Por que o Peugeot 208 ganhará o motor 1.0 do Fiat Argo?

Stellantis intensifica processo de popularização das marcas francesas do grupo, e faz Peugeot repetir estratégia que havia abandonado anos atrás
JC
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23.05.2022 às 17:29
Stellantis intensifica processo de popularização das marcas francesas do grupo, e faz Peugeot repetir estratégia que havia abandonado anos atrás

A Peugeot percorreu uma estrada tortuosa no Brasil, mas as coisas estão mudando. A prova deste novo momento da empresa francesa está nas vendas. Em 2022, considerando o primeiro trimestre, a marca do leão cresceu 122% no comparativo com o mesmo período do ano passado. 

Agora, reforçando essa estratégia para o crescimento da marca, a Stellantis está promovendo uma maior sinergia entre as marcas do grupo. Esse cenário era claro entre Fiat e Jeep, além da antiga PSA, com diversas peças compartilhadas entre Peugeot e Citroën. 

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No entanto, depois do Peugeot Expert Rapid, que nada mais é do que uma versão francesa do Fiat Fiorino, o conglomerado parte para o seu segundo produto Peugeot com elementos Fiat. Estamos falando do 208, que na linha 2023 terá versões com o motor 1.0 três-cilindros Firefly flex aspirado herdado do Argo. 

A novidade deve ser revelada nesta quarta-feira (25). Concessionários, inclusive, já fazem uma espécie de “pré-venda informal” do modelo, anunciando preços estimados entre R$ 70.000 e R$ 73.000. Versões e valores oficiais, porém, só devem ser revelados na data de apresentação.

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Não é o primeiro Peugeot 1.0

Antes da fusão com a FCA, formando a Stellantis, executivos da antiga PSA chegaram a afirmar categoricamente que a Peugeot não pretendia investir em modelos com motores 1.0, embora a marca já apostasse no segmento de hatches compactos, que costumeiramente usam esse tipo de motorização (até por pagar um IPI menor). 

No entanto, a necessidade de crescer falou mais alto. E conversa com outra antiga estratégia da marca. No já distante ano de 2001, quando o Peugeot 206 chegou ao Brasil, a marca francesa recorreu a uma parceria com a compatriota Renault para equipar seu compacto com o motor 1.0 16V com 70 cv e 9,5 kgfm vindo do Clio.

Na época, a aposta não deu lá muito certo, pois o 206 ocupava uma faixa de preço relativamente alta para um 1.0. Por isso, poucos anos depois, a configuração deixou de ser oferecida e deu lugar a um motor 1.4. Será que agora dará certo?

1.0 ou 1.2? 

Antes do 1.0 Firefly de origem Fiat, chegou-se a cogitar fortemente para o Peugeot 208 de segunda geração no Brasil o motor 1.2 PureTech flex, também com três cilindros, que já era usado pelo hatch de primeira geração e seu irmão de plataforma, o Citroën C3.

Stellantis intensifica processo de popularização das marcas francesas do grupo, e faz Peugeot repetir estratégia que havia abandonado anos atrás

Já convertido para flex, esse motor era muito elogiado. Apesar do deslocamento maior, não vibrava mais do que outros três-cilindros, e ainda proporcionava uma excelente economia de combustível. Com ele, o antigo 208 fazia as seguintes médias: 

Ciclo urbano: 10,9 km/l (etanol) e 15,1 km/l (gasolina)
Ciclo rodoviário: 11,7 km/l (etanol) e 16,9 km/l (gasolina). 

Isso garantia até 929 km de autonomia em rodovias. Lembrando que esses números são do Inmetro, mas na prática era possível rodar até mais. Ainda não temos os números de consumo do 208 com motor 1.0 Firefly, no Fiat Argo, as médias são as seguintes:

Ciclo urbano: 9,9 km/l (etanol) e 14,2 km/l (gasolina)
Ciclo rodoviário: 10,7 km/l (etanol) e 15,1 km/l (gasolina). 

Portanto, representaria uma perda de 100 quilômetros de autonomia em rodovias. No entanto, o novo 208 tem o tanque menor que o anterior. A geração passada levava até 55 litros de combustível, enquanto o atual tem capacidade para até 47 litros. Na prática, caso o consumo se mantenha na casa dos 15 km/l, o 208 1.0 poderá rodar até 705 km.

Stellantis intensifica processo de popularização das marcas francesas do grupo, e faz Peugeot repetir estratégia que havia abandonado anos atrás

No desempenho a diferença é menos notável. Apesar dos 90 cv de potência e 13 kgfm de torque, o 1.2 empurrava o velho Peugeot 208 de 0 a 100 km/h em 12,8 segundos. Já o Argo com motor 1.0 arranca até a mesma velocidade em 13,4 segundos. Como o novo 208 tem uma plataforma mais moderna e é mais leve que o Fiat, pode alcançar números ainda melhores, tornando a diferença pouco perceptível no uso diário. 

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Por que o 1.0 e não o 1.2? 

O grande vilão, desde o lançamento do novo 208, é o preço do dólar. Com a moeda que baliza as importações na casa dos R$ 5, torna-se muito mais caro trazer um motor de baixo deslocamento, como o 1.2, que viria importado da China e ainda faria o modelo pagar uma alíquota maior de IPI.

Investir para produzir o PureTech por aqui também não faria sentido, uma vez que o 1.0 Firefly vem se mostrando um motor confiável, com bom desempenho na cidade e consumo de combustível comedido.

Outro ponto em favor do 1.0 Firefly é a manutenção. Além da produção de peças nacionais, o motor Fiat usa corrente de comando para acionar as válvulas, enquanto o 1.2 Puretech ainda utilizava correia dentada. Fora isso, temos a já mencionada questão tributária.

Assim, o plano da Stellantis será levar o 1.0 Firefly às fábricas argentinas do grupo em larga escala. Além do 208, o propulsor será usado para empurrar as versões de entrada do Fiat Cronos a partir da linha 2023, como um substituto do recém aposentado Grand Siena.

Por falar em país vizinho, é bem provável que o 208 1.0 Firefly substitua o 1.2 PureTech, atualmente vendido por lá.

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Só o aspirado? 

Ainda não há confirmação,  se o 208 receberá somente o motor 1.0 aspirado. É possível que a empresa anuncie o motor 1.0 turboflex, o mesmo do Fiat Pulse. Com acréscimo de turbo, quatro válvulas por cilindro, injeção direta de combustível e sistema MultiAir, esse propulsor rende 130 cv e 20,5 kgfm de torque. 

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