Fiat 147 TSI: caixotinho fica cabuloso com motor turbo do VW Up!

Cordeiro em pele de lobo: por fora, ele até parece um Fiat 147 convencional, mas no cofre tem o motor turboflex de 105 cv que tanto encanta os fãs do Up!
Por Renan Bandeira
08.04.2021 às 16:12
Cordeiro em pele de lobo: por fora, ele até parece um Fiat 147 convencional, mas no cofre tem o motor turboflex de 105 cv que tanto encanta os fãs do Up!

O Fiat 147 foi o primeiro automóvel fabricado pela marca italiana no Brasil. O compacto chegou aqui em 1976 e tentava bater de frente com o Volkswagen Fusca para se tornar o carro mais vendido em território nacional.

O volume de vendas não foi igual ao do rival, mas o “fiatinho” fez seu sucesso, manteve uma legião de fãs e ainda carrega o título de primeiro carro com motor dianteiro transversal e primeiro carro a álcool do Brasil - o famoso 147 “cachacinha”.

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Por aqui, foi equipado com motores de 1.050 e 1.300 centímetros cúbicos, que rendiam 56 cv e 7,8 kgfm ou 60 cv e 10 kgfm, respectivamente. Mas, para o terror dos puristas e a alegria de quem gosta de modificações, o proprietário de um 147 de primeiro facelift resolveu trocar o motor original por um mais novo, turbinado de fábrica, com injeção direta... 

Já ouviram falar do 1.0 TSI do Up!, que infelizmente foi tirado de linha nesta semana pela Volkswagen?

Cordeiro em pele de lobo: por fora, ele até parece um Fiat 147 convencional, mas no cofre tem o motor turboflex de 105 cv que tanto encanta os fãs do Up!

É isso mesmo! Se no Up! este motor morreu, ele segue vivo na forma de um “Fiat 147 TSI”, com o 1.0 turboflex capaz de render  101/105 cv (gasolina/etanol) e 16,7/16,8 kgfm. É quase o dobro da potência e mais de duas vezes o torque do 147 com motor de 1,05 litro. Tudo isso gerenciado pela caixa manual MQ200 de cinco marchas, que também veio do Up!.

A preparação foi feita pela 147 adaptações, uma oficina de São Paulo (SP) especializada em trabalhos com o veículo da Fiat (o nome não é à toa). A história foi contada primeiramente pelo canal do Youtube 7008films, do qual também foram tiradas as imagens que ilustram este texto.

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A modificação não foi fácil, mas a parte boa é que deu certo e o carro está legalizado, inclusive com o motor TSI cadastrado no documento do Fiat.

A primeira parte a ser mexida também é uma das principais reclamações de proprietários dos 147: a fragilidade da carroceria, que costuma trincar. Para receber o motor turbinado, foi preciso reforçar a cabine com uma gaiola de proteção com tubos de ferro típica de carros de competição.

Para não prejudicar o visual, ela foi colocada por dentro da lataria e só fica aparente no porta-malas e no cofre do motor, onde também está instalada a barra de torção, que é fixada nos satélites da suspensão.

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Boa parte da suspensão, aliás, ainda é original. Na traseira, o feixe de molas transversal foi mantido, mas na dianteira o sistema independente do tipo McPherson recebeu peças de Up! e Uno para melhorar a absorção dos impactos e suportar o peso do novo propulsor.

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Para apoiar o 1.0, foi usado um coxim de Fusca na parte inferior do bloco, outro de Up! e um terceiro fabricado especialmente para o projeto, apoiando as laterais. Além do coxim, o radiador foi feito sob medida porque o do Volkswagen não cabia no cofre.

Do hatch recém-tirado de linha pela VW, o Fiat ainda ganhou o painel de instrumentos com computador de bordo. “A gente colocou [o painel] dentro da capa do 147, e é só ligar [o carro] que aparece o computador de bordo ali e mostra tudo, consumo, hora”, contou o mecânico Diego Pimenta, um dos responsáveis pelo projeto.

E não ficou só nisso. A oficina aproveitou o módulo eletrônico do Up!, que é responsável por comandar toda a parte elétrica do carro, inclusive o controle da injeção, e instalou no 147. No entanto, fazer o cérebro eletrônico funcionar não foi uma tarefa tão simples.

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Cordeiro em pele de lobo: por fora, ele até parece um Fiat 147 convencional, mas no cofre tem o motor turboflex de 105 cv que tanto encanta os fãs do Up!

“O problema do Up! TSI, que todo mundo reclama, é a parte elétrica, porque ele tem muitos sensores (sensor de porta, sensor de freio, sensor de porta-malas). Então, qualquer sensor desse que não esteja ativado, ele não liga. Esse foi o maior desafio: fazer ele [147] funcionar sem esses sensores”, contou Wagner de Melo, outro profissional que ficou dedicado à modificação.

De acordo com Melo, o módulo teve de ser retrabalhado para o carro dar partida sem precisar habilitar os sensores de porta e de freio, que foram retirados. Mas, embora tenha perdido esses itens de conforto, o “fiatinho” ganhou direção elétrica, vidros elétricos e até freios ABS - e ainda terá ar-condicionado, mas isso faz parte das melhorias previstas para o futuro.

Por dentro, os tapetes são personalizados com assinatura “147 TSI” e os bancos são revestidos em alcântara. A única parte que ainda não casou com a proposta são os velhos cintos de segurança de dois pontos, que foram mantidos.

Cordeiro em pele de lobo: por fora, ele até parece um Fiat 147 convencional, mas no cofre tem o motor turboflex de 105 cv que tanto encanta os fãs do Up!

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Para identificar o carrinho com o motor 1.0 TSI nas ruas é difícil, já que o visual externo foi mantido quase todo original. De diferente, apenas as rodas de liga leve com detalhes cromados e dourados do tipo BBS. Então, se quiser reconhecê-lo, é bom gravar o design delas.

O projeto levou cerca de quatro anos para ficar pronto e não teve valor final revelado. Mas com os preços de Fiat 147 ultrapassando os R$ 20 mil, é bom preparar o bolso, caso esteja com algum plano em mente.

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