Chevrolet Corsa Champ era série especial da Copa do Mundo de 1998
Desde a redução de 40% para 20% na alíquota do IPI vigente em 1990, que viabilizou o lançamento do carro popular, as marcas competiam ferozmente para ter seu representante. O primeiro lançamento, ainda em 1990, foi o Fiat Uno Mille, sucesso sem precedentes que durou exatos 23 anos, quando saiu de linha sua primeira geração.
A GM foi a segunda a entrar na disputa em 1992, mas com o que ela tinha na prateleira a 19 anos. Nascia o Chevette Junior, um projeto bastante ultrapassado com tração traseira e com uma potência liquida de dar sono.
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Ainda em 1992, o VW Gol 1000 chegava com seu motor AE-1000 (vulgo CHT), 50cv, mais disposição e muito mais moderno, e olhe que seu projeto já estava cansado, com então 12 anos. A Volkswagen já tinha o Gol AB9, vulgo Gol bolinha, no forno, aguardando o momento certo de ser lançado, afinal, estratégia de guerra não faltava nesta época.
Nos idos de 1993, a Ford lançou o Ford Escort Hobby 1.0 com a mesma mecânica do Gol 1000 e um pouco mais de espaço, e graças a uma resolução do governo reduzindo a alíquota de veículos com motor 1.6 boxer e/ou de tração traseira, os veículos com esses motores passaram a ter a chancela de popular, permitindo a volta do VW Fusca e redução do preço da VW. Com isso, a GM tratou logo de substituir o GM Chevette Junior pelo GM Chevette L, com motor 1.6 e muito mais disposição.
A GM sabia que o Chevette não era mais competitivo, e já desenvolvia a sua versão do Opel Corsa desde que lançou o Chevette Junior, como em um jogo de xadrez, aguardou o momento certo para fazer sua jogada.
O plano era lançá-lo apenas em 1995, mas com a movimentação da Volkswagen para lançar o Gol bolinha e da própria Fiat, que já desenvolvia o projeto 178 (o Fiat Palio), a Chevrolet antecipou o lançamento do carro em 1 ano. A primeira unidade foi fabricada em 21 de setembro de 1993, quando o estoque começou a ser formado, e em 10 de janeiro de 1994, era lançado no mercado nacional o GM Corsa.
Com muita inovação em um mercado saturado e atrasado, o Corsa trazia coisas até então impensadas para um carro popular em nosso mercado: injeção eletrônica, bom nível de acabamento, boa qualidade de construção e design em compasso com as versões do Corsa pelo mundo. Com a missão de “embelezar a garagem do cliente”, palavras do então vice-presidente da GMB André Beer, o Corsa deu muito trabalho para concorrência, e se deparou até mesmo com a prática de ágio* para quem queria ter um desse na garagem.
Usando a plataforma A, lançada no exterior em 1982, trazia um design atualizadíssimo e linhas arredondadas, com formato em cunha e ótimo coeficiente aerodinâmico, ou Cx, de 0,35 – contra 0,45 do Gol quadradinho.
O conforto também era inovador, e sua versão de lançamento, a Wind, trazia de série ajuste de altura dos cintos dianteiros, banco traseiro inteiriço rebatível, porta-objetos, retrovisor do lado direito, além de um acabamento primoroso com bancos revestidos em tecido e bastante confortáveis, volante de 2 raios espumado com ótima empunhadura, vidros verdes, além de injeção eletrônica single-point, ou monoponto.
Como opcionais, a versão oferecia acendedor de cigarros, ajuste interno dos retrovisores, ar quente, banco traseiro rebatível em 1/3 e 2/3, antiembaçante, limpador/lavador do vidro traseiro, para-brisa degradê, pintura metálica ou perolizada, alarme, fiação para sistema de som e trava elétrica das portas.
Seu motor de 1.0 litro era moderno, silencioso, e fornecia 50 cv a 5800rpm com 7,7kgfm de torque a 3.200rpm que, acoplado a um eficiente câmbio de 5 marchas de relações longas, mas com diferencial curto (4,53:1), faziam do Corsa um carro muito agradável de ser conduzido.
Fazia de 0 a 100km/h em 19s77, e chegava a 142km/h de velocidade máxima. Imbatível no consumo, trazia números relativamente atuais até mesmo para os dias de hoje: 13,05km/l de gasolina na cidade e 15,39km/l na estrada. Esses números melhoraram ainda mais 2 anos depois com a chegada do Corsa Super, com 60cv e câmbio com diferencial mais longo.
O sucesso se confirmou com as versões Wind e Super mais potentes, e o carro caiu nas graças de vez do consumidor, que não media esforços para ter um GM com alma Opel na garagem.
Logo, algumas versões especiais foram lançadas, entre elas a versão Piquet, homenagem da empresa de condimentos Arisco que patrocinava o Piloto Nelson Piquet (também patrocinadora do Rubens Barrichello), restrita aos funcionários da empresa.
Em 1998, era a vez da própria GM homenagear a copa do Mundo da França com sua Linha Champ, composta por Corsa Hatch, Pickup Corsa e S10. Hoje falaremos do Corsa Hatch.
Disponível nas cores Azul Riviera ou Verde West, a versão era identificada pelas faixas laterais alusiva à versão com a inscrição Champ 98, adesivo símbolo da copa do mundo na tampa do porta-malas e painel, rodas aro 14 em alumínio do (as mesmas do Corsa GL) calçadas com pneus 185/60R14, além de para-choques, maçanetas e retrovisores na cor do veículo. O modelo oferecia também antiembaçante do vidro traseiro, break light, para-brisa degradê, alarme, fiação para sistema de som e trava elétrica das portas. O restante do acabamento, bem como seu painel, volante e forração dos bancos era o mesmo da linha Wind Super.
Sua mecânica também era a mesma da versão Wind Super, com o mesmo motor 1.0 M.P.F.I e 60cv a 6000 rpm e 8,3kgfm de torque a 3000rpm, capaz de levar o GM a 150km/h e fazer de 0 a 100km/h em 17,3s. Além disso, era econômico, fazendo 12,8km/l de gasolina na cidade e 16,2km/l na estrada.
Com poucos diferenciais, se preço era bastante atrativo, custando à ocasião R$ 12.290,00, equivalente hoje a R$ 99.218,93 de acordo com o índice IGP-M (FGV), não muito distante de um Polo Rock In Rio por exemplo. Das mais de 2000 unidades da versão hatch, existem hoje registradas 1987 unidades de acordo com os dados da frota nacional de veículos do Denatran.
Os anos 90 foram, sem dúvidas, os mais competitivos no mercado automotivo nacional, e a categoria dos populares teve disputas acirradíssimas das marcas pela preferência nacional. Estes “Corsas esportivados” são raros de se ver hoje em dia, principalmente em bom estado, e esta versão, é sem dúvidas, uma das mais raras da linha Corsa.
Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.
"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."