Avaliação: por que VW Taos não faz o sucesso de Compass e Corolla Cross?

SUV médio da VW chegou para brigar de igual para igual com esses dois rivais, mas passa longe deles quando o assunto é vendas
Renan Rodrigues
Por
30.09.2022 às 21:00
SUV médio da VW chegou para brigar de igual para igual com esses dois rivais, mas passa longe deles quando o assunto é vendas

Há pouco mais de um ano e meio, a Volkswagen anunciava a chegada do Taos ao Brasil. O modelo tinha a dura missão de roubar clientes de Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. 

No entanto, desde seu lançamento, foram vendidas 14.417 unidades, o que dá, em média, 961 carros por mês. Para feitos de comparação, o Jeep Compass emplacou mais de 40 mil exemplares somente este ano, enquanto o Corolla Cross passará dos 30 mil ao final de setembro. 

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Mas será que a distância entre os produtos é tão grande quanto os números de vendas indicam? O Volkswagen Taos não é uma opção a se considerar no segmento de SUVs médios ou C? Bom, vamos descobrir mais sobre a versão Highline para tentar decifrar essa grande distância. 

SUV médio da VW chegou para brigar de igual para igual com esses dois rivais, mas passa longe deles quando o assunto é vendas

Volkswagen Taos Highline 250 TIS 2022 – Preço: R$ 205.540 (estimados). Pintura branca sólida – R$ 595, Teto solar panorâmico – R$ 6.370. Total – R$ 212.495

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Visual batido 

Um dos pontos que talvez afaste o consumidor é o visual do Taos. Não acredito que ele seja feio, mas se diferencia pouco dos demais SUVs da própria VW. Externamente, o grande diferencial está no filete de LED que percorre toda a grade dianteira. 

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E se o consumidor pensar na versão mais barata, esta ainda perde esse diferencial visual. O para-choque também tenta aumentar as diferenças visuais e dar um aspecto mais robusto ao Taos. No entanto, as linhas gerais da carroceria são bem parecidas com as de um T-Cross. 

Se os capôs têm mais ou menos vincos, quando visto de lados, T-Cross e Taos se assemelham muito, enquanto o Nivus se distancia pelo caimento cupê no teto. O Taos não é feio, longe disso, mas é genérico e isso não é bom. 

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A traseira é mais limpa e não tem conexão entre as lanternas, por exemplo, que nele são divididas pela tampa do porta-malas. Há poucos vincos e a presença do nome do carro centralizado. Se eu fosse proprietário, certamente mandaria tirar o letreiro que identifica o motor, uma vez que não há nenhum emblema do lado oposto. 

Dimensões e capacidades: 4.461 mm comprimento, 2.680 mm entre-eixos, 1.841 mm largura, 1.626 mm altura, 498 litros de porta-malas, 51 litros do tanque de combustível, 1.420 kg de peso.

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Espaço forte, acabamento bom

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Um dos pontos altos do Taos para roubar clientes da concorrência é o espaço. Os 2,68 metros de entre-eixos são muito bem aproveitados. O único ponto de atenção nesse aspecto é o túnel central, que rouba espaço das pernas para o ocupante do meio no banco traseiro. 

No entanto, é plenamente possível fazer viagens com cinco adultos. O porta-malas com 498 litros também dá conta de toda a bagagem da viagem. Há ainda boa oferta de porta-objetos, além de quatro entradas USB. 

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O acabamento melhorou no Taos em relação ao T-Cross, isso é um fato. Há presença de material somente nas portas. Apesar disso, o material do painel tem boa aparência e encaixes, mas falta refinamento, especialmente em relação ao Jeep Compass. 

Os bancos são revestidos em couro sintético, e o do motorista tem ajuste elétrico e aquecedores - este último também disponível para o passageiro da frente. 

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Desempenho suficiente e conforto

O Taos é equipado com o já conhecido motor 1.4 TSI com 150 cv e 25,5 kgfm de torque associado ao câmbio automático de seis marchas. O desempenho desse propulsor é suficiente, no entanto, ao contrário de outras aplicações, não espere esportividade. 

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O 0 a 100 km/h é feito na casa dos nove segundos, o que é bom para o porte. O desempenho está na média do segmento, com ligeira vantagem para os dois principais concorrentes, levando em consideração o Compass 1.3 e o Corolla 2.0. 

O foco do conjunto mecânico está no conforto. Para isso, roda suave e entrega os torques em baixa rotação. No entanto, por conta do peso, não pense que o Taos será econômico, as médias com gasolina variam entre 10,2 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada. 

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Motor: 1.4, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turboflex, injeção direta, duplo comando de válvulas variável
Taxa de compressão: 10,5:1
Potência: 150 cv (G/E) a 5.000 rpm
Torque: 25,5 kgfm (G/E) a 1.400 rpm
Peso/potência: 9,5 kg/cv
Peso/torque: 55,7 kg/kgfm
Câmbio: automático, 6 marchas
Tração: dianteira com bloqueio eletrônico de diferencial
0 a 100 km/h: 9,3 s
Velocidade máxima: 194 km/h

Se a motorização preza pelo conforto, podemos dizer exatamente a mesma coisa do conjunto de suspensões. A suspensão do Volkswagen é independente nos dois eixos, sendo McPherson na dianteira e Multilink na traseira, com uma boa relação entre conforto e estabilidade. 

