Avaliação: Chevrolet Equinox Premier não surpreende em nada. E isso não é bom

Equinox é espaçoso e confortável, seguro e bem equipado, com destaque à conectividade. Só que falta alguma coisa
RM
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22.09.2022 às 14:53
Equinox é espaçoso e confortável, seguro e bem equipado, com destaque à conectividade. Só que falta alguma coisa

Falta. Falta, sim, alguma coisa que desponte nesse SUV. E eu confesso que não sei bem ainda o que é. Vamos descobrir ao longo do texto. E é preciso voltar alguns anos para entender o porquê desse ponto de interrogação e como o Chevrolet Equinox Premier desembarca no Brasil neste 2022. 

Quando a moda dos SUV´s aterrissou por aqui, trazida pelos primeiros modelos importados – Mitsubishi Pajero e Nissan Pathfinder ostentam esse mérito –, as montadoras estabelecidas no Brasil cochilaram. E custaram a responder à invasão dos importados, salvo a honrosa exceção promovida pela Chevrolet. Foi ela que praticamente no “dia seguinte” à chegada dos jipões japoneses lançou a Blazer, em 1995. 

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Chevrolet Equinox Premier 2022 – Preço: R$ 228.350. Não há opcionais.

Ok, vá lá. Não era lá bem o conceito de SUV como hoje o conhecemos, voltado quase que exclusivamente ao uso urbano, onde conforto e segurança ao rodar valem muito mais do que a robustez para encarar o off-road. Para isso, os utilitários-esportivos da atualidade fazem uso de carrocerias monobloco, que são mais apropriadas ao comportamento dinâmico similar ao de carros de passeio. 

A Chevrolet Blazer não tinha nada disso. Era aparafusada no “chassizão” de picape S10, tão robusta quanto instável com seu arcaico feixe de molas na suspensão traseira. Mas era o que havia pra ontem. E quem viveu esse período sabe o sucesso que a Blazer alcançou, reinando praticamente sozinha em um segmento de grande potencial no mercado. Vale mencionar que ela teve até uma versão chamada Executive, toda vestida de couro no estofamento e equipada com motor 4.3 V6 da época. Um luxo. 

Todo esse preâmbulo serve para registrar o seguinte: a General Motors do Brasil conhece como nenhuma outra marca o segmento de SUV´s, exatamente por estar surfando nessa onda há quase três décadas. E talvez por isso que o Chevrolet Equinox Premier seja tão “correto”. Adequado. 

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Dados técnicos: direção elétrica progressiva; suspensões McPherson e Multilink (dianteira e traseira, respectivamente) com molas helicoidais; freios a discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira); diâmetro de giro, 12,7 m; Cx, 0,33; vão livre do solo, 160 mm; ângulo de ataque, 14,8°; ângulo central, 16,5°; ângulo de saída, 23,2°; peso em ordem de marcha, 1.675 kg; carga útil, 425 kg.

Justo. Um SUV que entrega o que se espera de um modelo “familiar” acima dos R$ 200 mil – a versão Premier, top de linha, sai por exatos R$ 226.980. Abaixo dela, a versão RS (com nuances esportivas no acabamento) custa R$ 208.980.

Só que ele não te empolga em nada. E isso faz falta em um carro que custe tão caro. 

Já sei. Falta motor...

Quando chegou ao mercado nacional, em 2018, o Equinox era equipado com o motor 2.0 turbo, de injeção direta, que rendia 262 cv. Três anos mais tarde, na linha 2021, ele perdeu esse motor e manteve somente o 1.5 Turbo, também com injeção direta, de 172 cv e 27,8 kgfm de torque. São 90 cv a menos... Seria essa a ausência tão sentida no Equinox...? 

Pior que não.

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Ainda que não traga o mesmo vigor das primeiras versões, dá para dizer que a atual receita proporcionada por esse motor de baixa cilindrada é bem suficiente para impulsioná-lo. Tanto que o SUV precisa de 9,2 segundos para, saindo da imobilidade, chegar a 100 km/h. E vamos concordar que, em se tratando de um veículo com propósito familiar, esse rendimento está de ótimo tamanho.

Ou será o tal do câmbio que incomoda?

Sim, aí sim pode ser. O downsizing na motorização também acometeu a transmissão do Chevrolet Equinox. Antes equipado com uma caixa automática de 9 marchas, ele agora usa uma de 6 velocidades. Mas o problema reside no gerenciamento e na calibração desse câmbio, não no número de marchas. 

Funciona assim: tal qual um computador, a gestão eletrônica de uma transmissão é “dotada” na memória com um número xis de situações instantâneas: aceleração, velocidade, inclinação da via etc. Dependendo da exata necessidade de uso, a transmissão passa para a próxima marcha, ou reduz, ou mantém. 

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Dimensões: comprimento, 4.652 mm; entre-eixos, 2.725 mm; largura, 1.843 mm; altura, 1.697 mm; porta-malas, 468 litros; pneus, 235/50 R19.

