Fiat 147 foi há 45 anos o que as marcas tentam criar hoje
Em 1979, exatos 45 anos, o Fiat 147 marcou seu lugar na história como primeiro carro a etanol de série do mundo. Produzido em Betim (MG), o hatch mostrou como é possível utilizar um combustível mais “verde” e de fonte renovável.
Assim como naquela época, outro problema atual é recorrente para a sociedade resolver: a questão climática. Marcas e governos têm buscado uma solução para emitir cada vez menos poluentes da combustão produzida pelos carros. Seja com programas como o Proconve, Mover ou a mescla dos motores a combustão com elétricos (híbridos) ou propulsores somente movidos a energia.
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Mas o que falta para os projetos a etanol saírem do papel? De acordo com a Stellantis, um incentivo do governo. Em abril desse ano, Emanuele Cappellano confirmou que o grupo já possui a tecnologia para implantar carros a etanol, basta que o governo federal propicie um ambiente mais favorável para isso.
Com o Fiat 147 foi assim, o Governo Federal iniciou em 1975 o programa ProÁlcool com incentivos para produção do etanol.
Vale lembrar que a Fiat já mostrou seu motor turbo T270 com variante somente a etanol. O 1.3 turbo equipa atualmente carros da Fiat e Jeep como Fastaback, Toro, Commander, Renegade e Compass.
A ideia é produzir esse trem de força, conhecido até agora como E4, com a mesma eficiência que um motor a gasolina. Existe também a possibilidade desse propulsor atuar com sistema híbrido.
Aposta no híbrido flex
Sem muito alarde, o Mover vai forçar os fabricantes a produzir um carro mais amigo do meio ambiente. Isso porque o Mover, instituído recentemente, vai classificar os veículos pelo seu poder de emissão e não mais pela análise dos motores. Ou seja, carro que polui menos é igual a menos imposto.
Não foi à toa que a Stellantis lançou suas plataformas Bio-Hybrid, são três: híbrida leve, híbrida plena e híbrida plug-in. Parte do investimento anunciado de R$ 30 bilhões prevê também o uso da tecnologia híbrida flex.
Outra regra que pode mudar o jogo é a questão das emissões consideradas do “berço ao túmulo”, o que compreende desde a criação do veículo até sua inutilização e não mais como antes do “tanque a roda”.
Elétricos nacionais movidos a etanol?
Não é só a Stellantis que pensa no etanol como solução, a Volkswagen também já tinha anunciado uma parceria com a Unicamp para fazer o etanol mover veículos elétricos.
Funciona assim, o objetivo é criar uma célula de combustível com base no etanol. O derivado renovável seria responsável por gerar energia para o motor elétrico, algo que dispensaria tanto o uso como importação de baterias. Contamos em detalhes todo o processo neste outro artigo.
Inovações do Fiat 147
Popularmente conhecido como “Cachachinha”, essa versão a etanol do 147 representou um marco na política de emissões. Esse movimento foi causado pela crise do petróleo em 1973. A falta do derivado prejudicava não só os veículos movidos a óleo diesel como também a gasolina, ambos derivados do combustível fóssil.
Os testes iniciaram em 1976, mas foi em 78 que o “Cachachinha” rodou 6,8 mil km em 12 pelo Brasil com etanol. As médias diárias de 500 km ainda se provaram com as alterações do clima e terrenos.
Além do novo combustível, Fiat 147 tinha coluna de direção retrátil, estepe dentro do compartimento do motor e motor posicionado na horizontal para quem olha do para-choque para o cofre.
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Por Vinicius Moreira
Repórter
Encontrou no jornalismo uma forma de aplicar o que mais gosta de fazer: aprender. Passou por Alesp, Band e IstoÉ, e hoje na Mobiauto escreve sobre carros, que é uma grande paixão. Como todo brasileiro, ainda dedica parte do tempo em samba e futebol.