Ele mantém viva uma oficina que só conserta Lambretta há quase 50 anos

Jair Andreatto briga contra o tempo e se dedica a consertar exclusivamente os clássicos scooters da marca italiana desde 1976
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19.10.2022 às 21:00 • Atualizado em 29.05.2024
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Jair Andreatto briga contra o tempo e se dedica a consertar exclusivamente os clássicos scooters da marca italiana desde 1976

 As Lambretta chegaram aqui no Brasil nos anos 50, logo após a Segunda Guerra Mundial, e não levaram muito tempo para apaixonar os brasileiros. Hoje, raramente estão no mercado ou são vistas por aí.

Mas e se dissermos que ainda existem algumas pessoas que cuidam desses apaixonantes scooters? A Mobiauto, por exemplo, descobriu uma oficina que há mais de três décadas se mantém viva apenas consertando Lambretta, na cidade de Piracicaba (SP).

Jair Andreatto briga contra o tempo e se dedica a consertar exclusivamente os clássicos scooters da marca italiana desde 1976

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Conversamos com Jair Andreatto, de 75 anos, proprietário do espaço. Ele nos contou que trabalha com a marca Lambretta há mais de 46 anos, e não planeja parar tão cedo. Sua rotina é bem simples: acordar todos os dias às 6 da manhã, tomar seu cafezinho e partir para o “lambretório”, apelido dado à oficina pelo próprio engenheiro.

Sua história começa em 1961 quando Jair começou a trabalhar com as antigas Leonette, pequenas motocicletas de 50 cc. Em 1976, comprou a revenda oficial das Lambretta em Piracicaba. “Com muito trabalho e paixão eu consegui ir subindo até ter a revenda oficial”, conta.

Jair Andreatto briga contra o tempo e se dedica a consertar exclusivamente os clássicos scooters da marca italiana desde 1976

Andreatto comenta que essa já é a sua terceira oficina especializada nas motonetas da marca italiana. Por questões de custo e redução na demanda, Jair teve de fazer a mais recente mudança da sede de sua empresa para a garagem de casa.

Apesar disso, segundo ele, ainda há um bom número de clientes fiéis, apaixonados por Lambretta, e que ajudam a sustentar o negócio. Só em nossa breve visita, observamos quase dez unidades encostadas aguardando manutenção.

Jair Andreatto briga contra o tempo e se dedica a consertar exclusivamente os clássicos scooters da marca italiana desde 1976

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“Quando as marcas japonesas (Honda, Suzuki, Yamaha) chegaram no Brasil, o conceito das Lambretta caiu, infelizmente. Porém, pela minha paixão, continuo trabalhando com elas, e meus clientes também são amantes das Lambretinhas, tanto é que vem pessoas de outras cidades aqui”, comenta.

Jair não sabe - ou pelo menos não quis - dizer ao certo quantas Lambretta repara por mês em sua oficina. Isso porque o tempo de cada conserto depende muito de fornecedores de equipamentos e peças.

Jair Andreatto briga contra o tempo e se dedica a consertar exclusivamente os clássicos scooters da marca italiana desde 1976

Apesar de a fábrica da Lambretta ter fechado as portas no Brasil em 1982, portanto há 40 anos, Jair não tem tanta dificuldade assim de encontrar componentes para consertar suas Lambrettinhas. Isso porque, assim como o Fusca, foram milhares de unidades comercializadas e sua mecânica é simples, o que facilita o trabalho.

São quatro os seus fornecedores de peças em Piracicaba. Mas há casos como o de um projeto atual no qual ele precisou aguardar um componente chegar de São Paulo capital para finalizar o reparo.

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Relíquia em casa

Jair Andreatto briga contra o tempo e se dedica a consertar exclusivamente os clássicos scooters da marca italiana desde 1976

Além de trabalhar com as Lambretta de clientes, seu Jair tem três motonetas suas, cuidadas com muito carinho na mesma oficina.

Porém a história desse interiorano não para por aí. Há 18 anos, Andreatto começou a montar por conta própria um Ford Roadster 1929, que possui até bancos de sogra.

O carro funciona perfeitamente e não possui nenhuma alteração em relação ao modelo original. Jair está aguardando o emplacamento do veículo, para que possa andar por aí e passear com sua relíquia.

“Conheço um despachante que conseguiu regulamentar um Fusca mais ou menos com a mesma história do meu Ford, então tenho esperança que vai dar certo”, diz, otimista.

Imagens: Lucas Frasson/Mobiauto

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