Uma caixa de câmbio com gerenciamento eletrônico e calibração mais aprimorados possui uma quantidade maior de alternativas, interpretando melhor cada circunstância, o que aparentemente não acontece nesse Equinox. Ela parece ter um número resumido de soluções, o que gera, na prática, reduções de marchas esquisitas, acentuando o ronco do motor e provocando até ligeiros tranquinhos nas trocas. Enfim, não é nada gritante. Mas “poderia ser mais refinado”.

Andando no dia a dia

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O restante da receita mecânica entra naquele padrão de normalidade. Equipado com a nova geração de motores com baixa cilindrada, superalimentados e com injeção direta, ele crava um empate técnico com seu principal concorrente: enquanto o Jeep Compass Limited 1.3 faz 9,7 km/l na cidade, o Equinox não passa de 9,3 km/l. Mas o Chevrolet dá o troco no consumo rodoviário: o Jeep consegue 10,8 km/l contra 11,5 km/l do Equinox. O modelo da GM só peca em um pequeno detalhe: ele só consome gasolina, enquanto o Jeep é flex.

A tração é um capítulo à parte nesse Equinox. Permanente nas quatro rodas, ele oferece o recurso de desabilitar o modo AWD (tecla no console) e trafegar apenas com rodas dianteiras motrizes. Caso o sistema identifique alguma situação de risco, aparece uma mensagem no painel aconselhando o condutor a reativar a tração integral. O modelo utiliza-se ainda de suspensão independente nas rodas traseiras, estruturas de subchassis, que auxilia na filtragem do trabalho das suspensões em direção à cabine, e controle de estabilidade e de tração.

O design é correto. Apenas isso

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É improvável que alguém morra de amores pelo design desse Equinox Premier. Mas não há como se queixar da aparência e do acabamento desse SUV. É aquela afirmação inicial: ele é okay. Equipado com laterais em que se destacam frisos cromados e rodas aro 19 em dois tons, ele possui faróis tipo projetor em LED e um majestoso teto solar panorâmico.

Mais do que a beleza, chama a atenção o porte: o Equinox é realmente grande, o que impacta, aí sim, positivamente, no espaço interno. Com 4,65 metros de comprimento, 2,73 m de entre-eixos, 2,11 m de largura e 1,84 m de altura, ele não só acomoda cinco adultos com facilidade, mas também leva suas bagagens: o porta-malas comporta 468 litros, podendo chegar a 1.627 litros com os bancos rebatidos.

Por dentro, ele ganha alguns pontos

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O modelo é bem luxuoso, embora peque nos materiais empregados. Revestimentos de portas e superfície superior do painel de instrumentos são cobertos por plástico. Caberiam materiais mais macios. Mas também é a única queixa. 

A Premier é dotada de seis air bags, alertas de colisão frontal com detecção de pedestre, movimentação traseira, ponto cego com sensor de aproximação e vibratório no banco do motorista, assistente de permanência na faixa, frenagem automática de emergência com detector de pedestre, indicador de distância do veículo à frente e controle de velocidade em declives.

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Lista longa: sistema de áudio da marca Bose com 7 alto falantes, banco do motorista elétrico com duas memórias, ar-condicionado de duas zonas, direção com assistência elétrica, partida do motor por controle remoto para pré-climatizar a cabine, assistente semiautônomo de estacionamento e abertura elétrica da tampa do porta-malas com sensor de movimento, que traz agora indicador luminoso.

E o computador de bordo traz, entre dezenas (dezenas mesmo) de recursos tradicionais, como consumo médio e instantâneo, autonomia e velocidade média, o tempo exato para a próxima troca de óleo e, até, o prazo de validade do filtro de ar.

Chevrolet Equinox Premier 2022 - Itens de série

De série, o Equinox é bem equipado, além dos itens obrigatórios, como airbags duplos, controles de tração e estabilidade e sistema Isofix, há: 

Visual e exterior: faróis full-LED com acendimento automático; grade dianteira com apliques cromados; lanternas traseiras de LED; friso cromado por toda a extensão das janelas do veículo; barras longitudinais de teto na cor prata; retrovisores externos com repetidores de luzes de seta; rodas de liga leve aro 19”

Conforto e acabamento: trio elétrico; vidros com função um-toque e antiesmagamento; volante multifuncional revestido em couro com ajuste manual de altura e profundidade; sensores de luminosidade e chuva; apoia-braço central com porta objetos; ar-condicionado automático digital de duas zonas; banco do motorista com regulagem elétrica; banco traseiro rebatível e bipartido em 60:40; tapetes em carpete dianteiros e traseiros; porta-malas com iluminação e ganchos de fixação de carga.

Tecnologia: chave com sensor presencial; central multimídia de 8” com Apple CarPlay e Android Auto sem fio; sistema OnStar; Wi-Fi a bordo; carregador de celular por indução. 

Segurança: alarme; seis airbags; cintos dianteiros com ajuste de altura; controles de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas; controle de velocidade em descidas; sensores de estacionamento dianteiros e traseiros; câmera de ré; retrovisor interno eletrocrômico; monitoramento de pressão dos pneus; Controle de Cruzeiro Adaptativo; Frenagem Autônoma de Emergência; Sensor de Ponto Cego; Auxiliar de Permanência em Faixa. 

