Fiat Tempra Pick-Up já queria ser pioneira 22 anos antes da “neta” Toro

Protótipo criado em 1994 previa motor a diesel e prometia aguentar 1 tonelada, mostrando que a fabricante já tinha a receita da Toro guardada desde 1994
JC
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22.12.2021 às 16:43
Protótipo criado em 1994 previa motor a diesel e prometia aguentar 1 tonelada, mostrando que a fabricante já tinha a receita da Toro guardada desde 1994

Por Fernando Garcia

Desde a 147 Pick-Up, a primeira picape compacta nacional, de 1978, a Fiat sempre foi reconhecida por inovar em muitos aspectos na história da indústria automobilística nacional. Com o aquecido mercado de sedans médios premium dos anos 1990, o Tempra certamente não deixaria de dar as suas cartas.

Projetado na Itália em substituição ao Regata, em 1990, no Brasil surgiu um ano mais tarde, trazendo soluções inéditas como duplo comando de válvulas no cabeçote e, mais tarde, a oferta de motor com 16 válvulas (quatro por cilindro), ganhando o mérito de ser o primeiro carro brasileiro com essa opção.

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Para 1994, a Fiat incorporaria em uma só tacada a versão Turbo para Tempra e Uno. No sedan médio, o motor 2.0 dotado de turbocompressor Garrett com pressão de superalimentação de 0,75 kg/cm2 e intercooler rendia empolgantes 165 cv e 26,5 kgfm, chegando a uma velocidade máxima declarada oficialmente de 220 km/h (embora a imprensa tenha apontado “apenas” 210 km/h).

O três-volumes pôde ser visto durante a exposição do Salão do Automóvel de 1994, juntamente com outra surpresa que a Fiat preparou para o evento e que, atualmente, muitos nem se lembram que existiu: uma derivada do Tempra na configuração picape.

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Estrela única e dourada

Protótipo criado em 1994 previa motor a diesel e prometia aguentar 1 tonelada, mostrando que a fabricante já tinha a receita da Toro guardada desde 1994

O interessante protótipo do Tempra Pick-Up, pintado na cor Amarela Exploit metálica, a mesma ofertada na linha 1994 do Uno Turbo (e que mais parecia um dourado), só teve um exemplar fabricado, de acordo com a montadora. E, infelizmente, não passou de um conceito. 

Projetada para transportar surpreendentes 1.000 kg (350 kg a mais que a Ford Ranger), o Picape Tempra, ou Tempra Pick-up, serviu de vitrine para a mostra paulistana e de centro de pesquisas com possíveis compradores que viam nela uma opção inédita de utilitário.

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Protótipo criado em 1994 previa motor a diesel e prometia aguentar 1 tonelada, mostrando que a fabricante já tinha a receita da Toro guardada desde 1994

O protótipo ditava uma mescla de bases do Tempra Coupé e da Tempra SW, porém com a diferença de que, na picape, a Fiat destinava um motor diesel Fiat, considerando que, para a capacidade de carga do modelo, a legislação brasileira da época permitia essa configuração.

Esteticamente, a diferença, além da caçamba, obviamente, estava na tampa traseira com desenho semelhante ao da Tempra SW, para-choques com apoio de pé central, santantônio com brake light embutido, quebra-mato e rodas exclusivas de aro 15 vindas do modelo europeu.

Na parte interna, o projeto seguia a mesma padronagem do acabamento de portas e tecidos das versões mais luxuosas como a Ouro, e contava com direção hidráulica, ajuste de altura e profundidade do volante, bancos com ajustes elétricos, ar-condicionado, trio elétrico etc.

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Engavetamento

Protótipo criado em 1994 previa motor a diesel e prometia aguentar 1 tonelada, mostrando que a fabricante já tinha a receita da Toro guardada desde 1994

Em 1994 o mercado brasileiro ainda era órfão de picapes médias a diesel com essa capacidade de carga e tinha tudo para ser mais um marco para ficar na história juntamente com outros carros da marca italiana que inovaram no Brasil.

No entanto, a trajetória do modelo foi interrompida com a mudança do diretor superintendente da montadora, que decidiu engavetar o projeto. O protótipo ainda passou algum tempo circulando pelos pátios da fábrica de Betim (MG), até ser aposentado de vez e ter a sua motorização substituída por uma original a gasolina de 2 litros e 16 válvulas.

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Posteriormente, a Tempra Pick-up foi doada pela Fiat ao acervo do Museu Nacional do Automóvel de Brasília, sob a supervisão de seu fundador, o jornalista e advogado José Roberto Nasser. Após seu falecimento, em 2018, o museu passou para a curadoria de Antonio Carlos Lassi, um conhecido colecionador de veículos antigos de Brasília, que mantém o legado do Dr. Nasser até os dias de hoje.

Quanto à Tempra Pick-up, a aposta da Fiat poderia ter dado certo com um projeto inovador, marcante e ousado. Caso fosse fabricada em série, certamente ganharia o mérito de "predecessora" da bem-sucedida Toro. Será que teria feito o mesmo sucesso da “neta”?

Imagem de abertura: Divulgação
Demais imagens: Museu do Automóvel de Brasília

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