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Ele absorve bem as imperfeições do solo sem causar problemas de estabilidade, apesar de um comportamento consideravelmente mais permissivo que outros modelos da marca. 

Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensão McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira); freios a discos ventilados (dianteira) e tambores (traseira); diâmetro de giro, 10,7 m; coeficiente aerodinâmico não divulgado; vão livre do solo, 192 mm; ângulo de ataque, 20,4°; ângulo de saída, 24,3°; ângulo de transposição de rampas, 21,2°; pneus 215/45 R18.

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Consumo Inmetro: 7 km/l (E) e 10,2 km/l (G) na cidade / 9 km/l (E) e 12,5 km/l (G) na estrada.

VW Taos Highline Launching Edition 250 TSI - Itens de série

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Visual: rodas escurecidas de liga leve de 18 polegadas com pneus 215/55 R18; teto e capas dos retrovisores pintados na cor preta; faixa de luz de LED na grade frontal; rack de teto longitudinal prateado; revestimento dos bancos parcialmente em couro; sistema Ambient Light, que muda as cores do painel ao gosto dos ocupantes com acionamento via central.

Conforto: descansa braço com porta-objetos e uma entradaa USB para a segunda fila; direção elétrica e coluna de direção com ajustes de altura e profundidade; ar-condicionado de duas zonas com controle eletrônico de temperatura e saídas de ar para a segunda fileira de bancos; piloto automático; porta-óculos no teto; vidros elétricos em todas as portas com sistema um-toque nos dianteiros; volante multifuncional com aletas para trocas de marchas; chave presencial e partida por botão; bancos dianteiros com aquecimento e do motorista com ajuste elétrico e ajuste lombar; retrovisores externos com rebatimento automático e aquecimento; seletor de modo de condução; iluminação frontal adaptável.

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Segurança: seis airbags (dois dianteiros, dois laterais e dois de cortina); controle de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas, câmera de ré com auxílio para manobras; sensor de chuva e crepuscular; sensor de estacionamento traseiro e dianteiro; alarme antifurto; detector de fadiga do motorista; sistema de ancoragem Isofix; faróis de LED e luz de condução diurna integrada de LED; lanternas de LED; controle adaptativo de velocidade com função Stop&Go (ACC), frenagem autônoma de emergência (AEB); detector de ponto cego; alerta de tráfego cruzado traseiro.

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Tecnologia: faróis IQ Light com projetores inteligentes, fachos direcionais, regulagem automática de altura, luzes de neblina integradas, função antiofuscamento para outros veículos, raio de alcance otimizado lateral e longitudinalmente, assistente dinâmico de farol alto e iluminação dinâmica em curvas, carregamento de celular por indução; retrovisores externos elétricos com função tilt-down; oito alto-falantes e som Beats; painel de instrumentos digital de 10,25 polegadas; central multimídia VW Play de 10 polegadas compatível com Android Auto e Apple CarPlay (sem fio).

Problemas na fronteira e conclusão

Em 2021, enfrentando problemas econômicos e a crise sanitária global causada pelo Coronavírus, a Argentina adotou medidas para evitar a fuga de dólares. O movimento previa impedimentos na importação para incentivar a fabricação nacional. 

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O leitor pode imaginar que isso não afeta o Taos, já que ele é feito na Argentina, no entanto, as marcas precisam traçar estratégias para trazer lotes parecidos para o Brasil com o que podem enviar para o país vizinho. 

Dessa maneira, conseguiria atender a paridade cambial que foi estabelecida no último acordo entre os países. Isso permitira que o Brasil exportasse US$ 1 milhão, enquanto a Argentina importe US$ 3 milhões, por exemplo. 

No entanto, o Brasil exporta em mais volume do que a Argentina envia para cá, dificultando o fechamento dessa conta. 

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Muitos podem apontar o preço como um fator, mas ele está dentro do média desse segmento. Vale também destacar o levantamento que fizemos na avaliação do Equinox, que mostra que o Taos é apenas o quito mais vendido entre R$ 200 mil e R$ 250 mil, perdendo para Jeep Comamnder e Caoa Chery Tiggo 8, além dos rivais diretos. 

O Taos parte de R$ 178 mil, enquanto a versão avaliada passa dos R$ 212 mil. O Jeep Compass parte de R$ 172 mil e tem versões perto dos R$ 250 mil. Já o Toyota Corolla Cross possui uma tabela melhor: parte de R$ 159 mil e chega aos R$ 208 mil. 

Em suma, as características criticadas do Taos, somadas às condições comerciais entre países, certamente afetam o desempenho de vendas do SUV médio da Volkswagen. Que é ótimo produto, mas se mostra ruim de loja. 

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