VW Saveiro: picape é a única herança viva do Gol e é produzida desde 1982
Derivada do VW Gol, a Saveiro foi lançada em 1982 e surfava na onda das pick-ups derivadas dos carros compactos. Sua caçamba tinha 570 kg de capacidade máxima, e sua proposta era ser um carro de campo e de cidade, com espaço da cabine, atrás do banco do motorista, para uma mala pequena
Seu design, similar ao da Parati, era moderno, encantando imediatamente aos jovens que viram um carro moderno e com ares esportivos, por mais que esta não fosse a proposta. Sua dirigibilidade, muito próxima o do Gol, trazia uma experiencia até então incomum para os carros desta categoria.
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O estepe, diferentemente do Gol, não ia no compartimento do motor, e sim atrás do banco do passageiro, dentro da cabine. Havia um ressalto na lataria, possibilitando o alojamento, mesmo assim, limitava ainda mais o espaço.
A suspensão traseira, diferentemente de Fiat City e Ford Pampa, tinha molas helicoidais de ação progressiva com amortecedores recalibrados, muito similar ao sistema de suspensão traseiro da Parati. Isso possibilitava seu uso de carga conforme a capacidade da cabine, mas com um efeito “colateral”: a traseira se sentava no chão, a frente inclinava muito, e dependendo do piso, a tração ficava comprometida. Seu público, mais jovem do que o público dos modelos Fiat e Ford, não ligava para isso, afinal, a Saveiro era descolada para parar na porta da faculdade, restaurante ou boate.
Por estratégia da marca, e de algum diretor de produto, a Volkswagen do Brasil entendeu que o Gol deveria usar o cultuado motor do Fusca, e isso quase fez com que ele saísse de linha 1 no depois, já que à ocasião, o motor era o ultrapassado boxer 1300 cilindradas e 50cv SAE (36cv ABNT) a 4600rpm e 9,2kgfm de torque a 2800rpm, decepcionou toda a torcida com 0 a 100km/h em 30,27* segundos e velocidade máxima de 124 km/h na melhor passagem (sim, se considerar a média, era ainda mais lento). Isso foi corrigido um ano depois com o lançamento das versões 1.6. O mesmo erro foi cometido quando a Saveiro foi lançada.
Seu motor era o VW Boxer de 1,6 litro a etanol ou a gasolina. Com gasolina, tinha 50cv ABNT a 4600rpm e 12kgfm de torque a 3600rpm, capaz de levar o utilitário de 0 a 100km/h em 16,9 segundos e 142km/h de velocidade máxima. Usando gasolina, fazia 10,1km/l na cidade e 14,2km/l na estrada, bons números à ocasião. Se fosse a etanol, tinha 51,55 cv ABNT a 4400rpm e 10,5 kgfm de torque a 3000 rpm. Com Parati e Voyage usando o motor BR 1.5 e BS 1.6, e a partir de 1983 o motor MD-270 1.6, ninguém entendeu por que a Saveiro chegou com o motor boxer.
Disponível nas versões S e LS, as mesmas versões do Gol, trazia os mesmos equipamentos, que se restringiam a diferenças sutis de acabamento. Na versão S, os bancos eram de courvin, não tinha retrovisor do lado do passageiro, e o esguicho do limpador do para brisas era uma bomba acionada com o pé. No painel, apenas informações básicas como velocímetro, odômetro total até 99.999km, marcador de combustível e luzes espia.
A versão LS tinha bancos revestidos em tecido, carpete no assoalho, retrovisor dos dois lados, encosto de cabeça nos bancos, protetor do vidro traseiro, relógio no painel de instrumentos, econômetro, hodômetro parcial, acionamento do esguicho do para brisas por bomba elétrica elétrico, ventilador elétrico de 2 velocidades (criticado por seu barulho), limpador de para brisas com temporizador, acendedor de cigarros e espelho de cortesia no para-sol do passageiro. Opcionalmente, podia vir com pintura metálica, retrovisor com regulagem interna e a partir de 1983, rodas de liga-leve.
No final de 1984, o modelo recebia enfim o motor refrigerado a água 1.6 MD-270 e 72 cv a gasolina (81 cv se fosse a etanol) a 5.200 rpm e 12,2 kgfm de torque a 2.600 rpm, dando mais agilidade ao pequeno utilitário. Seus números de desempenho eram: 0 a 100 km/h em 15,5 segundos, 153 km/h de velocidade máxima e 10,5 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada.
No final de 1985, era lançado o então moderno e hoje cultuado motor 1.6 AP-600, uma evolução em todos os sentidos. Também usando gasolina, tinha 80 cv a 5.600 rpm, (85cv a etanol) 12,75 kgfm de torque a 2.600 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 13,2 segundos, 153 km/h de velocidade máxima e 9,3 km/l na cidade e 13,4 km/l na estrada. Enfim o modelo deslanchava em vendas e assumia a liderança de sua categoria.
Na mesma época, alguns concessionários da VW e oficinas independentes passaram a instalar o motor a diesel, já na versão MD-270, à pick-up Saveiro, tanto em veículos novos e usados, já que sua capacidade de carga era de 570 kg. No caso de veículos novos, os concessionários mantinham a garantia para todo o veículo, e não só para o motor (leia mais aqui).
A partir de 1987, as versões eram renomeadas, e o sucesso apenas aumentava, mas esta história eu contarei mais para frente, afinal, a Saveiro é o veículo mais antigo em produção no Brasil, e para contar seus 43 anos de história, precisarei falar de suas outras fases em outros textos.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."
Por Leonardo França