Usar apenas etanol em carros flex reduz até 33% as emissões de poluentes

Além de superior a gasolina na combustão e parceiro do motor, o etanol demonstra que o futuro descarbonizado passa muito pelo uso do biocombustível
Vinicius Moreira
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14.12.2023 às 09:03
Além de superior a gasolina na combustão e parceiro do motor, o etanol demonstra que o futuro descarbonizado passa muito pelo uso do biocombustível

O esforço para promover a descarbonização da frota veicular brasileira ganhou mais um indicativo positivo. Resultados divulgados pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) apontam que ocorreria uma redução de 33% da emissão de poluentes somente com estímulo ao uso do biocombustível. No caso do Brasil, o etanol.

A AEA ressaltou a importância da inserção de programas como o Inovar-Auto (2012) e a fase 1 do Rota 2030 (2022). Em pouco mais de uma década, os veículos leves comercializados no Brasil melhoraram sua eficiência em 24%. Os números foram apresentados pela diretora de Emissões e Consumo de Leves da AEA, Raquel Mizoe.

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Outro programa, mais antigo, que vislumbra desde 1986 a diminuir emissão de poluentes por veículos é o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). A próxima, a L8, está prevista 2025. Entenda como vai funcionar neste artigo.

Esse estímulo contribuiu para que a indústria automotiva brasileira investisse em novas tecnologias como: motores turbo de injeção direta, melhora da aerodinâmica e design dos veículos, além do crescimento da frota de veículos híbridos e elétricos. Recentemente, o BYD Dolphin se tornou o primeiro veículo elétrico a passar doa 1.000 emplacamentos, e a marca segue crescendo.

Uma amostra disso é o investimento na casa do R$ 1,7 bilhão da Toyota em desenvolver um motor híbrido plug-in flex de 300 cv de potência. A Mobiauto contou em detalhes como funciona o projeto testado em um Toyota RAV4 como protótipo, com o uso de etanol.

Para facilitar ainda mais o entendimento, a AEA produziu uma cartilha didática para compartilhar o conhecimento das tecnologias de veículos híbridos e elétricos.

Metodologia do estudo

Para entender como funciona o processo, a AEA adotou números disponibilizados pelo PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular), do Inmetro, que mede os níveis de emissão de poluentes e gases estufa. No último índice foram 975 versões de veículos de 35 marcas analisados. A lista de mais limpos e inimigos do meio ambiente   ajuda a mapear o consumo e eficiência energética dos modelos.

No cálculo, divulgado pela associação como “do poço à roda”, a análise é em cima do caminho da geração da fonte energética até o uso veicular. Essa etapa será implementada na fase 2 do Rota 2030, em 2027.

Como comparativo com outros países, o Brasil possui fontes de energias mais limpas. Um outro dado divulgado pela AEA aponta que o acesso à fonte renováveis (hidráulica, biomassa, eólica e solar) no Brasil é de 48,4%, enquanto no resto do mundo a porcentagem é de apenas 15%.

Soma-se a maior abundância de fontes renováveis à necessidade de descarbonização da frota veicular, o país tem um diferencial competitivo capaz de atrair cada vez mais investimentos para cá. O problema é que, em outros países, a busca por soluções segue em ritmo acelerado e, com isso, cresce a chance de defasagem nacional e perda de benefícios das tecnologias.

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