A conectividade é o ponto alto

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Disse lá no início do texto que o Equinox não se distinguia em nenhum aspecto, lembra-se? Pois há a conectividade. O rol de recursos é bem completo, talvez como nenhum outro SUV desse segmento. O modelo da Chevrolet oferece o sistema OnStar para serviços de emergência e segurança. Em caso de acidente, por exemplo, o veículo envia um alerta automático à central de atendimento. 

Já em caso de roubo ou furto do veículo, essa central rastreia o veículo e pode informar as autoridades, além de bloquear remotamente o motor. Há também o diagnóstico sob demanda, funcionalidade que permite detectar e alertar sobre possíveis condições irregulares nos principais sistemas do veículo, como motor, transmissão, airbag, freios ABS, controle de emissões e sistema de controle de tração.

Equinox é espaçoso e confortável, seguro e bem equipado, com destaque à conectividade. Só que falta alguma coisa

E isso não é tudo: o modelo vem com a nova geração do aplicativo myChevrolet App para comandar funções do carro à distância, o recurso OTA (over the air) para atualizações remotas de sistemas eletrônicos do veículo e o multimídia MyLink, com quatro novos recursos: projeção do Android Auto e Apple Car Play sem a necessidade de cabo, um ano grátis de Wi-Fi veicular (limitado a 20 GB mensais), Spotify e Alexa. O Wi-Fi nativo Chevrolet permite conectar simultaneamente até sete aparelhos e tem intensidade de sinal até 12 vezes maior em deslocamentos. 

Ficha técnica

Motor: 1.5, dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, turbo, injeção direta, gasolina, duplo comando de válvulas acionado por correia dentada

Taxa de compressão: 10:1

Potência: 172 cv a 5.600 rpm

Torque: 27,8 kgfm de 2.000 a 4.000 rpm

Peso/potência: 9,7 kg/cv

Peso/torque: 60,3 kg/kgfm

Câmbio: automático, 6 marchas 

Tração: integral

0 a 100 km/h: 9,2 segundos

Velocidade máxima: 196 km/h

Consumo Inmetro: 9 km/l na cidade / 10,8 km/l na estrada.

Tanque de combustível: 59 litros

Algumas manias da fabricante...

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· Parece implicância, mas não é. Em um carro em que o interior acaba sendo um de seus maiores predicados, a tela do kit multimídia de 8 polegadas mostra-se acanhada, visto que muitos modelos que custam menos da metade do Equinox Premier já possuem telas de 10 pol.

· Outro hábito estranho da Chevrolet consiste em manter quadro de instrumentos analógicos, caso de velocímetro, conta-giros, termômetro do motor e nível do tanque. Já caberia tranquilamente uma tela de LCD no lugar desses mostradores, que dão um ar dejavu ao Equinox.

· Também não é muito compreensível um carro com opções de trocas manuais na transmissão automática esconder esse recurso numa acanhada borrachinha acoplada à manopla do câmbio. Você mal percebe que existe aquela função.

Conclusão

Equinox é espaçoso e confortável, seguro e bem equipado, com destaque à conectividade. Só que falta alguma coisa

Acho que finalmente descobri o que falta ao Equinox. É o próprio Equinox! O modelo não pertence à lista dos 40 SUV´s mais vendidos do país. Enquanto o Jeep Compass registrou mais de 35,4 mil unidades vendidas entre janeiro e julho deste ano, o Equinox mal chegou a 500 unidades emplacadas. 

“Ah, mas o maior volume de vendas do Compass está nas versões Sport e Longitude, que custam menos de R$ 200 mil... Como o Equinox custa sempre acima de R$ 208 mil, as vendas diminutas se justificam...” 

Não, não se justificam. 

Com o apoio da JATO Dynamics, consultoria especializada no meio automotivo, fizemos um levantamento muito específico: qual o volume de vendas de SUV´s na faixa de R$ 200 mil a R$ 250 mil, que é exatamente o nicho em que se encaixa o Chevrolet Equinox. Os volumes abaixo prescrevem as vendas de janeiro a julho desse ano e só expressam essa faixa de preços, ou seja, versões mais baratas – como é o caso do Jeep Compass Sport, por exemplo – não entram no levantamento.

Jeep Compass - 11.573
Toyota Corolla Cross - 6.760
Jeep Commander - 3.450
Chery Tiggo 8 - 3.264
Volkswagen Taos - 2.819
Hyundai Tucson - 2.090
Mitsubishi Eclipse Cross - 1.489
Ford Territory - 633
Chevrolet Equinox - 445
Mitsubishi Outlander - 318
Peugeot 3008 - 209
SUbaru Forester - 117
Kia Sportage - 96

O que deflagra uma venda tão ínfima do Chevrolet Equinox, considerando a capilaridade da rede autorizada GM e a experiência da própria marca neste segmento?

Talvez o fato de o modelo não surpreender em nada. E isso, como já dissemos, não parece ser nada bom.

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