VW Santana Techno: o carro que previu o futuro e estava certo

Modelo foi apresentado como protótipo de diversas tecnologias, que se tornaram realidade
LA
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23.04.2025 às 22:50 • Atualizado em 25.04.2025
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Modelo foi apresentado como protótipo de diversas tecnologias, que se tornaram realidade

A segunda geração do Passat foi apresentada no Brasil em 1984 como VW Santana. Usando a plataforma B2 da Audi (compartilhada com o Audi 100), o Santana chegou nas versões CS, CG e CD, com 2 ou 4 portas.

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Foi o primeiro Volkswagen médio representante dos carros de luxo no Brasil, e foi considerado um dos veículos mais modernos de seu tempo, ao lado do GM Monza, seu concorrente nos anos 80 e 90.

Suas primeiras versões traziam o moderno motor VW 1.8 carburado e 92 cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 2.600 rpm, se abastecido com etanol, ou 86 cv a 5.000 rpm e 14,6 kgfm a 2.600 rpm, quando abastecido com gasolina. Seu desempenho agradava, ainda que carecesse de um pouco mais de fôlego, graças ao peso do sedan, mesmo assim, com etanol, fazia de 0 a 100 km/h em 13s e atingia 167 km/h de velocidade máxima, e com gasolina, fazia de 0 a 100 km/h em 14,6s e atingia 162 km/h de velocidade máxima.

O carro era tão bem-visto que a Volkswagen o utilizou como base e apresentou, no mesmo ano, o Santana Techno II: um carro do futuro. Vedete do salão do automóvel naquele ano, passou mel na boca de todos esbanjando tecnologia como um carro conceito, infelizmente nunca lançado. Tinha um conceito inovador e tecnologias que ainda não tinhamos no Brasil de importações fechadas, mas que já eram vistas em BMW, Audi, Mercedes e outras marcas pelo mundo.

Baseado na versão CD de 2 portas, seu motor era o mesmo AP-800, porém com duplo comando de válvulas no cabeçote e 4 válvulas por cilindro. Com taxa de compressão 10,0:1 para uso com gasolina na proporção 80/20 (20% de etanol), o motor 1.8 16v era alimentado por uma injeção indireta tipo K-Jetronic, e fornecia 142 cv a 6.300 rpm e 16 kgfm de torque a 4.500 rpm, capaz de levar o Santana de 0 a 100 km/h em 9s e 200 km/h de velocidade máxima. Seu consumo era de 9 km/l na cidade e 15 km/l na estrada. Não são números surpreendentes nos dias hoje, mas com certeza, impressionavam nos idos de 1985.

O sistema de tração era integral nas 4 rodas, como nos Audi daquele tempo, além de freios ABS, painel de instrumentos digital, computador de bordo, check-control com aviso sonoro no estilo "carro falante", alerta de faróis acesos, piloto automático, vidros elétricos do tipo one-touch, direção hidráulica, ar-condicionado, para-choques envolventes (lançados posteriormente apenas na linha 87), rodas de liga-leve aro 14 calçadas com pneus 195/60 e computador de bordo com informações como a hora, tempo de viagem, autonomia, velocidade média e consumo médio a cada 100km. As rodas eram as mesmas do Gol GT, mas podiam ser revestidas por uma futurista calota integral.

Seu interior era muito luxuoso, revestido em couro de alto padrão e trazia também um bom sistema de som, aparelho de TV, calculadora financeira (também me pergunto por que), bancos Recaro com regulagens eletrônicas, alarme antifurto, telefone (de linha) e um isolamento acústico invejável. Externamente, aerofólio no porta-malas, para-choques e spoilers pintados na cor prata e acabamento em acrílico fumê sobre os faróis e lanternas, como um bom carro conceito.

Muitas destas novidades chegaram anos depois nos veículos, onde os brasileiros puderam se contentar apenas com as novidades da linha 1985, com a chegada da versão Station Santana Quantum, e o novo motor 1.8 intitulado AP-800, que trazia novos pistões e bielas mais curtas e mais leves, com 94 cv a 5.000 rpm e 15,2 kgfm a 3.400 rpm, se abastecido com etanol, e 87cv a 5.000 rpm e 14,9 kgfm a 3.400 rpm, quando abastecido com gasolina, uma evolução do VW 1.8 do Santana de 1984. Na versão a etanol, agora fazia de fazia de 0 a 100 km/h em 11,9s e atingia 171 km/h de velocidade máxima e com gasolina, os mesmos números da antiga versão a etanol.

A injeção eletrônica chegou apenas na linha 1990 com o Santana EX, e os freios ABS, na minha 1992 com o Santana GLSi. A tração integral, bem, só nos Audi e outros modelos através das importações abertas em 1991 pelo então presidente Fernando Affonso Collor de Mello.

Este texto contém análises e opiniões pessoais do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Mobiauto.

"Leonardo França é formado em gestão de pessoas, tem pós-graduação em comunicação e MKT e vive o jornalismo desde a adolescência. Atua como Consultor Organizacional na FS-França Serviços, e há 21 anos, também como consultor automotivo, ajudando pessoas a comprar carros em ótimo estado e de maneira racional. Tem por missão levar a informação de forma simples e didática. É criador do canal Autos Originais e colaborador em outras mídias de comunicação."

https://www.instagram.com/autosoriginais

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