etanol, diesel ou gasolina contêm elementos como o benzeno, sendo altamente poluentes e tóxicos para a saúde humana. Por isso, é importante manter o cânister em boas condições.

Assim, não é apenas a integridade do veículo que está em risco quando se coloca combustível acima do limite indicado, mas também a saúde das pessoas envolvidas no abastecimento – principalmente os frentistas, que ficam expostos a essas substâncias diariamente.

O maior risco a esses profissionais é a exposição prolongada ao benzeno, uma substância cancerígena presente na gasolina. A orientação dos fabricantes e especialistas é simples: parar o abastecimento assim que o gatilho da bomba do posto for desarmado (o dispositivo emite um barulho parecido com um clique). Esse é o sinal de que o tanque atingiu a sua capacidade máxima com segurança.

Encher o tanque “até a boca” aumenta o consumo

Além de danificar a peça responsável pela filtragem dos gases nocivos emanados pelo combustível, rodar com o tanque acima da capacidade máxima recomendada compromete o consumo do veículo. 

O motivo é simples: quanto mais peso o carro tiver de carregar, mais combustível ele vai consumir para percorrer uma determinada distância. Pode parecer uma diferença inexpressiva, mas a cada 100 kg acrescentados ao veículo, o consumo aumenta cerca de 6%.

Rodar com pouco combustível também é prejudicial

Se rodar com excesso de combustível no tanque pode acarretar danos ambientais, de saúde e até aumento no consumo, circular com o carro sempre na reserva gera outros tipos de prejuízo.

Além do risco de pane seca, que é uma infração sujeita a multa de trânsito, o consumo do veículo também é prejudicado. Com o tanque quase vazio, há mais espaço para a evaporação do combustível – elevando a taxa de desperdício.

Também há o risco de queima da bomba de combustível, que precisa ficar integralmente submersa para garantir a sua refrigeração. Existe, ainda, o risco de entupimento do filtro da bomba pelas impurezas de combustível depositadas no fundo do tanque.

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